Ela saiu de cena

Quando Roxanna saiu do táxi, após dispensar o motorista particular, chegou ao cartório e entrou com determinação.

Seu objetivo era iniciar o processo de divórcio e libertar-se do controle de Alessandro.

Dentro do prédio, ela foi recebida por um rapaz responsável pelo documento de divórcio.

— Bom dia, posso ajudá-la? - Ele perguntou.

— Sim, estou aqui para iniciar meu processo de divórcio. - Roxanna respondeu com firmeza.

O rapaz pegou alguns documentos e começou a preencher os campos necessários. Durante a conversa, ele mencionou:

— A senhora sabe que conforme os trâmites do cartório, exige um período de reflexão de um mês antes do divórcio, certo?

Roxanna não hesitou e replicou:

— Sim, mas estou decidida e não quero esperar. Se vocês recusarem o meu pedido, terei que processar o cartório.

O rapaz relutou por um momento, depois concordou:

— Entendo. Nesse caso, só falta a assinatura do seu marido. Você poderia fornecer o endereço onde posso encontrá-lo?

Roxanna, aliviada, deu-lhe o endereço da empresa Vogue Vibe e de sua casa, agradecendo pelo apoio.

O rapaz garantiu que as notificações seriam enviadas e que ela seria informada sobre o andamento do processo.

— Obrigada. - Roxanna disse, pegando o documento e saíndo do cartório.

Ela chamou um táxi sem nenhum destino em mente. O seu coração batia forte no seu peito, e uma sensação de alívio e liberdade se abatia sobre ela.

Roxanna acreditava que dar o primeiro passo para se separar de Alessandro significava um novo começo na sua vida e na do seu bebê.

Ela sentia uma mistura de alívio e dor enquanto seguia sua viagem. Deixar para trás um amor que a acompanhara desde a adolescência era um golpe cruel, mas necessário para seu crescimento.

O peso das memórias, dos momentos compartilhados e dos sonhos que não se concretizaram a acompanhava como uma sombra. Cada quilômetro percorrido parecia aumentar a distância entre ela e Alessandro, mas ao mesmo tempo, trazia uma sensação de liberdade.

Enquanto isso, na casa que Roxanna deixara, o silêncio foi quebrado pelo estrondo de uma porta sendo arrombada.

Alessandro, tomado pela raiva e pela confusão, entrou gritando seu nome.

— Roxanna!!! - A urgência em sua voz revelava uma raiva profunda: o medo de perder algo que nunca entendera completamente.

Ele não queria aceitar que ela poderia realmente ter partido. O eco do seu grito ressoou na casa vazia, recebendo apenas o silêncio como resposta.

Desesperado, ele correu até o quarto dela, seus olhos se fixando nas roupas penduradas no closet. Uma onda de alívio o atingiu; ele pensou que talvez ela estivesse apenas hospedada em algum hotel e voltaria, como tantas outras vezes.

No minuto seguinte, seu celular vibrou com uma ligação de Violet.

Atendendo de forma brusca, ele não conseguiu esconder sua irritação:

— O que é?

A voz de Violet soou doce e provocante do outro lado da linha.

— Você está com raiva? - Ela perguntou com um tom coquete.

— Não. Desculpe. O que aconteceu? - Sua voz mudou para um tom mais paciente, mas ainda irritado.

Violet continuou, a preocupação na voz:

— Estou preocupada com minha reputação, Alessandro. Todos na empresa estão falando que eu destruí seu casamento. Isso me machuca muito.

Ele respirou fundo, tentando manter a calma: .

— Não se preocupe, a mamãe disse que não estávamos juntos há muito tempo. Ela vai resolver isso. - Ele sabia que as palavras eram verdadeiras, mas isso não aliviava a dor no peito.

— Ok. Você vem hoje pro meu apartamento? - A pergunta dela pairou no ar como uma proposta tentadora.

Ele olhou para seu quarto vazio e sentiu uma pontada de tristeza ao pensar em Roxanna.

— Não. Vou outro dia. - Desligou o telefone sem esperar por mais explicações.

Levantando-se da cama, ele decidiu preparar um jantar especial para quando Roxanna voltasse.

Era uma tentativa de acreditar que ela voltaria para ele.

Ela sempre voltava.

Na cozinha, o cheiro do alimento começava a preencher o ambiente vazio, mas no fundo de sua mente, ele sabia que nada poderia substituir o vazio deixado por Roxanna.

...........

Alessandro estava na sala, a luz suave da luminária lançando sombras dançantes nas paredes enquanto os seus pensamentos se aglomeravam. O seu olhar foi atraído para o relógio na parede, e ele notou que os ponteiros estavam prestes a marcar meia-noite.

O coração dele acelerou, um pressentimento de que algo não estava certo. Roxanna não tinha mais seus pais nem amigos por perto, e a ausência dela pesava sobre ele como uma nuvem escura.

Ele não tinha ideia de onde ela poderia estar, e essa incerteza o deixou inquieto.

Furioso, uma onda de frustração o invadiu. Ele começou a acreditar que Roxanna estava fazendo uma das suas muitas birras, como se estivesse testando seus limites mais uma vez.

Pegando o seu celular com determinação, Alessandro ligou para seu assistente Carlo, que atendeu imediatamente.

"Senhor..", disse Carlo, a voz dele carregada de cansaço. Mas Alessandro ignorou o tom exausto do assistente e disparou a ordem: "Descubra onde Roxanna está."

