o herdeiro das tumbas perdidas

Capítulo 17: O Chamado do Guardião

A tumba estava mais fria do que Kian lembrava. Ele parou por um momento, permitindo que seus olhos se ajustassem à escuridão. A luz da tocha tremulava em suas mãos, lançando sombras que dançavam nas paredes esculpidas com runas antigas. O ar ali dentro era denso, carregado com um cheiro de ferro e algo mais — algo que parecia vivo.

— Estamos sendo observados — murmurou Aelin, sua companheira de jornada, enquanto apertava o cabo de sua adaga.

Kian não respondeu. Ele também sentia os olhos invisíveis sobre eles, como se as próprias paredes da tumba estivessem avaliando sua presença.

— Não podemos voltar agora — disse ele, a voz firme. — O guardião está próximo.

Aelin revirou os olhos.

— Sempre tão otimista. Espero que saiba o que está fazendo.

Kian riu baixo.

— Não, mas quando soube?

Eles avançaram pelo corredor estreito, os passos ecoando como sussurros contra a pedra. As runas nas paredes começaram a brilhar fracamente, uma luz azul que pulsava em sincronia com seus corações. Aelin parou abruptamente.

— Está vendo isso? — perguntou, apontando para uma das runas.

Kian assentiu.

— É um aviso. Os antigos adoravam colocar enigmas antes das câmaras principais.

Ele se ajoelhou diante da parede, observando os símbolos que se reorganizavam diante de seus olhos. As palavras que formaram eram claras, mas enigmáticas:

"Para avançar, sacrifique o que mais teme perder."

Aelin cruzou os braços.

— E o que exatamente isso significa?

Kian passou a mão pelo cabelo, frustrado.

— As tumbas sempre têm um preço.

Ela balançou a cabeça.

— Claro, porque nada pode ser fácil com você.

Antes que ele pudesse responder, um som profundo reverberou pelo corredor, como um rugido vindo de um lugar distante. Ambos se viraram, as armas prontas.

— O guardião... — murmurou Kian.

A criatura surgiu das sombras como se fosse uma extensão da própria escuridão. Seus olhos brilhavam com um vermelho intenso, e sua forma era difícil de distinguir, como se estivesse sempre mudando, sempre adaptando-se ao medo daqueles que o enfrentavam.

— Esse é o nosso sacrifício? — perguntou Aelin, tentando manter a voz firme.

Kian ergueu sua espada, a lâmina cintilando com a luz da tocha.

— Não. É a prova.

O guardião avançou com uma velocidade impossível, e Kian mal teve tempo de erguer a lâmina para bloquear o golpe. O impacto o lançou contra a parede, arrancando o ar de seus pulmões.

— Kian! — gritou Aelin, avançando com sua adaga.

A lâmina dela encontrou a carne do guardião, mas não o deteve. A criatura girou, desarmando-a com um único movimento. Aelin caiu no chão, ofegante.

— Não podemos derrotá-lo assim — disse Kian, levantando-se com dificuldade.

— Então qual é o plano? — perguntou ela, recuando enquanto o guardião se aproximava lentamente.

Ele olhou para a runa na parede, a mensagem ainda brilhando intensamente.

— O sacrifício...

Aelin o encarou, perplexa.

— Não está pensando...

— É a única maneira.

Sem esperar por uma resposta, Kian cortou a palma da mão com a lâmina e pressionou o sangue contra a runa. A luz azul se intensificou, iluminando o corredor inteiro. O guardião parou, como se tivesse sido paralisado.

— O que você fez? — perguntou Aelin, ainda no chão.

Kian se virou para ela, o rosto pálido.

— Ofereci o que mais temo perder.

Antes que ela pudesse responder, o chão sob eles começou a tremer. A parede diante de Kian se abriu, revelando uma passagem secreta.

— Vamos — disse ele, ajudando-a a se levantar.

— Isso não parece uma boa ideia — respondeu ela, mas seguiu-o de qualquer maneira.

A passagem os levou a uma câmara ampla, iluminada por uma luz dourada que emanava de um pedestal no centro. Sobre ele, repousava um artefato que parecia pulsar com energia própria: uma esfera dourada, envolta em runas que giravam lentamente ao redor dela.

— O Coração do Imperador — murmurou Kian, quase em reverência.

Ele deu um passo à frente, mas Aelin o segurou pelo braço.

— Espere. Não acha que é... fácil demais?

Kian sorriu.

— Nada aqui foi fácil.

Ele se aproximou do pedestal, estendendo a mão para a esfera. No momento em que seus dedos tocaram o artefato, uma onda de energia percorreu a câmara, derrubando os dois no chão.

A voz que ecoou não era humana, mas algo antigo, cheio de poder.

— Você ousa despertar o Coração do Imperador? —

Kian se levantou, ainda segurando a esfera.

— Não vim aqui para roubar. Vim para usá-lo.

A luz dourada ao redor do artefato começou a envolvê-lo, como se estivesse avaliando sua alma.

— Você é digno? — perguntou a voz.

Kian hesitou por um momento, mas então respondeu:

— Não sei. Mas preciso tentar.

A energia ao redor do artefato se dissipou, e a voz desapareceu. Kian olhou para Aelin, que parecia tão perplexa quanto ele.

— Acho que conseguimos — disse ele, ainda segurando a esfera.

Mas, no fundo de sua mente, ele sabia que aquilo era apenas o começo.

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