Capítulo 5: A Imposição da Nova Ordem

Na manhã seguinte, Arthur entrou na escola com uma postura que fez todos os olhares se virarem em sua direção. Não era mais o garoto curvado e hesitante que eles conheciam. Havia algo em seus olhos, uma intensidade que silenciava o corredor antes mesmo que ele falasse. O peso de sua presença era palpável.

Sem hesitar, ele caminhou até a sala de aula e empurrou a porta com firmeza. O barulho fez com que todos os alunos que já estavam lá se virassem de repente, parando suas conversas e risadinhas. Os alfas, que geralmente ocupavam os melhores lugares na frente, e os betas, que tentavam manter um status neutro, ficaram tensos. Os ômegas, geralmente os mais apagados, observavam com surpresa e curiosidade.

Arthur caminhou até o centro da sala, parando diante do grupo de alfas que o ignoravam ou o menosprezavam todos os dias. Um silêncio pesado se instalou, tão denso que parecia que o ar havia sido drenado. Lucas estava entre eles, seus olhos estreitos em um misto de ódio e confusão. Ele não esperava que Arthur, após a ameaça do dia anterior, se colocasse diante deles sem hesitar.

— Escutem bem — Arthur começou, sua voz firme e clara, carregada de uma confiança que parecia impossível de ignorar. — As coisas mudaram. A partir de agora, ninguém mais vai me olhar como antes. E se tentarem, vão aprender do jeito difícil.

Um dos alfas, um garoto alto com músculos evidentes e um sorriso cínico chamado Diego, riu com desdém.

— E o que vai fazer, ômega? Falar grosso? — provocou, enquanto os outros alfas trocavam olhares e alguns betas soltavam risadinhas nervosas.

Arthur deu um passo à frente, seu olhar fixo em Diego. A tensão na sala era quase insuportável, como se todos estivessem esperando a faísca que faria tudo explodir. Antes que Diego pudesse se mover, Arthur segurou a mesa ao seu lado e a empurrou com força, fazendo-a deslizar pelo chão até bater contra a parede com um estrondo. A sala inteira estremeceu, e um silêncio mortal se seguiu.

— Esse foi um aviso — Arthur disse, sua voz cortando o silêncio como uma lâmina. — Quem quiser testar minha paciência, que venha agora. Mas saibam que a partir de hoje, ninguém mais vai tentar me humilhar sem enfrentar as consequências.

Os olhos de Diego se arregalaram, e ele permaneceu calado, incapaz de disfarçar a surpresa e o medo. Lucas, que observava de sua cadeira, cerrava os punhos com força, mas não se levantava. Algo na postura de Arthur, na forma como ele não hesitava e mantinha o olhar firme, o impedia de agir impulsivamente.

Clara, que estava sentada no fundo da sala, observava tudo com uma mistura de espanto e admiração. Ela não sabia o que havia causado aquela mudança tão drástica em Arthur, mas sentia que estava diante de algo muito maior do que uma simples rebelião contra o status quo.

— Vamos lá, alguém mais quer se pronunciar? — Arthur continuou, olhando ao redor. Ninguém respondeu. Os betas evitavam seu olhar, e até mesmo os outros ômegas pareciam mais cautelosos.

O professor entrou logo em seguida, interrompendo a tensão ao perceber a sala em um estado incomum de silêncio. Lançou um olhar para a mesa caída, franziu a testa, mas não fez perguntas. Todos se sentaram em seus lugares, e Arthur voltou para o fundo da sala, sem desviar o olhar de Lucas, que ainda tentava manter sua fachada de superioridade, mas com o rosto corado de frustração.

A aula prosseguiu, mas ninguém realmente prestava atenção. O que havia acontecido marcava o início de uma nova ordem. Arthur tinha se mostrado não apenas como um ômega diferente, mas como alguém que desafiava as regras implícitas da escola. Ele havia estabelecido que não recuaria diante de ninguém, e o silêncio tenso entre os alunos era prova disso.

Naquele dia, enquanto as horas passavam e a notícia do confronto se espalhava pela escola, Arthur sabia que o verdadeiro trabalho estava apenas começando. Mas, pela primeira vez em muito tempo, ele sentia que estava exatamente onde deveria estar: no controle. E nada, nem os alfas mais poderosos, nem os murmúrios dos outros ômegas, o fariam recuar.