Ele é proibido?

Lucy, ainda fervilhando de raiva após sua discussão com Chris, caminhou com passos determinados até o quarto de Roxanna, que ficava próximo à cozinha do restaurante.

O rosto de Lucy estava furioso e suas mãos tremiam ligeiramente enquanto ela erguia a mão e bateu com força na porta.

Roxanna, abriu a porta com um sorriso gentil, surpresa com a visita inesperada.

No entanto, seu sorriso desapareceu rapidamente ao notar a expressão de fúria no rosto de Lucy. Roxanna imediatamente sentiu que a visita não era cordial, e uma sensação de apreensão tomou conta dela.

— Eu quero te avisar para não ter sentimentos por Chris. Ele é meu, e ninguém vai tirar ele de mim. - Disse Lucy, cruzando os braços enquanto seu olhar percorria Roxanna da cabeça aos pés, incapaz de disfarçar a inveja que sentia.

— O que? Você é louca, sua maluca!? - Respondeu Roxanna, genuinamente confusa com a reação de Lucy.

Lucy olhou fixamente para Roxanna, sua inveja aumentando com a percepção da beleza da outra mulher.

— Você é como Aurora! - Disse Lucy, espirrando as palavras como se fossem veneno.

Roxanna franziu o cenho, confusa com a referência.

— Quem é Aurora? - Perguntou ela, tentando entender a raiz da hostilidade de Lucy.

Lucy deu uma risada desdenhosa.

— Ninguém que te interesse. Apenas fique longe de Chris. Ele é um homem proibido. Isso não é um pedido. - Declarou ela, passando por Roxanna e esbarrou nela, quase a derrubando.

Roxanna não estava disposta a ser intimidada, então segurou forte o braço de Lucy, o rosto tão próximo da outro que poderiam sentir a raiva e tensão entre elas.

— Engula suas ameaças. Eu também não gosto de repetir: fique longe de mim, ou vai se arrepender também. - Sibilou Roxanna.

As duas mulheres se encararam, suas expressões intensas e cheias de rivalidade.

Lucy encarou Roxanna, seu olhar passando de surpresa para furioso em questão de segundos.

— Mal chegou e já está colocando as asas de fora. - Ela rosnou, a voz cheia de vingança: — Que intimidade teve com ele? Quanto ele pagou sua...

Antes que Lucy pudesse terminar sua frase, a mão de Roxanna se movimentou novamente, entregando uma forte bofetada que deixou marcas vermelhas no rosto da mulher.

Lucy ergueu a mão para revidar, mas Roxanna ergueu o rosto e a encarou com intensidade.

— Faça. - Ela disse, sua voz como aço: — Mas faça direito ou te arrasto desse quarto como cachorro.

Roxanna começou a se aproximar de Lucy, que recuou até bater as costas no guarda-roupa pequeno.

A ruiva continuou:

— Se você não consegue entender que eu não estou procurando um relacionamento desesperadamente como você, então isso significa que somos de caráter diferente.

Lucy, percebendo que o confronto não estava seguindo o caminho que ela esperava, rapidamente calculou algo em sua mente.

Sem que Roxanna notasse, Lucy colocou algo na gaveta ao lado dela e saiu do quarto bufando, um olhar triunfante em seus olhos, deixando Roxanna sozinha, confusa e preocupada com as palavras que acabara de ouvir.

Roxanna fechou a porta com força, seu coração batendo forte em seu peito.

Ela sentiu a mão que havia usado para dar o tapa esquentar, um lembrete do que ela havia feito.

A sensação não era exatamente de arrependimento, mas sim de algo próximo à satisfação.

Ela pensou que talvez devesse ter feito o mesmo com Violet. Seria uma sensação de vitória, ela refletiu, permitindo que o pensamento pairasse em seus lábios em uma expressão amarga.

Quem era essa Aurora?

A pergunta rodopiava em sua mente, forçando-a a considerar uma possível conexão entre os acontecimentos recentes e a misteriosa mulher que nunca havia visto.

Roxanna suspirou, lutando contra uma sensação de impotência.

Sem ter o que fazer no quarto, ela dirigiu-se à cozinha. Gertrudes, a cozinheira-chefe do restaurante, olhou para ela com preocupação.

— Você deveria descansar. - Disse a mulher mais velha, apontando para uma cadeira na esquina.

Roxanna balançou a cabeça, um sorriso fraco em seu rosto.

— Não consigo ficar sem fazer nada. - Ela respondeu: — Por favor, me dê algo para fazer.

