O silêncio desconfortável se manteve por alguns segundos antes que os murmúrios voltassem a se espalhar pelo corredor. Arthur não desviou o olhar, observando Lucas se afastar com uma mistura de confusão e raiva. Era uma pequena vitória, mas carregava um significado poderoso. A escola, que antes o via apenas como uma figura insignificante, agora o enxergava com olhos diferentes.
Enquanto os outros alfas cochichavam entre si, as expressões dos ômegas eram de espanto. Nenhum deles jamais imaginou que Arthur pudesse enfrentar alguém como Lucas. Para eles, ele era um reflexo de tudo que eles próprios temiam — o alvo fácil, o exemplo de fraqueza. Mas agora, algo havia mudado, e todos sentiam isso.
Arthur virou-se lentamente e caminhou pelo corredor, ignorando os olhares que o seguiam. A adrenalina ainda corria em suas veias, mas ele não permitiria que ninguém percebesse. Com cada passo que dava, sentia-se mais em controle de si mesmo, mais próximo de recuperar o que havia perdido. O mundo que havia conhecido antes estava distante, mas as regras de poder e medo continuavam as mesmas, e ele as conhecia como ninguém.
Ao entrar na sala de aula, o silêncio se intensificou. Os colegas o observaram, alguns com curiosidade, outros com ceticismo. Arthur escolheu um lugar no fundo da sala, onde podia ter uma visão clara de todos. Ele sabia que para reconquistar o respeito e começar a traçar sua nova trajetória, precisaria de mais do que apenas palavras afiadas. Precisava de aliados, de uma estratégia.
A professora entrou logo depois, interrompendo qualquer tentativa de conversa entre os alunos. Ela lançou um olhar breve para Arthur, mas continuou com sua explicação sobre literatura clássica, sua voz monótona preenchendo o ambiente. Arthur deixou sua mente divagar, analisando os rostos ao redor. Reconhecia alguns como aqueles que riam às suas costas, outros como aqueles que fingiam ignorá-lo por conveniência.
Um olhar em particular chamou sua atenção. Clara, uma ômega de cabelos cacheados e olhos cor de âmbar, observava-o de canto, com uma mistura de curiosidade e algo mais. Arthur não tinha muita interação com ela antes, mas sabia que ela era respeitada entre os ômegas por sua inteligência e coragem. Ela não se dobrava facilmente, e isso a tornava alguém interessante.
No fim da aula, Clara se aproximou enquanto todos começavam a sair.
— Arthur, o que aconteceu hoje mais cedo? — Ela perguntou, a voz baixa para evitar que outros ouvissem. — Não foi... normal.
Arthur sustentou seu olhar, medindo as palavras antes de responder.
— Talvez eu tenha decidido que cansei de ser o alvo — disse, sua voz firme e controlada.
Clara estreitou os olhos, avaliando-o. Ela era perspicaz o suficiente para perceber que havia mais por trás daquela resposta, mas assentiu levemente.
— Se for verdade, você vai precisar de mais do que coragem para manter isso — ela respondeu, dando a entender que sabia exatamente o que a escola podia fazer com aqueles que se rebelavam.
Arthur deu um leve sorriso, um que não chegou aos olhos.
— Pode apostar que eu sei disso, Clara.
Antes que ela pudesse responder, um tumulto do lado de fora da sala chamou a atenção de ambos. Lucas estava do outro lado do corredor, cercado por outros alfas, falando em voz alta o suficiente para ser ouvido. Suas palavras eram carregadas de raiva e vergonha, e seus olhos varreram o corredor até se fixarem em Arthur.
— Isso não vai ficar assim, ômega — Lucas gritou, ignorando as tentativas dos outros de acalmá-lo. — Acha que pode me desafiar e sair impune? Vai ver quem realmente manda aqui.
Arthur sentiu o peso da ameaça, mas sua expressão não se alterou. Naquele momento, o medo que Arthur costumava carregar parecia um eco distante. Ele sabia que a batalha real ainda estava por vir, e ela seria travada não só com força, mas com inteligência.
Enquanto os alfas se afastavam, levando Lucas, Clara olhou novamente para Arthur, desta vez com uma expressão mais séria.
— Se você está mesmo mudado, tome cuidado — ela sussurrou. — Lucas não é o tipo que deixa as coisas passarem.
Arthur acenou de leve, aceitando o conselho. Ele sabia que os próximos dias seriam decisivos. A escola era apenas o primeiro passo; a verdadeira luta seria moldar seu próprio destino em um mundo que o havia rejeitado. E ele estava mais do que pronto para fazer isso, de qualquer forma necessária.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 74
Comments