Cativa do Imperador da Máfia

Cativa do Imperador da Máfia

Capítulo Um - Destruição Parcial

Savine Sherman, 24 Anos

O som contínuo e penetrante ecoava na cabeça de Savine, causando-lhe ardor e arrepio. A jovem de aparência assustada segurava firme em um dos pulsos de sua mãe coberto por emaranhados de fios ligados ao oxímetro, um aparelho medidor usado para determinar a frequência cardíaca do coração que ameaçava parar de bater. Naquele instante, o quarto da unidade de saúde se encontrava em um intenso alvoroço. A equipe de suporte médico do renomado doutor cirurgião chamado Cathal - o responsável pela ala da cardiologia - adentrava no local para iniciar o procedimento de reanimação da paciente que, mesmo com os choques elétricos do desfibrilador, não correspondia às ações executadas pelos profissionais.

Savine estava paralisada; de seus olhos escapavam rios de lágrimas, o seu consciente não acreditava na cena que via. Ela balançou a cabeça diversas vezes em negação quando notou que todos os médicos em volta de sua mãe já haviam marcado no prontuário o horário do óbito da paciente. No impulso de desespero, ela caminhou depressa em direção à mãe na esperança de que a sua genitora correspondesse ao seu toque a sacudindo, porém, a jovem experimentou a sensação de estar dentro do seu pior pesadelo quando viu que a mulher que lhe criou oferecendo todo o carinho, amor e sustento estava completamente desfalecida em seus braços. Nesse momento ela mirou no cirurgião cardiovascular Cathal, que se direcionava à porta ignorando totalmente seus gritos e pedidos de socorro para não desistirem de sua mãe.

- Doutor, por favor! 

Ela correu até ele cruzando suas mãos uma na outra em sinal de súplica, enquanto toda a equipe se mobilizou rapidamente retirando todos os equipamentos médicos em volta do corpo sem vida

-A dondoca aqui acha mesmo que a mãe morta dela é a minha única prioridade desta unidade? Tenho milhares de pacientes para averiguar, leve essa carcaça murcha deste cadáver daqui e a enterre-a em algum buraco por aí, porque é disso que ela realmente precisa agora!

Respondeu o doutor com uma carranca sombria e mal humorada, após esgotáveis 48 horas de um movimentado plantão com centenas de familiares que faziam o mesmo pedido da mulher que suplicava aos prantos imóvel em sua frente, alguns que estavam presentes no local o encarava devidamente espantados, outros se retiravam, uns disfarçavam com um sorriso forçado e os demais se refugiavam em um canto qualquer sem coragem alguma de enfrentar o poderoso médico.

- Que tipo de pessoa insensível e cruel como você que se diz um grande médico cardiologista responsável por cuidar dos corações das pessoas e não tem ao menos um pingo de bom senso e empatia com a dor alheia?!

Savine rebateu imensamente horrorizada e inconformada que esbravejava em suas palavras enquanto o doutor a descartou com desdém, direcionando suas últimas coordenadas aos seus assistentes desaparecendo pelas portas do ambiente hospitalar e a deixou falando sozinha

- Não liga pra ele Savine - uma voz feminina soou no local.

- O doutor Cathal é frio, grosseiro e tem esse dom mesmo de ignorar a todos... mas quer saber de uma coisa? Esse homem é um gostoso! Além de ser uma loucura na cama… Afff, eu fico até sem ar e minhas pernas ficam bambeando mais do que vara verde só de lembrar dele….

-A minha mãe acabou de morrer e você acha mesmo que eu sou obrigada a ouvir esse tipo de comentário absurdo e nojento? Cala essa sua boca, Leila! E tira essas suas mãos de mim. Você como uma enfermeira, uma profissional da saúde deveria ter o mínimo de seriedade e respeito. Deus, que tipo de hospital é esse?

- Me desculpa Savine, eu… bem, não era minha intenção. Meus sentimentos de verdade! Eu cuidei e acompanhei a sua mãe desde o início do tratamento e sei do sofrimento e da luta que você está passando. Desculpe-me mais uma vez, eu sou uma tola, uma idiota.

