Capítulo 6: A Semente da Nova Máfia

Arthur se sentou em uma das mesas vazias do pátio durante o intervalo. A cena da manhã ainda ecoava pelos corredores, e ele podia sentir os olhares furtivos, os cochichos que se dissipavam quando passava. Mas ele não se importava. Sabia que precisaria mais do que intimidação para consolidar seu domínio. Precisava de lealdade, uma estrutura — algo que ele conhecia bem demais: uma máfia.

O conceito de organizar uma facção dentro de uma escola parecia ridículo para muitos, mas Arthur sabia que era mais do que possível. As regras sociais, os jogos de poder e as dinâmicas de influência eram tão presentes ali quanto no submundo que um dia ele comandou. O primeiro passo era encontrar aliados dispostos a se arriscar, aqueles que já estavam cansados da hierarquia opressora dos alfas.

Observou o pátio, analisando cada grupo. Clara chamou sua atenção de imediato. Ela era diferente dos outros ômegas, alguém que se recusava a se curvar totalmente à pressão dos alfas. Inteligente, perceptiva e já intrigada pela nova postura de Arthur, ela seria uma aliada valiosa.

Ele se levantou e caminhou até onde ela estava, sozinha, com um livro entre as mãos.

— Clara, precisamos conversar — disse ele, sua voz baixa, mas firme.

Ela ergueu os olhos, surpresa, mas não assustada. Arthur sentou-se ao seu lado antes que ela pudesse responder, mantendo o tom discreto.

— E sobre o que exatamente? — ela perguntou, fechando o livro lentamente.

Arthur se inclinou um pouco, o olhar sério e determinado.

— Sobre mudar as coisas. Esta escola é apenas o início, Clara. Estou formando algo que vai além das paredes daqui. Um grupo que não será controlado por alfas ou qualquer outra ordem imposta.

Clara olhou para ele, tentando decifrar a intensidade que via em seus olhos.

— Você está falando sério? Criar um grupo de resistência... aqui? — Ela deixou escapar uma risada breve, mas seus olhos brilhavam com um misto de curiosidade e nervosismo.

— Não é só um grupo de resistência. É uma nova ordem. Algo que vai fazer os outros pensarem duas vezes antes de nos subestimarem. E eu preciso de pessoas inteligentes ao meu lado, como você, que sabem quando é hora de agir.

Clara ficou em silêncio por um momento, seus olhos fixos nos dele. Ela podia sentir que Arthur não estava apenas blefando. Algo havia mudado dentro dele, algo que ela não conseguia explicar, mas que a atraía de uma forma que a fazia querer saber mais.

— E o que você espera que eu faça? — perguntou ela, cruzando os braços, desafiadora.

— Primeiro, precisamos de uma rede de informações. Saber o que os alfas estão planejando, quem são os betas mais influentes e quais ômegas estão dispostos a lutar por uma causa. Você tem acesso a isso. É conhecida por sua inteligência e habilidade de se mover sem chamar atenção.

Clara respirou fundo, o cérebro já começando a considerar a ideia. Por mais louco que parecesse, havia uma verdade crua nas palavras de Arthur. Ele não era mais o garoto frágil que todos conheciam, e sua determinação era inegável.

— Tudo bem — ela disse, finalmente, a voz firme. — Estou dentro. Mas se isso der errado, vai ser um desastre.

Arthur sorriu de leve, o tipo de sorriso que carregava promessas de algo muito maior.

— Então, garantiremos que não dê errado.

A tarde se passou com Arthur observando os alvos em potencial, identificando os ômegas que tinham talento para estratégia e os betas que poderiam ser convencidos a se unir a eles em troca de proteção. Ele sabia que precisaria de uma demonstração de poder para ganhar a confiança daqueles que ainda não se decidiam, algo que fizesse ecoar a mensagem de que uma nova força estava emergindo.

Enquanto as aulas finais aconteciam, Arthur já traçava seus planos em detalhes. A escola, com suas hierarquias rígidas e disputas constantes, seria o campo de prova perfeito para o início de sua nova máfia. A partir dali, ele planejava expandir sua influência, começando pequeno, mas crescendo com astúcia e estratégia.

Ao sair da escola naquele dia, Arthur olhou para trás, para a construção desgastada que por tanto tempo fora um lugar de submissão. Agora, era o ponto de partida para algo que ninguém esperava. E no silêncio que se seguiu, ele jurou para si mesmo que, assim como antes, o mundo ouviria seu nome — desta vez na forma de um jovem ômega que não seria domado por ninguém.

Arthur estava pronto para transformar cada olhar de desdém em respeito.

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