Gertrudes hesitou, mas sabia que a jovem não iria desistir.

Ela suspirou e disse:

— Ok. Coloque os pratos no balcão para que o garçom possa pegar. - Ela apontou para o balcão de serviço, onde os deliciosos pratos estavam prontos para serem servidos:

— Mas não faça esforço desnecessário. - Acrescentou ela: — Se o senhor Chris perguntar, eu vou dizer que você me obrigou.

Roxanna riu suavemente, agradecida pela ajuda da mulher.

Ela começou a colocar os pedidos no balcão, seus movimentos graciosos e confiantes.

À medida que trabalhava, ela olhava pela pequena janela da cozinha, observando o restaurante lotado.

Pessoas influentes e elegantes estavam sentadas às mesas, conversando animadamente e degustando os pratos elaborados.

O ritmo de trabalho ajudou Roxanna a se acalmar, permitindo que ela se concentrasse em algo além do caos emocional que dominava a sua mente.

Enquanto organizava pratos no balcão, Roxanna parou por um momento, seu olhar perdendo foco enquanto ela se perdia em suas lembranças.

Ela se lembrava da vida de luxo que tinha vivido, os dias em que ela também era uma cliente de um restaurante VIP na cidade de Redshore, quando ainda era casada com Alessandro.

Embora ele nunca a tivesse levado a restaurantes, Roxanna mesma se presenteava com esses luxos.

O cheiro das deliciosas comidas no ar a fazia quase sentir o gosto na ponta da língua, e por um momento ela queria experimentar novamente.

A cozinha do restaurante estava animada, com a cozinheira-chefe e seus ajudantes trabalhando em harmonia para produzir pratos requintados para os clientes da sala.

O sabor e a aparência de cada pedido eram objeto de cuidado extremo, com a cozinheira finalizando cada prato com uma pitada de sal ou um toque de molho.

Após terminar os pedidos, Gertrudes se aproximou de Roxanna e lhe entregou um prato delicioso e colorido, cheio de verduras e ingredientes nutritivos para gestantes.

— Você merece. - Disse a mulher mais velha, acenando para que Roxanna sentasse em uma das mesas reservadas para o pessoal da cozinha.

— Não, eu não deveria... - Começou Roxanna, hesitante em aceitar o prato.

— Merecemos. - Insistiu Gertrudes: — Todos merecemos comer também. O senhor Chris aqui não faz distinção entre a comida dos clientes e a dos funcionários.

— Não? - Roxanna, surpresa, pegou o prato perguntando.

— Não. - Confirmou a cozinheira, sentando-se ao lado de Roxanna: — O senhor Chris abastece a sala de alimentos e diz que aqui somos uma família. E isso inclui funcionários e clientes.

Curiosa, Roxanna perguntou:

— A senhora trabalha aqui há muito tempo?

— Muito tempo. - Concordou a mulher mais velha.

Roxanna prosseguiu:

— Então a senhora também conhece essa Aurora? Quem era ela? - Ela questionou enquanto levava uma garfada na boca.

O rosto de Gertrudes caiu em desagrado e ela disse:

— Menina, é melhor não se envolver nesse assunto. É o calcanhar de Aquiles do senhor Chris. Aquela mulher destruiu um bom homem.

Todos na mesa concordaram e comeram em silêncio, enquanto Roxanna digeria a informação, percebendo que havia mais na história do que ela imaginava.

Roxanna continuou ajudando na cozinha, trabalhando lado a lado com a equipe para finalizar os últimos detalhes e limpar o espaço.

Ela se impressionou com a forma como todos trabalhavam em harmonia, mostrando um sentimento de camaradagem e dedicação ao restaurante e ao seu dono, Chris.

Quando todas as tarefas foram concluídas, Roxanna desejou uma boa noite a todos e se dirigiu para seu quarto. Enquanto caminhava pelo corredor silencioso, ela refletiu sobre a generosidade e atenção de Chris com seus funcionários.

Ela também pensou na situação em que o conheceu - quando ele a atropelou acidentalmente e pagou a dívida do hospital. Além disso, ele estava disposto a se prontificar por seus erros caso ela achasse necessário denunciá-lo.

Roxanna ficou impressionada com o senso de responsabilidade e justiça que Chris parecia carregar consigo.

Ao entrar em seu quarto, ela se sentou na beira da cama, ainda pensativa.

Roxanna não conseguia negar a admiração que sentia por Chris, apesar dos mistérios e segredos que pareciam cercá-lo.

Ela se deitou, envolvendo-se em uma mistura de pensamentos.

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