o herdeiro dás tumbas perdidas

Capítulo 9: O Peso das Almas Perdidas

A tumba respirava. Não no sentido literal, mas o ar ali dentro parecia ter vida própria, oscilando entre um sussurro frio e uma presença sufocante. Kian segurava o cabo de sua lâmina curva com força, os olhos atentos à penumbra que dançava nas paredes de pedra. Ao seu lado, Irielle, uma arqueóloga rebelde que ele havia salvo em uma expedição anterior, consultava o mapa com olhos estreitos.

— Temos que virar aqui — disse ela, apontando para um corredor estreito. — A câmara principal deve estar logo adiante.

Kian assentiu, mas não afrouxou a guarda. Ele sabia que essas tumbas nunca eram simples. Sempre havia armadilhas, segredos e, claro, as almas perdidas que guardavam os tesouros antigos.

— Você sente isso? — perguntou, a voz baixa.

Irielle parou e olhou ao redor.

— Sim. É como se... algo estivesse nos observando.

Antes que pudessem reagir, um som metálico ecoou pelo corredor. Kian se jogou para o lado, puxando Irielle junto com ele. Um dardo envenenado passou a centímetros de sua cabeça, cravando-se na parede oposta.

— Armadilhas — murmurou ele, levantando-se com cuidado. — Sempre há armadilhas.

— E você ainda insiste em invadir essas tumbas — retrucou Irielle, tentando esconder o nervosismo na voz.

— Alguém precisa fazer isso.

Eles seguiram em frente, cada passo um teste de paciência. O corredor parecia se estreitar, as paredes cobertas por runas antigas que Kian não conseguia decifrar, mas que pareciam brilhar fracamente na escuridão.

Quando finalmente chegaram à câmara principal, ele soube que algo estava errado.

— Isso... não é normal — murmurou Irielle, parando na entrada.

A sala era gigantesca, com um teto tão alto que desaparecia na escuridão. No centro, uma enorme estátua de um guerreiro com uma máscara dourada segurava uma espada que parecia pulsar com energia. Ao redor dela, havia pedras gravadas com símbolos estranhos, formando um círculo que brilhava em um tom avermelhado.

— É aqui que está o fragmento do Coração do Imperador — disse Kian, aproximando-se devagar.

— Espere! — gritou Irielle, segurando seu braço. — Não é tão simples. Esse círculo... é um selo.

— Selo?

— Sim. Ele mantém algo preso.

Kian estreitou os olhos, analisando a sala. Ele sabia que estava no lugar certo, mas as palavras de Irielle faziam sentido. Relíquias poderosas raramente eram deixadas sem proteção.

— Então temos que quebrar o selo — disse ele, determinado.

— Você é louco? E se libertarmos algo que não podemos controlar?

— Já enfrentei coisas piores.

Kian pisou dentro do círculo, ignorando os protestos de Irielle. Assim que o fez, a sala inteira pareceu despertar. A estátua começou a se mover, a espada dourada emitindo um brilho intenso.

— O que você fez? — gritou Irielle, recuando.

A estátua deu um passo à frente, sua máscara dourada refletindo o medo nos olhos de Kian. Ele puxou sua lâmina, mas sabia que aquilo seria inútil contra uma entidade tão poderosa.

— Guardião... — murmurou.

O som grave da estátua ecoou pela câmara:

— Quem ousa invadir a tumba do Primeiro Rei?

Kian ergueu o queixo, tentando esconder o nervosismo.

— Sou Kian Sorel. Estou aqui pelo fragmento do Coração do Imperador.

A estátua ficou em silêncio por um momento, antes de erguer a espada.

— Apenas os dignos podem tocar o fragmento. Prove seu valor... ou pereça.

A estátua avançou, e Kian mal teve tempo de reagir. Ele rolou para o lado enquanto a espada descia, cortando o chão com um impacto tão forte que rachaduras se espalharam pela pedra.

— Kian! — gritou Irielle, tentando achar uma forma de ajudá-lo.

— Fique aí! — respondeu ele, desviando de mais um golpe.

A luta era desigual. Kian sabia que não podia vencer uma estátua de pedra, mas precisava ganhar tempo. Ele se lembrou das runas nas paredes e das palavras de Irielle.

— O selo... — murmurou. — É isso.

Ele correu em direção às runas, tentando decifrar o padrão. A estátua o seguiu, mas seus movimentos eram lentos e previsíveis. Kian aproveitou isso para ganhar distância, estudando as inscrições.

— Irielle! — gritou. — Preciso que você leia isso!

Ela correu até ele, esquivando-se da estátua.

— Isso é antigo... mas acho que consigo. Espere.

Enquanto ela lia, Kian continuava desviando dos ataques. Cada golpe da estátua fazia o chão tremer, mas ele não desistia.

— Consegui! — disse Irielle, finalmente. — Precisamos ativar essas quatro runas ao mesmo tempo.

— Como?

— Coloque sua mão aqui. Eu cuido do resto.

Kian fez o que ela pediu, e juntos, eles ativaram as runas. A estátua parou de se mover, sua máscara dourada virando-se para eles.

— Você é digno... por enquanto — disse a voz grave, antes de desaparecer.

No centro da sala, o brilho da espada dourada desapareceu, revelando o fragmento do Coração do Imperador. Kian o pegou, sentindo o poder pulsar em suas mãos.

— É isso — disse ele, olhando para Irielle. — Mais um passo.

— Um passo mais perto de quê?

— Da verdade.

Mas antes que pudessem sair, um som distante ecoou pela tumba.

— Alguém mais está aqui — murmurou Kian.

Eles não estavam sozinhos.

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