Intenções de cada um

Roxanna passou três dias no hospital, envolta em uma mistura de emoções. A ansiedade e o medo da maternidade agora se transformavam em uma aceitação gradual, especialmente com Chris ao seu lado.

Ele estava sempre presente, oferecendo apoio e conselhos sobre a gravidez, ouvindo suas preocupações e celebrando cada pequena vitória. Quando finalmente chegou o dia de sua alta, uma sensação de liberdade e ansiedade a invadiu. Chris a levou para o restaurante bar que era seu orgulho e alegria, um lugar que pulsava com vida e onde ele sempre se sentiu em casa.

Ao entrarem no estabelecimento, Roxanna sentiu o cheiro familiar do café fresco e da comida caseira. Chris, com um sorriso largo no rosto, começou a apresentar Roxanna aos funcionários.

Ele se posicionou à frente do grupo, com uma postura confiante, mas também cheia de carinho.

— Oi, pessoal! Eu quero apresentar a vocês alguém muito especial. - Ele começou, olhando para Roxanna com ternura. — Esta é a Adie. Ela vai se juntar a nós na equipe e eu espero que todos a tratem como parte da nossa família Aurora. Adie é incrível e tem muito a oferecer.

Ele decidiu manter o nome falso que ela deu para preservar a identidade dela. Chris também não contou sobre a gravidez porque ela deve ser a única a anunciar no tempo dela.

Um murmúrio de curiosidade percorreu o grupo, mas uma funcionária em particular, uma morena com um olhar crítico, não pôde evitar revirar os olhos.

Ela pensou: "Quem essa Adie pensa que é? Uma aventureira para seduzir meu chefe? Como se ele precisasse disso!"

O desejo dela por Chris era evidente, ela sempre o admirou em silêncio, especialmente depois que sua ex-amiga pediu demissão ao descobrir que ela estava interessada nele que a recusou.

Chris continuou:

— Eu sei que todos vocês vão cuidar dela como cuidam de cada um aqui. Adie merece respeito e apoio enquanto se adapta ao nosso jeito de trabalhar. - Ele fez uma pausa, lançando um olhar esperançoso para todos.

Todos a cumprimentaram com um aplauso caloroso e bem-vindas sinceras

A morena decidiu que não facilitaria as coisas para Roxanna. “Vamos ver como essa ‘Adie’ realmente se sai,” ela pensou, já imaginando maneiras de dificultar sua integração na equipe.

Enquanto Chris terminava a sua apresentação, Roxanna sentiu um frio na barriga ao perceber as dinâmicas que começavam a se desenrolar à sua volta.

A energia do lugar era contagiante, mas havia uma tensão sutil no ar – algo que ela não podia ignorar.

Chris levou Roxanna para o quarto que ficava próximo à cozinha do restaurante. Ao abrir a porta, ele revelou um espaço aconchegante e bem decorado, que parecia acolhê-la com suavidade. A cama de solteiro era revestida com lençóis brancos e macios, e um edredom azul claro estava dobrado na ponta, convidando-a a se deitar e relaxar.

O quarto também tinha um banheiro privativo, que era pequeno, mas bem equipado. A pia tinha uma torneira moderna e um espelho grande acima dela refletia a luz suave que entrava pela janela. Havia uma ducha confortável, com azulejos brancos e um toque de azul nas bordas. O ar condicionado estava ligado, proporcionando uma brisa fresca que contrastava com o calor do dia.

Um frigobar estava estrategicamente posicionado em um canto, abastecido com comida que Chris tinha comprado especialmente para ela: frutas frescas, iogurtes, e algumas opções saudáveis de snacks.

Ele pensou em cada detalhe para garantir que Roxanna se sentisse em casa.

Além disso, havia uma pequena pilha de roupas em tamanho P que ele comprou, mas hesitou em mencionar o motivo por trás da escolha.

— Eu não sei seu tamanho, mas comprei tamanho P porque você... - Chris começou a dizer, mas não conseguiu terminar a frase.

Subitamente se deu conta de como isso poderia soar e como ela poderia interpretar suas palavras.

Roxanna ficou vermelha de vergonha, percebendo o olhar dele que se deteve por um instante em seu corpo.

— Não se preocupe, isso é muito por mim. - Ela respondeu rapidamente, tentando desviar a atenção da situação embaraçosa.

Ele tossiu levemente, quebrando a tensão no ar.

— Ok. Descanse um pouco. Amanhã você começa. - Chris olhou para ela com um sorriso encorajador antes de continuar: — Pedi à cozinheira que lhe trouxesse uma sopa com muitos legumes e, sua alimentação será diferente dos funcionários.

— Por que? - Roxanna franziu o cenho ao ouvir isso.

Chris abriu a porta para sair e lançou um olhar por cima do ombro:

— Porque eles não estão grávidos.

Um sorriso brincou nos lábios dele enquanto ela também ria da simplicidade da resposta.