Leila abaixou a cabeça envergonhada.

- Tudo bem... Eu preciso sair agora e correr contra o tempo. Tenho que agilizar toda a documentação de liberação, arrumar valores das dívidas do hospital e do…. do enterro dela. Se algo acontecer não deixe de me ligar, não importa o horário só me ligue, ok?

Savine estava juntando forças dentro de si para conseguir expressar perfeitamente o seu raciocínio e organizar seus pensamentos agitados. Se despediu de Leila saindo da casa de saúde e logo entrou numa agência bancária mais próxima, verificou o valor disponível na sua conta, mas tudo o que tinha era um saldo de U$$ 2,98.

-Droga!

Tentou até mesmo uma possibilidade de realizar um empréstimo pessoal, mas não foi possível pelo pouco tempo de abertura da conta.

Esgotada, voltou para a casa em que dividia com a sua mãe, sua tia e sua prima. Refletiu nas palavras que iria usar cuidadosamente para contar à sua madrinha sobre o que havia ocorrido e que se ela poderia socorrê-la dispondo do valor que necessitava e a devolveria em pequenas parcelas, jamais deixaria a sua família na mão,principalmente a irmã de sua mãe.

Abriu o portão da casa procurando pela tia

-Tia Ofélia, está em casa? Eu preciso conversar com a senhora.

Savine parou na aduela da porta da cozinha e fitou Ofélia sorrindo distraída enquanto digitava algo em seu celular e chamou pela tia novamente. 

-Aah, finalmente a donzela dessa casa resolveu aparecer.

Respirou fundo com a provocação de sua tia. Não era a primeira vez que Ofélia disparava indiretas e ofensas contra ela, a desmerecendo pela sua situação financeira e por não ter obtido uma oportunidade de subir na vida.

-Eu estava no hospital, tia. Infelizmente, as notícias que tenho não são nada boas.

-Estranho seria se você viesse com algo de bom, não é mesmo, sobrinha?

Ofélia a questionou em tom de deboche

-Tia, a minha mãe, quer dizer a sua irmã, teve uma parada cardíaca e… e ela acabou não resistindo e infelizmente, nos deixou nesta manhã

A jovem caiu no choro pesado

-Ai não… Savine, me faça um favor querida! Não começa com essas suas lágrimas ridículas, desde criança você tem esse tipo de comportamento que no mínimo é patético! E sinceramente, me sinto farta disso tudo, não estou interessada em ouvir. Você junto daquela mosca morta da minha irmã… bom, que Deus me perdoe e a tenha dentro de seus átrios para bem longe de mim.. Vocês duas são aquele tipo de gentinha que só atraem fracasso e destruição por onde passam. Como conseguem viver desse jeito? hãm? me explica?

-Eu lamento se não pude atingir suas expectativas sobre mim, tia.

Ofélia revirou os olhos

-Deixa eu te falar, estou saindo para viajar, tá! Sophia, a minha filha linda, beem diferente de você, graças a Deus! Fisgou um tremendo de um multimilionário francês e se casará com ele neste sábado, será uma festa reservada somente para os familiares e amigos mais próximos dos dois, e eu, obviamente estarei embarcando hoje em um vôo direto para Paris, pode ao menos cuidar dessa casa pra mim esses dias, é possível?

-Eu desejo de todo o meu coração uma jornada repleta de amor e alegria para a Sophia, tia. Que ela tenha um dia incrível ao lado de seu futuro marido. deve ser bom ter o apoio de sua família e de quem você mais ama em um momento mágico e inesquecível como esses.

Savine suspirou em derrota

-Tia Ofélia, eu preciso de ajuda, na verdade se trata de uma certa quantia em dinheiro para quitar as dívidas do hospital e os gastos do funeral da minha mãe, eu juro que eu lhe pagarei aos poucos e ….

Ofélia a interrompeu indignada

-Como assim você não tem dinheiro para arcar com os custos da sua própria mãe, garota? E ainda tem a audácia de me pedir emprestado?

