Capítulo Sete - Ponto de Equilíbrio

Alguns homens haviam deixado o local; só permaneceram ali Fergus, seu irmão e subchefe da máfia Cathal Brosnan, dois conselheiros, e o chefe do departamento de treinamento e preparo dos soldados da organização.

-Parece que o governador já tem certeza de quem matou Nikolai na cadeia

Comentou Seamus Kayson, o conselheiro e executor da máfia gargalhando alto, voltando a levar um cigarro à sua boca, se servindo de uma dose generosa de licor portado numa pequena garrafa de aço própria para carregar no bolso.

- O que acham de fazermos como das outras vezes? Quem apostar o maior valor vai poder escolher entre o Prefeito ou o Governador, qual dos dois covardes vai receber o nosso mais doce agrado? Lembrando que o ganhador da aposta terá o poder de decidir se mataremos ou só torturamos o vencedor, mas pensem bem, se optarem por tortura, sabem que vai ter que agonizar, e para agonizar vai ter que passar pela sala de mutilação, e se passar pela sala de mutilação vai ter que sair deformado e aleijado do meu laboratório particular com a porra do pau arrancado fora cravado no meio da garganta e talvez.. quem sabe, com algumas imagens comprometedoras do corpo espalhadas por aí com direito a um dossiê esclarecedor, com todos escândalos e provas que só eu tenho sendo vazados publicamente acabando com a imagem e  reputação do nosso querido felizardo. Portanto, escolham conscientes rapazes e lancem as suas sábias e bravas apostas.

Cathal lançou um sorriso macabro

-Você é a porra de um carniceiro filha da puta mesmo, Cathal Brosnan, você não tem salvação!

Um dos conselheiros presentes havia falado

-E quem foi que te disse que eu estou atrás de um caralho de salvação? O que eu vou fazer com essa merda? eu quero é comer boceta por aí e cortar cabeças fora!

Cathal respondeu em alto e bom tom para que todos pudessem ouvir claramente 

-Já sabemos que você vai matar seja quem for que entrar no seu matadouro particular, Cathal, você é um louco viciado por carnificina.

Um dos homens de confiança retrucou

-Já chega! Cathal me responda,a porra daquele leilão será hoje?

Fergus rosnou 

-Sim, descobri invadindo o aparelho celular de um dos capangas de Michael, já está tudo confirmado, eles pegaram algumas garotas para serem leiloadas hoje dentro do orfanato da igreja, tudo é arquitetado por um bicheiro charlatão que tem ligações com um bispo que é líder desse lar de órfãos que além de arrematar jovenzinhas no cair da madrugada ele ainda engana os fiéis e as pobres senhorinhas recolhendo altos valores de prendas e donativos dizendo que é em recurso do mais necessitados mas que na verdade, é usado para comercialização de tráfico humano.

Cathal respondeu exibindo uma troca de mensagens entre os integrantes da gangue acertando os últimos detalhes da noite em uma imensa tela

-Seamus, prepare os homens e confira todos os armamentos porque hoje faremos uma pequena visita neste leilão

Fergus ordenou olhando fixamente para uma lista de convidados que havia inúmeros tipos variados de membros e também membras de investidores desse respectivo mercado clandestino 

- Ok!

Seamus declarou saindo da sala, mas parou no meio do caminho no mesmo instante em que Fergus o chamou novamente:

- Nos reuniremos no armazém às 23h30, exatamente meia hora antes da invasão. Tenho algumas orientações a fazer e traçar planos de rota, compreendido?

- Entendido!

Seamus havia feito um sinal positivo com a cabeça e seguiu em frente até a saída desaparecendo do local

-  Mas que porra é essa aqui?!

Fergus rugiu alto tencionando o maxilar estremecendo tudo e todos que estavam ao seu redor

-Mas que caralhos houve agora?

Cathal o questionou 

-Quem é essa maldita, porra?! - Fergus indagou franzindo a testa com raiva - Quem essa vadia desgraçada pensa que é para entrar em meu escritório e roubar algo que é meu, eu vou acabar com essa cadela miserável!

-Eu já disse que mulheres só prestam para servirem de parque diversão, usá-las e depois a jogarem fora como um objeto sem nenhum valor o que realmente elas são!

