The Beginning of the End

A porta do brechó bateu atrás de mim, e o barulho ecoou como um ponto final na conversa destrutiva com Felipe. O ar fresco da rua atingiu meu rosto quente, misturando-se com o sabor salgado das lágrimas que ainda escorriam. Minhas mãos tremiam, mas não por medo. Era raiva, um sentimento ardente e incontrolável que agora consumia cada fibra do meu ser.

Eu quero pensar primeiro, primeiro agir. Felipe não podia continuar ditando as regras da minha vida, e pela primeira vez, percebeu que era eu quem segurava as ideias dessa história.

Entrei no carro, ainda com os olhos turvos, e encostei a cabeça no volante. O mundo parecia girar ao meu redor, mas eu precisava encontrar meu equilíbrio. Respirei fundo, tentando organizar os pensamentos, quando meu celular vibrou no banco do passageiro.

Era uma mensagem.

"Você está pronto para lutar, ou vai continuar permitindo que ele vença?" - Lobo

Li as palavras várias vezes, tentando entender como ele parecia sempre saber o momento exato para aparecer. Meu "anjo sombrio", como eu o apelidara mentalmente, estava mais presente do que eu imaginava. Mas agora, suas palavras não eram um simples lembrete. Elas eram um desafio.

Peguei o celular e digitei rapidamente, minha raiva transbordando em cada palavra:

"Estou pronto. O que eu preciso fazer?"

A resposta veio quase instantânea:

"Jogue o jogo, Carol. Ele ainda acha que está no controle. Vamos mostrar que ele já perdeu."

As palavras dele soaram como música para meus ouvidos. Era isso. Felipe descobriu que me havia quebrado, mas ele não fazia ideia de que estava me reconstruindo de uma forma que ele jamais poderia destruir.

Na manhã seguinte, meu brechó estava cheio de vida. Os clientes entravam e saíam, admirando as peças impecáveis que eu sempre fazia questão de escolher a dedo. Mas por trás de cada sorriso que eu lançava, havia uma mente trabalhando incessantemente em meu plano.

Eu sabia que Felipe me observava, tentando encontrar a próxima jogada para me derrubar. Ele estava no apartamento que íamos, mas eu já não sentia aquele espaço como o meu. Agora, era apenas um campo de batalha onde eu precisava entrar qualificado.

Meu Instagram estava ativo como sempre, e decidi usar isso a meu favor. Abri uma live , algo que eu não fazia desde que toda essa tempestade havia começado.

— Bom dia, meus amores! Hoje quero conversar com vocês sobre algo muito importante: autoconfiança.

Minha voz estava firme, e meu olhar, direto. Milhares de seguidores conversaram rapidamente na transmissão, enchendo o espaço com mensagens de apoio e perguntas.

— Recentemente, passei por momentos difíceis, mas aprendi algo muito valioso: ninguém tem o poder de nos fazer sentir menos do que somos, a não ser que permitamos.

Enquanto conversamos, senti uma onda de força crescer dentro de mim. Cada palavra era como uma promessa não apenas para meus seguidores, mas para mim mesma.

Uma pergunta surgiu na tela, destacada pelos espectadores:

"Carol, você já perdoou uma traição?"

Aquela pergunta era como um soco no estômago, mas eu sabia que precisava responder.

— Perdoar é um ato poderoso, mas depende da situação. Às vezes, perdoar não significa aceitar o que foi feito, mas sim libertar-se do peso que isso coloca sobre você.

Minha voz não tremeu. Era como se eu estivesse falando diretamente com Felipe, mesmo sabendo que ele provavelmente não estava assistindo. Ou talvez estivesse.

Quando a live terminou, meu celular vibrou novamente. Era outra mensagem de Lobo.

"Continue assim. Ele está perdendo o controle."

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