-É que tudo aconteceu muito rápido, o meu salário desse mês foi somente para medicações, consultas, cirurgias e a internação repentina dela, eu não tinha como prever que tudo isso iria acontecer de uma vez só…

-Uma pena Savine, mas não posso te ajudar. Eu tenho uma viagem marcada para fazer, tive que comprar passagens e reservar as diárias do hotel, e eu não vou perder o casamento da minha filha, por causa de vocês. Não é justo!

-Tudo bem tia, não vou mais tomar seu tempo. Faça uma boa viagem e não se preocupe. Eu vou dar um jeito nisso tudo.

Ela subiu até o seu quarto, tomou um banho demorado e se vestiu, abriu a sua bolsa para verificar se havia alguma chamada ou mensagem de alerta do hospital em seu celular e como não tinha nada, Savine guardou o seu aparelho de volta e acabou encontrando sem querer um folheto antigo que tinha como título “Empréstimo Imediato e Sem Burocracia” com uma espécie de tabela que indicava os valores cedidos temporariamente de um lado e do outro as parcelas com juros altíssimos de devolução.

Sem pensar duas vezes ela entrou em contato com o correspondente bancário da região, não demorou e logo ela chegou no local e horário combinado, firmou contrato com um agente chamado Michael Smith, que não se apresentou verdadeiramente como agiota e sim como um mero representante de uma cooperativa de crédito ligado ao Banco Central dos Estados Unidos . O homem de olhar cínico, analisou Savine dos pés à cabeça gostando muito do que via, no ato da assinatura omitiu da jovem do mesmo jeito que fazia com seus outros “clientes” sobre os riscos que o percentual de juros do valor negociado aumentaria silenciosamente ainda mais do que a quantia real acordada, e que se caso a dívida estivesse com um único dia em atraso, a cobrança não seria nada amigável onde a  garantia do empréstimo ocorreria com riscos de ameaças, perigo de sequestro e até mesmo a morte do beneficiário(a).

Savine rapidamente efetuou o pagamento do hospital e realizou o enterro de sua mãe em que só estavam presentes, ela, o pastor conhecido da família e Leila, a enfermeira que cuidou de sua mãe que acabou se tornando uma amiga. O dia terminou com um clima árduo e muito denso, ela voltou para casa em que dividia com sua tia que naquele momento se encontrava no casamento da sua então prima em um outro País. 

Cabisbaixa e se sentindo ainda mais sozinha, ela se deitou no sofá, pegou seu celular e abriu no aplicativo de rádio sintonizado em uma estação que tocava canções  especialmente de rock dos anos 80/90. Colocou os fones de ouvido fechando seus olhos respirando bem fundo, se concentrou na música  “Don’t Cry” da banda “Guns N' Roses” que de alguma forma a letra dessa canção conversava com ela e lhe passava algum tipo de conforto.

🎶🎶🎶🎶🎶🎶

“…..Fale comigo suavemente

Há algo nos seus olhos

Não se afunde na tristeza

E, por favor, não chore

Sei como você se sente por dentro

Eu já passei por isso antes

Algo está mudando dentro de você

E você não sabe.

Não chore esta noite

Eu ainda amo você

Não chore esta noite

Há um paraíso acima de você, querida

E não chore esta noite….”

__________________________________________________

Olá meu nome é Sindy, e sou nova por aqui, escrevi essa estória com muita empolgação, mas, não tive a intenção de compartilhar com ninguém, porém, quando eu estava sozinha na cozinha da minha casa obtive um pequeno insight de dividi-la com vocês, mesmo que somente eu leia sozinha aqui...

Lembrando que não compactuo com qualquer tipo violência seja ela física ou verbal, seja ela praticada pelos personagens ou não, no mais, desejo uma boa leitura para quem estiver aqui, um beijo grande. ❤️🧸

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Comments

Jéssica Amaral

Jéssica Amaral

Que tia mais sem noção ainda mais sendo irmã da mulher que morreu, coitada da Savine tendo que passar isso tudo sozinha é o que a gente vê por aí

2024-11-12

4

Edna Silva

Edna Silva

Eu perdi minha mãe esse ano e sei como é esse sofrimento

2024-11-23

0

Carina Santos

Carina Santos

Parece aquelas princesas da disney

2024-11-23

0

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