Cathal afirmou realizando rapidamente um procedimento de detecção de imagem 

-Esse rosto não é estranho, eu já vi essa mulher em algum lugar…

Fergus declarou dirigindo o olhar para a imagem

- Ela é uma faxineira que aparentemente trocou de turno com uma das suas arrumadeiras fixas da presidência, olhe esses dados.. 

Cathal respondeu e abriu as informações sobre mulher na tela gigantesca 

-  Savine Sherman Fost , 23 anos, órfã, solteira, formada em Ciências Biológicas na Universidade Pública de Washington, contratada há 2 anos e meio pela Rolls Royce Corporation com a função de realizar limpeza e conservação do ambiente organizacional e industrial.

- Savine Sherman, não é?! Pode ter certeza que eu mesmo darei cabo da merda de vida pacata e fracassada que você vive! Vou te caçar até no inferno e te esmagar até que você não exista mais!

Fergus a sentenciou enfurecido e saiu do local, se encaminhou até a indústria a procura da ladra de seus  documentos, e após passar de setor em setor constatou que a mulher que procurava não estava mais ali. Irritado, mandou chamar imediatamente a chefe geral do departamento de limpeza e a sub-encarregada que chegaram juntas no mesmo instante em que foram convocadas enquanto Fergus estava concentrado fechando em uma negociação importante.

-  Senhor Fergus Brosnan, é uma honra estar em seu gabinete, nunca pensei que estaria nesse lugar mágico em sua companhia, meu Deus, para mim é como se fosse u…

Gisela se pronunciou com entusiasmo enquanto Fergus a assistia com o semblante de nojo e repulsa, impaciente a interrompeu bruscamente sem delongas

- Eu vou perguntar apenas uma vez e exijo das duas uma resposta rápida e objetiva, onde está Savine Sherman?

-Senhor Fergus, Savine Sherman? Essa garota é uma péssima funcionária, nunca faz o que tem fazer além de sempre ser uma malcriada, preguiçosa que fica pelos cantos jogando conversa fora e…

Fergus interrompeu Gisela novamente mais uma vez torcendo os lábios rosnando alto

- Já chega! Será que é tão burra que não consegue interpretar a porra de uma pergunta simples, caralho? Você acha mesmo que eu te chamei aqui pra ficar brincando de saber quem faz mais e quem faz menos nesta sede global onde essa é a sua obrigação?

Fergus encarava Gisela diretamente com uma expressão de ódio

- Senhor Fergus - Aline mensurou.

-Estou ouvindo! - Fergus respondeu irado

-Primeiramente, senhor, eu queria dizer que tudo que a chefe geral disse é mentira! - Aline direcionou o dedo indicador para Gisela que a olhava querendo triturá-la viva, mas a sub encarregada a ignorou e continuou a falar - A Savine é uma ótima pessoa e excelente profissional, ela perdeu a mãe recentemente e mesmo assim fez questão de comparecer ao trabalho para não cair em profunda tristeza e depressão tudo o que eu sei é que ela mora com uma tia, mas hoje, estranhamente, algumas meninas vieram me relatar um comportamento nunca visto antes principalmente depois que a viram entrando em um carro preto com um homem não identificado e partir daí ela simplesmente sumiu do nada! Senhor, a Savine que eu conheço jamais abandonaria o seu posto de trabalho assim, sem nenhuma explicação, isso não é normal! O senhor tem alguma notícia dela? Por favor, eu estou angustiada e muito preocupada com ela, essa menina é sozinha, senhor!

Aline finalizou chorando desesperada 

- Era só o que me faltava, tudo isso pra nada!

Fergus respondeu ironicamente ao mesmo tempo em que seu celular tocou e era Cathal do outro lado da linha

-Irmão, a ladrazinha que você tanto procura está neste exato momento no orfanato com todas as garotas sequestradas para o leilão incluindo Michael com aquela corja de jumentos que se vendem por qualquer esmola em troca.

-Já estava desconfiado sobre essa grande probabilidade, é incrível como eles são calculadamente previsíveis, estou contando os segundos para marcar a minha enorme presença neste memorável espetáculo! Você nunca iria saber do quanto!

Fergus finalizou a ligação dando um breve sorriso de lado em frente à enorme janela de vista panorâmica do seu escritório, observando a agitação da cidade do ponto central mais alto virando o copo todo de uísque de uma vez só.

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