Ele também tinha seus problemas

Enquanto o tempo passava lentamente na enfermaria, Adie começou a refletir sobre sua situação. Ela estava grata pela gentileza de Chris e seu apoio inesperado.

Mesmo tendo dado um nome falso, o risco de Alessandro ou alguém ligado a ele a encontrar ainda pairava sobre sua cabeça. Ela sentia-se vulnerável, mas também determinada a recomeçar sua vida longe do controle de seu marido.

Quando Chris finalmente retornou ao hospital, trouxe consigo algumas roupas e itens de higiene básicos. Ele se aproximou dela com um sorriso caloroso, perguntando:

— Tudo bem aqui?

Ela retribuiu o sorriso e agradeceu-o pelos itens. Sentindo a necessidade de ser mais honesta com ele, ela decidiu revelar algo sobre sua situação.

— Eu... eu queria te dizer que não sou realmente Adie. O meu nome é Roxanna. Roxanna Rasmussen. - Ela hesitou, observando a reação de Chris.

Ele acenou com a cabeça em reconhecimento, um leve brilho de compreensão em seus olhos.

— Entendo. Você tem as suas razões para não confiar em mim imediatamente. Mas agradeço-lhe por compartilhar o seu nome verdadeiro comigo, Roxanna.

Eles compartilharam um breve momento de silêncio, apreciando a sinceridade recíproca.

Ela sentiu-se aliviada por ter sido honesta com Chris e por sua receptividade.

Roxanna, após considerar cuidadosamente as opções disponíveis, decidiu aceitar a oferta de Chris ao trabalhar no seu bar e restaurante, Aurorabyer. Ela observou atentamente o homem colocar as coisas no sofá e, com uma expressão determinada, disse:

— Eu aceito a sua oferta.

Chris parou de arrumar os seus pertences e virou-se para encará-la, um pouco surpreso com a sua decisão.

— Aceita?

Roxanna assentiu e continuou, mostrando que havia condições à aceitação:

— Mas eu quero que você desconte do meu salário mensal tudo o que você já gastou comigo. Essa é a minha condição, sem concessões.

Chris sorriu vagamente, parecendo concordar com sua exigência.

— Certo, suas regras. - Sua expressão ficou mais séria quando acrescentou: — Mas eu quero que você também cuide do seu bebê. Não se desgaste e eu vou me certificar de que você não trabalhe demais. Dizem que os primeiros meses são mais propensos a aborto.

Roxanna ficou surpresa com as informações que Chris parecia conhecer sobre gravidez. Ela se questionou como seria diferente se Alessandro fosse mais como Chris, aparentemente tão preocupado e informado sobre a gestação. Ela não conseguiu deixar de perguntar:

— Como você sabe tanto sobre gravidez? Já foi pai?

A expressão de Chris mudou, se tornando mais reservada e cautelosa.

— Existem coisas que eu não falo com desconhecidas. Na verdade, eu entendo que você precise ocultar quem você realmente é; deve ter seus motivos, e eu respeito isso. Todos nós temos segredos. - Seus olhos se fixaram nos dela: — Mas no meu caso, eu também não conheço você o suficiente para contar sobre mim. Apenas me veja como seu chefe.

Roxanna analisou a resposta de Chris e entendeu que ele também tinha seus próprios segredos e motivos para manter uma certa distância emocional.

Ela olhou para o homem enquanto ele retomava sua organização dos pertences sobre o sofá da enfermaria, pensando que seria interessante trabalhar ao lado de alguém tão cauteloso e ao mesmo tempo generoso.

Nesse momento, a doula entrou na sala e, com gentileza, pediu que Chris saísse para que pudesse conversar com Roxanna sobre o seu plano de cuidados.

Chris concordou e saiu, deixando as duas sozinhas.

A doula se aproximou de Roxanna e comentou com um sorriso afetuoso:

— O pai do bebê deve amar muito você. Ele pediu que eu fosse muito atenta com você e o bebê.

Roxanna ficou envergonhada e hesitou antes de responder:

— Não... Ele não é o pai. É apenas um bom amigo.

A doula se desculpou rapidamente, percebendo que talvez tivesse cometido um erro.