— Ei! - Roxanna chamou enquanto ele se virava para sair.

— Sim? - Ele parou na porta.

— Valeu. Obrigada por fazer isso por mim. - Ela disse sinceramente, sentindo-se grata pela preocupação dele.

Chris assentiu modestamente.

— Qualquer um faria isso. - Respondeu ele antes de sair do quarto.

Roxanna observou a porta fechar atrás dele.

O quarto era mais do que apenas um espaço; era um símbolo de apoio e carinho em um momento tão delicado da sua vida.

Ela respirou fundo, absorvendo a tranquilidade do ambiente enquanto começava a imaginar como seria seu novo começo ali na família Aurora.

Roxanna entrou no banheiro e fechou a porta atrás de si, sentindo a privacidade que aquele espaço lhe oferecia. O ambiente era pequeno, mas acolhedor, com azulejos brancos que refletiam a luz suave. Ela olhou para o chuveiro e, com um toque de nervosismo e alívio, ligou a água. Assim que o jato quente começou a escorrer, uma onda de conforto tomou conta de seu corpo cansado.

A água caía como uma cortina suave, envolvendo-a em uma sensação revigorante. Roxanna fechou os olhos e deixou que a pressão da água aliviasse o peso dos dias que passou na rua. Era como se cada gota estivesse lavando não apenas a sujeira física, mas também as preocupações e medos que a acompanhavam. Ela se permitiu relaxar, sentindo a água escorregar por sua pele, enquanto pensava em como sua vida havia mudado em tão pouco tempo.

Agora que tinha um lugar para morar, ela sentia um calor no coração que não experimentava há muito tempo. A ideia de finalmente ter um lar ressoava dentro dela como uma melodia doce.

Com as mãos ensaboando os cabelos e o corpo, ela percebeu o quanto estava grata por estar ali, naquele momento.

Depois de se refrescar, Roxanna olhou para seu reflexo no espelho embaçado pela umidade. Seu olhar desceu até sua barriga, ainda sem sinais visíveis de crescimento – apenas um mês de gestação. Com delicadeza, ela tocou seu abdômen, sentindo uma conexão com o bebê que crescia dentro dela.

"Oii, bebê," disse ela em um sussurro suave. "Somos nós dois agora, tá bom?" A expectativa e o amor começaram a florescer dentro dela, enquanto imaginava o futuro que estava por vir.

...........

Enquanto isso, do outro lado do país, na vila Selenko em Redshore, uma discussão acalorada ecoava entre as paredes da casa de Melissa e Alessandro. Melissa olhou nos olhos dele com firmeza.

— Você tem que ser homem e assumir sua responsabilidade quando dormiu com Violet! - Sua voz era carregada de indignação.

Alessandro ergueu o seu rosto com desdém e soltou uma fumaça do charuto que segurava entre os dedos.

— Casar? Eu sou casado. Não vou me casar com outra mulher. - Respondeu ele com a arrogância típica.

Melissa não se deixou abalar pela resposta dele.

— Você vai arcar com sua responsabilidade e não vai fugir ou quer que eu tome conta da empresa? - Sua determinação era palpável no ar tenso.

Alessandro encarou sua mãe com uma expressão fria que fez seu coração acelerar.

O olhar dele era um aviso silencioso.

— Ouse me tirar do poder e sofra as consequências, Melissa.

A atmosfera entre eles estava carregada de tensão; Melissa sentia medo do olhar dele, sabendo muito bem até onde ele poderia ir para proteger seus interesses.

Melissa olhou diretamente nos olhos de Alessandro, a sua expressão carregada de uma mistura de desafio e indignação.

— Vamos ver até onde vai essa sua arrogância, Alessandro. - Ela disse, a voz firme, mas com um leve tremor que revelava a tensão da situação: — Quando Violet estiver grávida.

A menção da gravidez era como um golpe inesperado; ela sabia que isso atingiria em cheio o ego dele.

Alessandro, com um sorriso desdenhoso, zombou:

— Acha que eu permitiria que qualquer mulher carregasse um filho meu? Mesmo que eu goste dela, ela não é digna. - Suas palavras saíram como veneno, cada sílaba impregnada de desprezo.

Ele levantou-se, o movimento abrupto acentuando a gravidade da conversa.

— Se um dia ela ou alguém ousar carregar um filho meu, é melhor que eu nunca descubra.

O tom dele era cortante e autoritário, como se estivesse selando um destino sombrio.

Ele então jogou o charuto no lixeiro com desprezo e saiu da casa, deixando para trás uma atmosfera pesada.

A mãe de Alessandro ficou paralisada, impactada pela crueldade das palavras do filho.

Naquele momento, ficou claro para ela que Alessandro era como o seu pai: um homem cruel que busca apenas os seus próprios interesses.

O eco das palavras dele ainda pairava no ar, e a sensação de impotência diante daquela arrogância insuportável a consumia.

A casa ficou em silêncio.

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