Capítulo 13: Negociações Perigosas

Arthur observava Miguel atentamente. O beta mantinha uma expressão calma, como se não estivesse diante da pessoa mais temida da escola. Isso era raro. Quase ninguém conseguia olhá-lo nos olhos sem demonstrar medo ou hesitação.

— Você quer negociar? — Arthur perguntou, cruzando os braços.

— Quero — Miguel respondeu sem hesitar. — Mas primeiro, quero ter certeza de que você está realmente interessado.

Arthur soltou uma risada baixa.

— Você é esperto. Mas eu não perco tempo com jogos que não valem a pena. Me diga o que tem, e eu decido se vale negociar.

Miguel sorriu, ajeitando os óculos.

— Você dominou a escola pelo medo e pela força. Mas há algo que você ainda não percebeu. Existe um inimigo que não pode ser vencido com os punhos.

Arthur estreitou os olhos.

— Quem?

— Os professores.

O silêncio se prolongou por alguns segundos.

— Você acha que me preocupo com eles? — Arthur debochou.

— Deveria. Eles estão começando a notar sua influência. E alguns já querem se livrar de você antes que seja tarde demais.

Clara, que observava tudo ao lado de Arthur, franziu a testa.

— Como você sabe disso?

Miguel sorriu.

— Porque eu escuto. E observo. Enquanto você está ocupado derrotando alfas idiotas e criando sua própria máfia, os professores estão reunindo informações. Eles já sabem que você tem o controle da escola, e se você continuar chamando atenção, será expulso antes mesmo de terminar essa partida.

Arthur ficou em silêncio por um momento. Ele nunca subestimou os professores, mas também não os via como uma ameaça real. Se Miguel estava certo, isso significava que ele teria que mudar sua abordagem.

— E o que você ganha me dizendo isso? — Arthur perguntou.

Miguel colocou as mãos nos bolsos e inclinou a cabeça levemente.

— Quero um lugar na Nova Ordem.

Clara soltou uma risada sarcástica.

— Um beta querendo se juntar? Você não parece do tipo que segue ordens.

Miguel riu.

— Eu não sigo ordens. Eu crio caminhos.

Arthur sorriu.

— E que caminho você quer criar?

— Um onde eu sobreviva. Você pode ser esperto e forte, mas precisa de alguém que enxergue além do óbvio. Você controla os alunos. Eu posso garantir que os professores não te derrubem.

Arthur analisou Miguel por um momento. A oferta era tentadora. Um espião entre os professores poderia ser útil. Mas ele não confiava totalmente no beta.

— Prove seu valor — Arthur disse, por fim. — Descubra exatamente o que os professores sabem e quem está tentando me derrubar. Se fizer isso, eu te darei um lugar na Nova Ordem.

Miguel sorriu.

— Feito.

E então, sem dizer mais nada, ele se virou e saiu, deixando Arthur e Clara sozinhos.

— Você realmente vai confiar nele? — Clara perguntou.

Arthur deu um sorriso frio.

— Claro que não. Mas vou usá-lo enquanto for útil.

O Plano dos Professores

Nos dias seguintes, Miguel cumpriu sua promessa. Ele se infiltrou nos corredores dos professores, ouviu conversas e acessou documentos que poucos alunos sequer sabiam que existiam.

Quando ele voltou para Arthur, tinha algo grande.

— Você estava certo em se preocupar — Miguel disse, entregando um pequeno pen drive para Arthur. — Os professores estão te investigando.

Arthur pegou o objeto e o analisou.

— O que tem aqui?

— Registros. Eles sabem sobre as lutas, sobre os alfas que você quebrou, sobre as ameaças que você fez. Estão reunindo provas para apresentar à diretoria e garantir sua expulsão.

Clara cruzou os braços.

— Então eles realmente estão se movendo contra nós…

Arthur conectou o pen drive ao seu laptop e abriu os arquivos. Fotos, relatos de alunos, gravações. Os professores estavam documentando tudo.

Ele sorriu de lado.

— Isso só significa que estamos incomodando.

— Mas se não fizermos algo, eles vão te expulsar — Miguel lembrou.

Arthur fechou o laptop e se recostou na cadeira.

— Então vamos garantir que isso não aconteça.

O Contra-Ataque

Arthur não era do tipo que recuava. Se os professores queriam derrubá-lo, ele tornaria essa tarefa impossível.

Naquela noite, ele convocou uma reunião com sua equipe.

— Temos um problema — ele começou. — Mas também temos uma solução.

Ele olhou para Miguel.

— Você disse que informação é poder, certo? Então vamos virar o jogo.

Miguel sorriu.

— O que você tem em mente?

— Se eles querem provas contra mim, vamos dar a eles algo muito maior para se preocupar.

Ele virou o laptop para que todos pudessem ver.

— Vamos descobrir os segredos dos professores.

O plano era simples: encontrar qualquer coisa comprometedora sobre os professores que pudesse ser usada como moeda de troca. Se eles tentassem derrubar Arthur, ele garantiria que caíssem junto.

Juliana e Henrique ficaram encarregados de investigar a vida pessoal dos professores, enquanto Miguel continuaria coletando informações dentro da escola.

Arthur não esperaria o ataque. Ele o reverteria antes mesmo de acontecer.

A Primeira Descoberta

Dois dias depois, Miguel voltou com algo interessante.

— Você vai gostar disso — ele disse, jogando um dossiê na mesa.

Arthur abriu e analisou os documentos. Sua expressão se iluminou com um sorriso satisfeito.

— Parece que nossos queridos professores não são tão inocentes assim…

O documento detalhava um esquema de corrupção envolvendo o diretor da escola. Subornos, desvios de verba, aprovações irregulares.

Clara arregalou os olhos.

— Isso… isso pode derrubar a diretoria inteira.

Arthur riu.

— Exatamente.

Agora, ele tinha o que precisava.