— Desculpe, eu acho que cometi um erro. - Ela disse, tentando remediar a situação: — Enfim, o importante é que eu estarei aqui para ajudá-la durante toda a sua gestação.

Roxanna sorriu timidamente e agradeceu.

A doula sentou-se ao lado da cama e começou a explicar seu papel durante a gravidez.

— Como doula, eu estarei aqui para oferecer apoio emocional e prático para você. Vou lhe acompanhar em consultas médicas, ajudar com exercícios e técnicas de respiração para o trabalho de parto, além de orientá-la sobre o processo de amamentação.

Roxanna, sentindo-se mais à vontade, perguntou:

— Eu posso contar com você para responder a todas as minhas dúvidas?

A doula confirmou com uma expressão confiante:

— Claro! Estou aqui justamente para isso. Quero que você se sinta segura e preparada durante toda a sua jornada até o nascimento do seu bebê.

Roxanna sentiu-se aliviada e agradeceu pela presença e apoio da doula, esperando que a sua ajuda fosse suficiente para lidar com os desafios da gravidez sem depender do apoio de ninguém.

Enquanto isso, Chris segurava seu celular com uma expressão tensa. Ele estava no meio de uma conversa com Bryan, um investigador particular que contratara há sete anos, e sua voz era uma mistura de desespero e determinação.

"Eu não me importo com o quanto você gastar das minhas economias. Apenas encontre ela. Eu estou procurando por ela há sete anos, Bryan!"

Do outro lado da linha, Bryan tentou se explicar:

"Eu sei, Chris, mas não é fácil. Como podemos encontrar alguém que você nem sabe se..."

Chris o interrompeu, impaciente com a falta de resultados: "Faça seu trabalho."

Ele desligou o celular em seguida, com a esperança de que sua insistência motivasse Bryan a redobrar os esforços para encontrar a pessoa que ele procurava há tantos anos.

Chris colocou o celular na mesa e olhou para a tela de seu celular, assistindo ao papel de parede aparecer. Era uma imagem do seu estabelecimento, Aurorabyer, iluminado pelo brilho do sol.

Como muitas vezes acontecia, ele se perdeu em suas memórias, pensando no passado, em como ele havia sido feliz ao lado da pessoa que agora procurava desesperadamente.

Ele suspirou profundamente e sussurrou para si mesmo: "Um dia eu a encontrarei. Não vou parar até que isso aconteça."

Enquanto ele olhava a imagem, o sol começava a se pôr, sinalizando o fim de mais um dia sem respostas, e Chris se encostou na parede gelada do hospital, escondendo sua tristeza atrás de um sorriso gentil.

Chris olhou para o corredor do hospital, perdido em seus pensamentos.

Ele lembrou da jovem mulher que ele atropelou, Roxanna, e como ela parecia fraca e pálida naquele momento.

Apesar de não ser seu costume interferir na vida alheia, Chris sentiu uma forte necessidade de ajudá-la, consciente de que ela também precisava de apoio e orientação.

Roxanna aparecera em sua vida quando ele mais precisava de um motivo para não desistir da busca pela pessoa que ele perdera há anos.

Ajudar Roxanna o fez se sentir mais útil e conectado com o mundo emocional das pessoas, o que era algo que ele havia evitado durante sua prolongada busca.

Essa incerteza o corroía por dentro, e a busca incessante por ela havia se tornado um vazio que ele não conseguia preencher.

Ao ver Roxanna sozinha, grávida e com medo, Chris questionou se ele realmente estava fazendo o suficiente para encontrar essa pessoa.

Talvez estivesse na hora de mudar sua abordagem e ampliar a busca, não importando o custo financeiro ou emocional que isso pudesse exigir.

Enquanto esses pensamentos o assolavam, Chris parou por um momento no meio do corredor, fechou os olhos e respirou fundo. Ele sabia que precisava de forças para continuar sua busca e, ao mesmo tempo, ajudar Roxanna.

Com isso em mente, Chris se recompôs e colocou seu sorriso como sempre fazia, mesmo que seu coração e pensamentos estivessem em frangalhos.

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