O Beijo que Quebra Barreiras

A sala estava envolta em um silêncio pesado.

O ar parecia ter se tornado mais denso à medida que os minutos passavam, como se o tempo tivesse desacelerado em sua presença. Alex estava ali, parado à sua frente, com os olhos fixos em Amélia, mas ele não parecia mais o mesmo homem arrogante e distante que ela havia conhecido no início.

Algo havia mudado, e Amélia podia sentir a diferença no ar.

Ela, por outro lado, tentava se controlar. O coração batia forte, as mãos um pouco trêmulas, e uma sensação quente percorria sua espinha sempre que ele se aproximava. Ela tentava se afastar dessas emoções, manter o controle sobre si mesma, mas a verdade era que, quanto mais tempo passava ao lado de Alex, mais ela sentia que suas defesas estavam se enfraquecendo.

Amélia não sabia exatamente o que acontecia entre eles. Ele era difícil, impenetrável e, em muitos momentos, parecia um homem sem coração. Mas, ao mesmo tempo, havia algo nele que a atraía, algo que despertava uma curiosidade irresistível. Quando ele olhava para ela, seus olhos não eram mais apenas desdenhosos ou superiores. Havia um brilho ali — uma necessidade silenciosa que, de alguma forma, ecoava a dor que ela sentia dentro de si.

— Você realmente me faz questionar tudo, Amélia — a voz de Alex interrompeu o silêncio. Ele estava mais próximo agora, e ela podia ouvir a tensão em suas palavras.

A distância entre eles parecia estar diminuindo a cada segundo.

Amélia olhou para ele, tentando controlar o turbilhão de emoções que a invadiam. As palavras dela saíram mais suaves do que o esperado, quase como um sussurro:

— Eu... Eu não sei o que você espera de mim, Alex. Não sei o que está acontecendo entre nós. Não sei o que você sente. Eu... eu não sou o tipo de mulher que se entrega assim, sem mais nem menos. — Ela deu uma pausa, sentindo a vulnerabilidade tomar conta de si.

Alex ficou em silêncio por um momento, observando-a como se tentasse desvendar algum mistério profundo dentro dela. Ela podia ver que ele estava lutando com as próprias emoções, mas havia algo ali, uma tensão entre os dois, que estava prestes a explodir.

— Eu... Eu não sei o que sinto, Amélia — ele disse finalmente, sua voz rouca, carregada de uma sinceridade que ela não esperava. Ele deu um passo mais próximo, tão perto agora que ela podia sentir o calor de seu corpo, a energia que emanava dele. — Mas eu sei que não posso mais ignorar isso. Não posso mais continuar fingindo que não sinto nada. Não posso continuar escondendo o que está acontecendo aqui.

Amélia engoliu em seco, seus olhos fixos nos dele. Aquelas palavras, ditas com tanta honestidade, mexeram com ela de uma forma que ela não soubera como reagir.

Ela sentia o mesmo, mas era tão difícil admitir.

Ela havia se mantido distante por tanto tempo, sempre tentando controlar suas emoções, tentando proteger seu coração. Mas Alex a desarmava, sem querer, a cada palavra, a cada gesto.

— Eu não sei o que fazer com isso — ela respondeu, sua voz falhando um pouco. — Não sei o que fazer com o que sinto por você. Você é tão... diferente de tudo o que imaginei.

O olhar de Alex suavizou, e ele levantou uma das mãos, tocando suavemente o rosto dela. O toque, embora leve, fez o coração de Amélia acelerar, como se ele tivesse tocado a parte mais sensível dela. Ela fechou os olhos por um momento, absorvendo o contato, sentindo a tensão de ambos se tornar quase palpável.

— Não precisa fazer nada, Amélia — ele sussurrou, sua respiração mais pesada agora. — Só... me permita te mostrar. Me permita te mostrar o que está dentro de mim.

Amélia abriu os olhos lentamente, e antes que ela pudesse pensar em se afastar, ele a puxou para mais perto.

A proximidade deles era inebriante, e o calor entre os dois parecia crescer mais a cada segundo. O toque de Alex era firme, mas, ao mesmo tempo, suave, como se ele estivesse tentando se controlar, mas não conseguisse mais resistir.

E então, sem mais palavras, ele se inclinou em direção a ela.

O mundo ao redor deles desapareceu naquele instante, como se não houvesse mais nada além de seus corpos, suas respirações, a atração irresistível que se impossibilitara de ignorar. Quando seus lábios finalmente se tocaram, foi como uma explosão silenciosa. O beijo foi suave no começo, cauteloso, como se ambos estivessem testando os limites dessa nova conexão.

Mas logo, a intensidade cresceu, e o beijo se tornou mais profundo, mais urgente.

Amélia se entregou ao toque de Alex, fechando os olhos e sentindo o mundo se desvanecer à medida que ele a envolvia em seus braços.

Cada movimento parecia mais natural do que o anterior, como se aquele beijo fosse a única coisa que realmente fazia sentido naquele momento. Ela sentia a força dele, a maneira como ele a segurava como se não quisesse soltá-la, e, ao mesmo tempo, sentia uma suavidade nele, uma vulnerabilidade que ele raramente mostrava.

O beijo entre eles não era apenas uma troca de lábios, mas uma troca de sentimentos, de tudo o que eles haviam escondido por tanto tempo.

Era um grito silencioso de desejo, de confusão, de necessidade. Era o momento em que as defesas de ambos se desfaziam, e, pela primeira vez, eles se permitiam ser humanos, se permitiam ser vulneráveis um diante do outro.

Quando finalmente se separaram, ambos estavam ofegantes, com os rostos próximos, os olhos ainda fechados. O silêncio entre eles era carregado de uma energia palpável, algo que nem eles conseguiam entender completamente.

Amélia abriu os olhos lentamente, ainda sentindo os efeitos do beijo, e olhou para Alex. Ele parecia tão perdido quanto ela, mas, ao mesmo tempo, havia algo de diferente em seu olhar.

Ele estava ali, sem as barreiras que ele costumava manter, sem a máscara de CEO implacável. Ele estava, finalmente, ali como um homem. E ela estava ali, também, como mulher, com todos os seus medos e desejos.

— Eu não sei o que isso significa — ela disse, sua voz baixa, mas cheia de emoção. — Eu não sei o que vem depois.

Ele a olhou nos olhos, um sorriso suave, mas cheio de compreensão, se formando em seus lábios.

— Não precisa saber, Amélia — ele respondeu suavemente. — Não precisamos de respostas agora. Só precisamos de tempo.

E naquele momento, os dois sabiam que estavam prestes a embarcar em algo que mudaria suas vidas para sempre. Algo que os desafiaria, que os faria questionar tudo o que haviam conhecido até então. Mas, por mais assustador que fosse, ambos estavam prontos para descobrir o que o futuro reservava.

E, naquele beijo, os dois haviam encontrado um começo.

Um começo incerto, mas, ao mesmo tempo, inesquecível.

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