Houve um silêncio momentâneo do outro lado da linha antes que Carlo finalmente dissesse:

"Ok." Após desligar, Carlo sentiu-se tomado por um desejo ardente de xingar o seu chefe.

Como esse homem poderia deixar uma boa garota como Roxanna por Violet?

A mulher que o abandonara anos atrás parecia ser uma sombra constante na mente de Alessandro.

Era difícil entender como ele ainda se deixava levar por isso; algo claramente não estava bem com ele.

A noite arrastou-se lentamente, cada minuto parecendo uma eternidade enquanto a paciência de Alessandro se esgotava.

O clima na sala era tenso, e ele se sentia cada vez mais ansioso. Finalmente, o telefone tocou novamente e Alessandro atendeu com pressa. "Encontrou ela?", perguntou, sua voz carregada de expectativa. Mas a resposta de Carlo foi desanimadora: "Não, senhor. Verifiquei aeroporto, as estradas, trens e ônibus... nada. A senhora Selenko desapareceu."

O olhar de Alessandro ficou sombrio à medida que as palavras ecoavam na sua mente; as suas pupilas dilataram em choque e raiva.

Ele começou a acreditar que Roxanna estava dificultando as coisas para ele deliberadamente, fazendo birras como sempre fazia em momentos de crise.

A lembrança de uma ocasião específica invadiu sua mente: uma vez em que ela ligara desesperada dizendo que havia se ferido. Ele deixara uma reunião importante para encontrá-la e ao chegar em casa viu-a no sofá sorrindo, esperando por ele para assistirem a um filme romântico — um gesto inocente que o fizera perder toda a seriedade do dia.

A raiva borbulhava dentro dele enquanto olhava para aquela foto na mesa da garota que um dia fora sua amiga.

Ele odiava essa imagem dela agora; acreditava que ela se casara com ele por interesse. Afinal, ele se questionava:

Que mulher, por mais nobre que fosse, escolheria se casar com um homem inválido?

Quem aceitaria isso se não fosse por dinheiro?

Essas perguntas atormentavam sua mente enquanto a noite continuava seu curso interminável e angustiante, deixando Alessandro preso em um labirinto de emoções contraditórias.

Horas depois, Alessandro, em um momento de desespero e frustração, ligou novamente pra seu assistente e falou com um tom de determinação ao assistente: "Vire o mundo e encontre aquela mulher. Se ela acha que vai se livrar de mim tão facilmente, ela está muito enganada." , ele desligou a chamada.

Assim que desligou a chamada, a raiva tomou conta dele. Ele deu um forte chute na mesa da sala, que se partiu em pedaços sob o impacto. O barulho ecoou pela casa, refletindo a tempestade interna que ele enfrentava. Retirando a gravata com um gesto brusco, decidiu que precisava sair daquela casa, daquela situação.

Ele se dirigiu ao bar que costumava frequentar quando não queria voltar para casa. Alessandro havia até comprado um luxuoso apartamento perto do trabalho para evitar ter que encarar a Roxanna todos os dias. Agora, com Violet — seu primeiro amor — de volta em sua vida, ele se sentia dividido. Queria estar ao lado dela antes, mas não sabe porque não sente vontade de estar com ela atualmente.

Ao chegar ao bar, uma surpresa o aguardava: Violet estava no palco, sua presença iluminando o ambiente. A música que ela cantava era como um feitiço; sua voz era doce e suave como a de um rouxinol, cativando todos os clientes com a sua beleza e talento.

Quando os seus olhos se encontraram na plateia, Violet sorriu e disse:

— Essa música é para um homem que eu amo, mas é um amor proibido.

Então começou a cantar:

“Flores no jardim do nosso amor,

Cores que brilham sob o sol,

Mas os espinhos da dor nos cercam,

E o destino nos diz: ‘não pode ser só.’

Corações entrelaçados em segredo,

Sonhos despedaçados no ar,

Amor verdadeiro em silêncio vive,

Mas nunca poderá florescer.”

Alessandro observava cada movimento dela com admiração. Violet sempre fora a mulher que ele amou profundamente; seu coração pulsava com lembranças das promessas não cumpridas e dos momentos felizes que compartilharam.

Ao mesmo tempo, uma sombra pairava sobre ele ao pensar em Roxanna — sua esposa — a mulher que acreditava ter se casado com ele por interesse.

Enquanto isso, Carlo estava em uma busca frenética por Roxanna. Ele não tinha ideia de que ela havia saído do país de trem usando outro nome.

Com determinação, conseguiu a placa do táxi onde ela entrou e rapidamente contatou o motorista. Porém, o motorista informou que ela havia descido na cidade.

Roxanna sabia muito bem que o táxi seria rastreado; por isso, decidiu descer na cidade e seguir caminhando até a estação de trem, localizada a três quilômetros de distância.

Ela já havia assinado os papéis do divórcio e tudo dependia agora de Alessandro assinar também.

Roxanna não aceitaria ver sua rival desfilar feliz ao lado do homem que amava enquanto ela mesma tinha que viver escondida da sociedade.

Com uma nova vida se formando dentro dela - ela decidiu sair de cena para deixar os dois serem felizes. Determinada a proteger seu filho de um pai cafajeste, Roxanna se preparou para deixar tudo para trás.

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