Go Back in Time or be reborn?

A luz branca fluorescente queimava por trás das minhas pálpebras fechadas. Minha cabeça latejava, como se tivesse sido esmagada por um peso que eu não conseguia identificar.

O som distante de vozes e passos começou a se formar ao fundo, tornando-se cada vez mais audível,quando finalmente consegui abri os olhos, a minha visão estava um pouco distorcida do teto branco e lâmpadas me fez piscar várias vezes até conseguir focar.

— Ah, finalmente acordou — disse uma voz suave e levemente animada. Uma mulher de jaleco branco, com um coque bagunçado e óculos apoiados no topo da cabeça, estava ao meu lado. — Como se sente?

Eu tentei falar, mas minha garganta estava seca. Após algumas tentativas frustradas, murmurei:

— Onde... onde estou?

— Você está na enfermaria da universidade. Sua glicose estava extremamente baixa, então você desmaiou no corredor. Ainda bem que alguém a trouxe até aqui. — A enfermeira ajeitou o cobertor que me cobria com cuidado, como se temesse me quebrar.

Tentei me sentar, mas a dor no corpo me fez recuar.

— Espere, vá com calma. Você bateu a cabeça na queda. Por sorte, não foi nada grave, mas precisa descansar.

— Queda? — repeti, confusa. — Eu caí da escada.

A enfermeira deu uma risadinha e balançou a cabeça.

— Não, querida. Você desmaiou no corredor. Talvez tenha sonhado ou se confundido, o que é comum quando se está desacordada. Você teve sorte de alguém encontrá-la tão rápido.

Minha mente girava. As imagens da escada, da luta, das mãos de Felipe... tudo parecia tão real. Meu coração começou a acelerar.

— Não... eu lembro. Eu caí... — insisti, minha voz tremendo. — Tenho certeza.

A enfermeira pegou uma prancheta e anotou algo antes de me encarar com um sorriso tranquilizador.

— Você provavelmente está confundindo as coisas. Concussões podem causar sensações muito reais. Mas garanto que foi apenas um desmaio. Um jovem trouxe você aqui; parecia bem preocupado.

As palavras dela ecoaram na minha mente. Um jovem? A lembrança nebulosa de um rosto passou rapidamente pela minha cabeça, mas eu não conseguia identificá-lo.

— Quem me trouxe? — perguntei, tentando esconder o tom de urgência.

Ela inclinou a cabeça, como se estivesse tentando lembrar.

— Ah, sim. Ele é bem conhecido por aqui. Alto, cabelos escuros, meio misterioso... Todos falam dele. Chamam-no de "O Lobo". — Ela deu um pequeno sorriso. — Parece que ele estava no lugar certo, na hora certa.

Meu coração parou por um momento. "O Lobo?" Como ele podia estar aqui? Ele sabia que eu estaria aqui? Ou... seria tudo isso uma coincidência?

— Ele disse algo? — perguntei, tentando não soar desesperada.

A enfermeira balançou a cabeça.

— Só pediu que eu cuidasse bem de você. Parecia bastante preocupado. — Ela fez uma pausa, como se analisasse minha expressão. — Você o conhece?

Eu hesitei, mordi o lábio e finalmente respondi:

— Mais ou menos...

Minha mente estava em um turbilhão. Tudo parecia surreal. Se aquilo fosse mesmo verdade, e eu realmente tivesse desmaiado, como explicar as lembranças da escada, da briga com Felipe? Eram tão vívidas que era impossível acreditar que fossem apenas um delírio. Uma sensação de desconexão tomou conta de mim, como se a linha entre sonho e realidade tivesse sido completamente apagada.

A enfermeira me observava com olhos curiosos, mas gentis.

— Você parece preocupada. Quer falar sobre isso? — ela ofereceu.

Eu balancei a cabeça, forçando um sorriso fraco.

— Não... só estou confusa. Talvez eu só precise descansar.

Ela assentiu, mas antes de sair, deixou um aviso.

— Vou buscar algo para sua dor de cabeça e já volto. Enquanto isso, tente relaxar. O pior já passou.

Fiquei sozinha na pequena sala da enfermaria. Olhei para minhas mãos trêmulas e respirei fundo. Se isso fosse realmente um recomeço, então o jogo ainda estava longe de acabar. Mas agora, mais do que nunca, eu precisava de respostas — e de reencontrar o homem que parecia estar no centro de tudo: O Lobo.

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