Capítulo 14: O Enigma das Sombras
A luz da tocha tremulava enquanto Kian Sorel descia lentamente os degraus íngremes da Tumba dos Três Reis. O ar estava pesado, carregado com o cheiro de umidade e algo mais... algo podre.
— Não gosto disso. — Ele murmurou, os olhos fixos nas paredes adornadas com runas brilhantes que pulsavam em tons de azul e roxo.
Atrás dele, Lyra, a arqueóloga rebelde que havia insistido em acompanhá-lo, segurava sua própria tocha com uma expressão de fascínio misturada com inquietação.
— Essas runas... são diferentes. Não apenas símbolos. Elas estão... — Lyra hesitou, inclinando-se mais perto para analisá-las. — Vivendo.
— Maravilhoso. — Kian bufou, mas seu tom estava longe de ser desdenhoso. Ele sabia o que significava encontrar runas "vivas". Algo dentro daquela tumba estava esperando, e não seria fácil lidar com isso.
Enquanto caminhavam mais fundo no corredor, o som de passos ecoava ao redor deles, mas o barulho não parecia ser apenas o deles. Kian parou abruptamente e ergueu uma mão.
— Você ouviu isso? — Ele sussurrou.
Lyra congelou, segurando a respiração. O silêncio que se seguiu foi ainda mais assustador. Então, de repente, o som voltou: um arrastar lento, como algo raspando as paredes, aproximando-se deles.
— Acho que não estamos sozinhos. — Lyra engoliu em seco, recuando instintivamente para mais perto de Kian.
Ele puxou sua lâmina curta, o metal brilhando levemente com a luz das tochas. O que quer que estivesse se movendo ao redor deles, não era humano.
— Fique atrás de mim. — Kian ordenou.
O corredor à frente se abriu em uma câmara gigantesca. O teto estava coberto de cristais que emanavam uma luz fantasmagórica, iluminando um trono no centro da sala. Sentado nele estava uma figura encapuzada, imóvel como uma estátua.
— O último rei... — Lyra sussurrou, com uma reverência involuntária na voz.
Kian, no entanto, não parecia impressionado. Ele sabia que aquele "rei" não era nada além de uma armadilha.
— Não se aproxime. — Ele avisou, mas era tarde demais.
O chão sob seus pés começou a tremer, e as runas nas paredes brilharam intensamente. A figura no trono ergueu a cabeça lentamente, revelando um rosto esquelético, os olhos brilhando com uma luz púrpura.
— Intrusos... — A voz era grave, reverberando por toda a câmara. — O que procuram nas terras dos Três Reis?
— Nada que você deva se preocupar. — Kian respondeu com sarcasmo, mas sua mão apertou o punho da lâmina. Ele sabia que aquilo não terminaria em uma conversa amigável.
O rei levantou-se, e o ar ao redor deles ficou mais frio. Runas começaram a se formar no chão, criando um padrão intricado que se movia como uma serpente viva.
— Vocês devem provar seu valor. Apenas os dignos podem pisar no solo dos Três Reis.
Kian rosnou, puxando Lyra para trás.
— Provar meu valor? Que tal eu destruir você e acabar com isso?
— Cuidado com o que diz... — Lyra murmurou, seus olhos arregalados enquanto as runas no chão se transformavam em pilares de luz.
De repente, sombras começaram a emergir da luz, tomando a forma de guerreiros espectrais. Eles empunhavam armas feitas de energia pura, e seus olhos brilhavam com a mesma luz fantasmagórica do rei.
— Maravilhoso. — Kian repetiu, dessa vez com mais amargura.
Os guerreiros avançaram, rápidos e implacáveis. Kian desviou do primeiro golpe, a lâmina de sua espada encontrando resistência quando colidiu com a arma espectral de um dos inimigos. Ele girou, cortando outro na cintura, mas o espectro se desfez em névoa apenas para se reconstituir novamente.
— Não podemos matá-los! — Lyra gritou, agarrando um amuleto em seu pescoço. — São feitos de magia!
— Então você é a especialista. Faça algo!
Lyra começou a murmurar palavras em uma língua antiga, suas mãos traçando padrões no ar. Um círculo de luz dourada surgiu ao redor deles, repelindo os espectros momentaneamente.
— Isso vai nos dar algum tempo, mas não sei por quanto.
Kian olhou para o trono, onde o rei ainda estava de pé, observando-os com indiferença.
— O que quer de nós? — Ele gritou. — Que jogo é esse?
O rei inclinou a cabeça, como se estivesse considerando a pergunta.
— Vocês devem provar que não são apenas saqueadores. O coração de um verdadeiro herdeiro é a chave para abrir a próxima porta.
Kian rangeu os dentes. Ele odiava enigmas.
— E o que isso significa, exatamente?
Antes que pudesse obter uma resposta, um dos espectros quebrou a barreira de Lyra, forçando Kian a enfrentá-lo novamente. Ele desviou de um golpe mortal, sua espada passando pelo torso do espectro sem efeito real.
— Não vai funcionar assim... — Kian murmurou para si mesmo.
Ele fechou os olhos por um momento, sentindo o peso do pingente em seu pescoço, um artefato que ele encontrara em outra tumba. Era um risco, mas talvez fosse a única solução.
Kian segurou o pingente e sussurrou uma palavra que ele mal conseguia pronunciar. Uma onda de energia negra emanou dele, espalhando-se pela sala.
As sombras dos espectros vacilaram, como se fossem atraídas para o pingente. Um por um, eles desapareceram, sugados para dentro do artefato.
Lyra ficou boquiaberta.
— O que você fez?
— Usei um truque. — Kian respondeu com um meio sorriso.
Antes que Lyra pudesse responder, o rei começou a aplaudir lentamente, o som ecoando pela câmara.
— Interessante... você não é como os outros que vieram antes. Talvez, apenas talvez, você seja digno.
Com um gesto do rei, a porta no fundo da sala se abriu, revelando um corredor que levava ainda mais fundo na tumba.
— Continuem, herdeiros. Mas lembrem-se... o verdadeiro teste ainda está por vir.
Esse capítulo cria um momento de tensão e mistério, equilibrando ação frenética com o desenvolvimento do enredo.
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Atualizado até capítulo 23
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