o herdeiro dás tumbas perdidas

Capítulo 16: O Guardião Esquecido

Kian respirava com dificuldade enquanto descia o longo corredor de pedra. O ar parecia pesar a cada passo, como se o próprio espaço ao seu redor quisesse impedi-lo de continuar. As runas que cobriam as paredes brilhavam fracamente, emanando uma energia antiga que fazia seus pelos se arrepiarem.

— Está tudo bem? — perguntou Lira, sua aliada inesperada. Ela segurava uma lâmpada mágica que iluminava o caminho à frente, mas seus olhos demonstravam preocupação. — Se quiser voltar, eu não vou culpá-lo.

— Voltar? — Kian soltou uma risada seca, ajustando a lâmina embainhada em sua cintura. — Essa palavra não faz parte do meu vocabulário.

Ela não respondeu de imediato, apenas apertou os lábios e continuou andando ao lado dele. Lira sabia que, por trás daquela fachada de confiança, Kian estava no limite. O que tinham enfrentado até agora nas profundezas da Tumba de Garel já seria o suficiente para fazer qualquer caçador experiente desistir. Mas Kian era diferente. Ele tinha um objetivo que ia além de qualquer tesouro — e uma teimosia que o fazia desafiar até os próprios deuses.

Quando chegaram ao final do corredor, uma porta monumental os aguardava. Era feita de um metal escuro e polido, com símbolos gravados que pareciam pulsar à medida que se aproximavam. No centro, um desenho de uma criatura com três cabeças — uma serpente, um leão e um dragão — olhava para eles, como se estivesse viva.

— É aqui. — Lira murmurou, colocando a mão sobre a lâmpada para diminuir a luz. — O Guardião deve estar atrás dessa porta.

— E o artefato também. — Kian completou, inclinando a cabeça para estudar os detalhes da porta. Ele passou os dedos pelas runas, sentindo o calor que emanava delas. — Não é apenas uma porta. É um selo.

— O que isso significa?

— Significa que não podemos simplesmente abrir. Precisamos de... — Ele foi interrompido por um som baixo e profundo, como o rosnar de uma fera distante.

A porta começou a se mover.

Lira deu um passo para trás, instintivamente levantando sua lâmpada mágica. Kian, no entanto, permaneceu imóvel, observando enquanto o metal rangia e se separava, revelando a escuridão além. Uma névoa espessa saiu pela abertura, cobrindo seus pés e espalhando-se pelo corredor.

— Que ótimo. — Kian murmurou, puxando sua lâmina da bainha. — O Guardião nos ouviu.

O silêncio que se seguiu foi tão denso que Lira podia ouvir as batidas aceleradas de seu próprio coração. Então, algo se moveu na escuridão.

— Prepare-se. — Kian avisou, assumindo uma postura defensiva.

Do outro lado da porta, um par de olhos amarelos brilhou, seguido por outro, e depois outro. A criatura que emergiu tinha três cabeças, exatamente como o desenho na porta, mas era ainda mais grotesca do que Kian imaginava. A cabeça da serpente sibilava, cuspindo veneno que queimava o chão. A cabeça do leão rugia, mostrando presas que pareciam capazes de partir aço. E a cabeça do dragão...

— Ele vai cuspir fogo! — Lira gritou, agarrando o braço de Kian e puxando-o para o lado.

Uma torrente de chamas atingiu o corredor, iluminando o ambiente em tons de vermelho e laranja. Kian rolou para o lado, protegendo-se atrás de uma das colunas que sustentavam o teto.

— Alguma ideia brilhante? — Lira perguntou, tentando recarregar seu arco mágico enquanto mantinha os olhos fixos na criatura.

— Trabalhando nisso. — Kian grunhiu, olhando ao redor. Sua mente trabalhava rápido, analisando o ambiente e os pontos fracos da criatura.

A cabeça da serpente era rápida, mas parecia vulnerável quando atacava. A do leão era forte, mas lenta. Já a do dragão... Ele precisaria de algo mais do que sua lâmina para lidar com aquilo.

— Lira! — ele gritou. — Preciso que distraia a cabeça do dragão!

— Distraí-lo? Você está louco?

— Só faça isso!

Ela hesitou por um momento, mas acabou obedecendo. Levantando o arco, Lira disparou uma série de flechas de energia diretamente na cabeça do dragão. A criatura rugiu, desviando sua atenção para ela.

Kian aproveitou a oportunidade para avançar. Ele se moveu rápido, deslizando pelo chão e atacando a cabeça da serpente com um corte preciso. O golpe foi certeiro, e a cabeça caiu, soltando um último silvo antes de desaparecer em uma nuvem de fumaça negra.

— Uma já foi! — ele gritou, voltando sua atenção para a cabeça do leão.

O rugido da criatura foi ensurdecedor, mas Kian não recuou. Ele sabia que precisava ser mais rápido do que ela. Saltando para o lado, ele esquivou de uma mordida e desferiu outro golpe.

Lira, por outro lado, estava em apuros. A cabeça do dragão tinha se recuperado e agora cuspia fogo em sua direção. Ela correu, tentando se proteger atrás das colunas, mas sabia que não poderia manter aquilo por muito tempo.

— Kian! Eu preciso de ajuda!

— Quase lá!

Com um último esforço, ele atacou a cabeça do leão, perfurando sua garganta com a lâmina. A criatura recuou, soltando um rugido de dor antes de desaparecer, assim como a cabeça da serpente. Agora restava apenas o dragão.

Kian olhou para Lira e acenou com a cabeça.

— Juntos.

Ela sorriu, mesmo enquanto lutava para recuperar o fôlego.

— Sempre soube que você gostava de finais dramáticos.

Combinando suas forças, os dois atacaram a cabeça do dragão. Lira disparou uma última flecha diretamente nos olhos da criatura, cegando-a momentaneamente. Kian aproveitou a oportunidade para pular sobre ela, fincando sua lâmina diretamente no crânio.

O dragão soltou um último rugido antes de cair, seu corpo se desintegrando em poeira negra.

O silêncio voltou ao corredor.

— Conseguimos. — Lira disse, caindo de joelhos.

Kian se aproximou da porta, agora completamente aberta. No centro da sala, um pedestal iluminado emanava uma luz dourada. Sobre ele, repousava um artefato que parecia pulsar com energia própria.

— O Coração do Imperador. — Kian sussurrou, estendendo a mão.

Mas antes que pudesse tocá-lo, uma voz ecoou pela sala:

— Você passou pelo Guardião, mas não pelo verdadeiro teste.

Kian e Lira se viraram, alarmados. Da escuridão, uma figura encapuzada surgiu, seus olhos brilhando com uma luz sinistra.

— Quem é você? — Kian perguntou, colocando-se entre Lira e a figura.

— Eu sou o que resta deste lugar. — a voz respondeu. — E agora, herdeiro, você deve provar que é digno de carregar este poder.

Kian apertou os punhos. Ele sabia que o pior ainda estava por vir.

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