The Wolf

O dia amanheceu pesado, como se o céu soubesse do peso que eu carregava no coração. Apesar de toda a dor, eu preciso continuar. Estava me preparando para sair do apartamento quando meu celular vibrou. Era uma nova mensagem do meu “Anjo Misterioso”.

"Hora de falar. Me encontre na cafeteria que você frequenta às 10h. Assinado, O Lobo."

Meu coração disparou. Ó Lobo? Quem era essa pessoa? Por que estava me ajudando? As mensagens eram diretas, mas sempre enviadas de um tom de urgência que eu não poderia ignorar. Apesar da hesitação, algo dentro de mim dizia que eu deveria ir.

Eu preciso de respostas, e, por mais arriscado que fosse, essa poderia ser a minha única chance de entregá-las.

Cheguei à cafeteria um pouco antes do horário combinado. Escolhi uma mesa no canto, de onde eu pudesse observar a porta e os movimentos ao meu redor.

Pedi um café que não demorou muito para chegar e quando o peguei minhas mãos tremiam tanto que mal consegui segurá-lo. O nervosismo dentro de mim tava me deixando inquieta…

O tempo parecia se arrastar, cada minuto uma eternidade…

Às 10h em ponto, a porta se abriu, e um homem todo de preto entrou e olhou pra mim já vindo em minha direção, juro que dava pra escultar as batidas fortes do meu coração e com ele minhas perguntas… Ele usa um terno preto, e seu olhar era tão intenso que parecia atravessar qualquer pessoa que ousasse cruzá-lo, ele parou por um momento, varreu o local com os olhos, e então veio em minha direção.

"Carol?" — ele disse, a voz baixa e firme.

Eu apenas assenti, incapaz de dizer uma palavra. Ele sentou-se à minha frente e passou a mão tirando o cabelo que escondia parcialmente seu rosto, ele é bonito não vou negar e tem uma aparência jovial, talvez esteja na casa dos 35 anos, mas havia algo em seu olhar que o fazia parecer mais velho.

—Você pode me chamar de Lobo. ele disse, sem rodeios.

—Quem é você? E por que está me ajudando?.Finalmente, reunir coragem para falar.

Ele deu um sorriso leve, mas não era um sorriso reconfortante. Era o tipo de sorriso de alguém que sabe mais do que está disposto a revelar.

—Eu sou alguém que já esteve em sua posição, Carol. Alguém que foi enganado, traído, e que quase perdeu tudo. Quando percebi o que estava acontecendo com você, decidi que não poderia ficar parado.

—Mas como você sabe tanto sobre mim? Sobre o Felipe, sobre Rayssa...?.

Ele se inclinou para frente, cruzando os braços sobre a mesa.

—Eu tenho meus métodos… Digamos que Felipe e Rayssa não são tão cuidadosos quanto pensam, mas isso não importa agora. O que importa é que você tem que entender que eles não vão parar enquanto não conseguirem o que querem. E o tempo está contra você.

Senti um calafrio percorrendo minha espinha, o Lobo sabia mais do que eu imaginava, e parecia que ele tinha informações que poderiam mudar tudo, ou seja toda a minha vida.

—E por que você está fazendo isso? O que você ganha com isso?. Querendo, tentando entender suas motivações.

Ele fez uma pausa, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado.

—Porque ninguém merece passar pelo que você está passando. Ele olhou pra mim e respirou fundo.

—Porque eu sei como é estar no meio de um jogo onde as cartas estão marcadas contra você. E porque, Carol, eu acredito que você tem algo que eles nunca terão força para se levantar e vencer.

Aquelas palavras mexeram comigo de uma forma que eu não esperava. Por mais desconfiada que estivesse, havia algo na presença dele que me fazia acreditar que ele estava falando a verdade.

Antes que eu pudesse perguntar mais alguma coisa, ele tirou um envelope do bolso e o colocou sobre a mesa.

—Leia isso quando estiver sozinha. É tudo o que você precisa para entender o que está acontecendo, mas cuidado Felipe e Rayssa estão ficando cada vez mais desesperados e você ainda não preparada pra tudo. Eles não vão hesitar em tomar medidas extremas se perceberem que você está um passo à frente .

E com isso, ele me surpreendeu.

—Espere!. Eu disse, segurando sua mão antes que ele pudesse sair. —Eu vou conseguir sair dessa?

Ele olhou para mim, e pela primeira vez, seu sorriso pareceu genuíno.

—Você já começou a sair, Carol. Só não desista agora.

E então ele levantou e foi embora, deixando-me sozinha com o envelope.

Fiz o meu percurso pra casa e nem lembro como, como um robô fazendo tudo no automático, sentei na minha cama e com as mãos trêmulas, abri o envelope. Dentro havia documentos, fotos e e-mails que confirmavam todas as suspeitas que eu tinha. Felipe e Rayssa estavam mais envolvidos em uma trama do que eu jamais poderia imaginar. Mas, no meio de toda aquela confusão, uma coisa ficou clara eu não estava mais lutando sozinha.

O Lobo me deu as ferramentas, e agora era minha vez de usá-las.

— Obrigada Lobo.

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