o herdeiro dás tumbas perdidas

Capítulo 10: O Guardião da Tumba Esquecida

O ar dentro da caverna era denso e sufocante. As paredes refletiam a luz das tochas de Kian como se fossem feitas de vidro negro. Ele caminhava lentamente, sentindo os ecos de cada passo reverberando na escuridão. Atrás dele, Liora o seguia em silêncio, seu arco sempre à mão.

— Tem certeza de que é aqui? — perguntou ela, sua voz baixa como um sussurro.

Kian parou por um momento, observando os desenhos entalhados na pedra. Eles retratavam cenas de guerra, figuras mascaradas e algo que parecia um grande trono vazio. Seu dedo traçou as linhas dos entalhes enquanto ele murmurava:

— É aqui. Não há dúvidas.

Liora deu um passo à frente, seus olhos escaneando os corredores que se ramificavam à frente.

— Esta tumba é diferente das outras. Nenhum guardião até agora… —

Kian a interrompeu, sua voz carregada de algo que parecia ser um pressentimento.

— Porque este guardião não é como os outros. Ele não protege tesouros. Ele protege segredos.

Liora ergueu uma sobrancelha.

— E isso deveria me deixar mais tranquila?

Kian não respondeu. Ele sabia que palavras não ajudariam. Desde que haviam entrado na Tumba do Primeiro Rei, algo dentro dele estava em conflito. O poder que ele carregava parecia reagir ao lugar, como se a própria tumba o reconhecesse.

— Fique atenta. Vamos em frente.

Eles seguiram por um corredor estreito, cujas paredes pareciam vivas, pulsando com um brilho fraco. Cada passo os levava mais fundo, e com isso, o frio parecia aumentar. Finalmente, chegaram a uma sala ampla, seu teto tão alto que desaparecia na escuridão.

No centro da sala havia um pedestal, e sobre ele repousava um orbe prateado que parecia irradiar uma energia poderosa. Kian aproximou-se cautelosamente, mas parou de repente.

— Não se mexa! — gritou ele, estendendo o braço para impedir Liora de avançar.

Uma sombra começou a emergir do chão, formando a silhueta de uma figura humanoide coberta por uma armadura negra e uma capa feita de fumaça. O ar ficou ainda mais pesado, e uma voz grave ecoou pela sala:

— Quem ousa invadir a tumba do Esquecido?

Kian apertou os punhos.

— Eu sou Kian Sorel, o herdeiro das tumbas. Estou aqui para reclamar o que me pertence por direito.

A figura riu, um som áspero que ecoou como mil lâminas se chocando.

— Herdeiro? Que presunção! Muitos vieram antes de você com essas mesmas palavras… e todos pereceram.

A sombra avançou, a cada passo parecendo absorver a luz da sala. Liora rapidamente ergueu seu arco, disparando uma flecha que se perdeu na escuridão do corpo do guardião.

— Isso não vai funcionar! — gritou Kian, puxando Liora para trás.

— E o que vai? — ela respondeu, já preparando outra flecha.

Kian fechou os olhos por um momento, concentrando-se no poder que pulsava dentro dele. Ele sabia que a única forma de derrotar aquele guardião era usar o mesmo tipo de energia que ele protegia.

— Você quer me testar? — gritou Kian para a figura. — Então, venha!

O guardião investiu contra ele, sua espada negra cortando o ar. Kian desviou por pouco, sentindo a lâmina passar perigosamente perto de sua cabeça. Ele contra-atacou com uma adaga, mas o metal parecia atravessar o corpo do guardião sem causar dano algum.

Liora continuava disparando flechas, mas nenhuma parecia surtir efeito.

— Isso é inútil! — ela gritou.

Kian olhou para o orbe no pedestal.

— O orbe… é a fonte dele. Precisamos destruí-lo.

— E como você pretende fazer isso com esse monstro em cima de nós?

— Me dê cobertura!

Liora hesitou por um momento, mas então deu um passo à frente, lançando uma chuva de flechas enquanto gritava:

— Vamos ver se você consegue me pegar, sombra estúpida!

O guardião virou-se para ela, avançando com sua espada em um movimento rápido. Kian aproveitou a distração para correr em direção ao pedestal. Ele sentiu o poder do orbe pulsando mais forte a cada passo, quase como se tentasse repelí-lo.

Quando finalmente alcançou o pedestal, estendeu a mão para o orbe. A energia era quase insuportável, queimando sua pele enquanto ele tentava segurá-lo.

— Kian! — gritou Liora.

Ele se virou a tempo de ver o guardião atacando Liora, sua espada descendo em um arco mortal.

— Não!

Sem pensar, Kian canalizou toda a energia que conseguia reunir e a direcionou para o orbe. Uma explosão de luz preencheu a sala, cegando tudo e todos.

Quando a luz desapareceu, Kian estava de joelhos, respirando com dificuldade. O guardião havia desaparecido, e o orbe estava partido em pedaços. Liora aproximou-se, cambaleando, mas aparentemente ilesa.

— O que foi isso? — ela perguntou, a voz trêmula.

Kian segurou um dos fragmentos do orbe, sentindo o poder residual que ainda emanava dele.

— Um segredo. E acho que acabamos de descobrir apenas o primeiro de muitos.

Liora o ajudou a se levantar, olhando para os fragmentos com cautela.

— Espero que valha a pena.

Kian sorriu, mas havia algo sombrio em seus olhos.

— Vai valer. Ou vai nos destruir.

E com isso, os dois deixaram a sala, carregando mais perguntas do que respostas.

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