Capítulo Treze - Pegando Sentimentos

-Então, você acha que ela não entregou?

Fergus questionou Saul Hudson acendendo um cigarro na boca puxando a essência com força

-Não sei, mas é uma possibilidade..

Saul Hudson começou a falar adicionando mais uma dose de uísque em seu copo e fez uma pausa bebendo em seguida, logo após, continuou fazendo uma pergunta:

-Mas, pense comigo, você não acha isso tudo um pouco estranho demais?

Saul o indagou enquanto gesticulava com as mãos

-Estou ouvindo, explique isso melhor..

Fergus pediu mantendo o seu olhar e a sua atenção em todos os detalhes

- O que eu estou querendo dizer, é que se o Michael ou desgraçado do Rodolpho realmente tivessem com a procuração da Rolls Royce em posse deles, você não acha, que eles não dariam um jeito de movimentar e derrubar todas as ações globais em questão de segundos? De negociar e realizar transações com outros líderes fora do nosso território que ainda não são os nossos aliados oficiais? E não importa que eles estejam mortos, simplesmente outra pessoa poderia facilmente fazer essa operação no lugar deles … e filho, já passou dias suficientes para isso acontecer!

Saul completou sua tese

-Sim, você tem razão, mas aonde você chegar com tudo isso, exatamente? Quer me dizer que ela não entregou os documentos, que na verdade, foi ela que deu uma volta em todos eles, é isso?

O chefe da máfia estava sondando

-Fergus, eu tenho certeza que a sua procuração da Rolls Royce, está muito bem protegida, mais protegida quando ela esteve guardada em seu gabinete! Você é inteligente, é o melhor dentre todos os que eu já conheci, eu sempre soube que você nasceu para chefiar o submundo, tanto que fiz questão de treiná-lo pessoalmente, mas você não tem o mesmo tempo de vida e as experiências que eu adquiri durante todos esses anos…

Saul Hudson afirmou com extrema convicção .

-Faz sentido

Fergus concordou com cabeça jogando a guimba do cigarro sobre um cinzeiro de porcelana apagando a ponta dela

-Bom, não é atoa que eu sou o seu conselheiro!

Saul mencionou abrindo um meio sorriso

Nos momentos de extrema confusão e complexidade onde precisava escapar da intensa superfície em desordem e se refugiar em algum lugar com nível máximo de clareza e compreensão, Fergus recorria imediatamente a Saul Hudson, que mesmo com suas inúmeras obrigações políticas, parlamentares e empresariais, o Presidente dos Estados Unidos sempre fazia questão de disponibilizar boa parte do seu corrido tempo em prol de orientar e desembaçar aquilo que estava nublado na mente daquele era muito mais do que braço direito na máfia, que na verdade, o considerava como seu filho.

Já estava de madrugada e Fergus saiu se despedindo da residência de Saul Hudson, se encaminhando para sua mansão, ao passar pelo hall da porta de entrada, ouviu um barulho e uma movimentação um tanto esquisita dentro daquele cômodo que de acordo com o horário bastante avançado achou tudo aquilo muito suspeito e se dirigiu em passos lentos para repartimento com o objetivo de verificar o que estava acontecendo em sua casa.

Quando parou na aduela na porta, viu, e se surpreendeu constatando de que se tratava de uma presença feminina, calma e serena, com um copo de água em suas mãos olhando pela janela o jardim em que ali havia, Fergus nem percebeu quanto tempo exatamente esteve ali, parado, observando, contemplando, apreciando, a linda garota insolente que na verdade ele sabia que não tinha nada de insolente, comparado a sua beleza e tal delicadeza que curiosamente ela parecia ficar mais linda ainda, bebendo água, com vestido cor de rosa que envolvia perfeitamente o seu corpo, destacando a sua pele clara e os cabelos ruivos cacheados que batiam até a cintura acentuada da jovem

Fergus notou Savine se mover rapidamente olhando atentamente para lado a qual ele estava a fitando escondido, claramente demonstrando que havia sentido a presença de outra pessoa ali, ao contrário da reação de qualquer outra pessoa poderia ter, Fergus se encaminhou até a sua direção, deixando Savine completamente desconcertada querendo sair dali..

-Me desculpa, eu sei que não podemos ficar andando pela casa durante a noite, mas é que, é que eu não consigo dormir… eu já estou indo agora mesmo.

Savine se lamentou notando um olhar diferente vindo do homem poderoso que parecia até mesmo queimar sobre ela

-Não, não vá, não precisa sair, eu também não consigo dormir direito, por anos…

-Por anos? como assim?

A jovem perguntou um pouco desconfiada, porque pela primeira vez, presenciou o homem que poderia acabar com a vida dela em segundos, a respondendo com cordialidade ao contrário de antes

-Porque meus pais morreram queimados em um acidente de incêndio, premeditado por uma mulher que descobriu que o marido a traia com uma amante que morava perto da minha casa, e um belo dia a vagabunda decidiu atear fogo matando não só os meus pais carbonizados, mas também, outras famílias, outras crianças, idosos, enfim.. e acabou me matando também, matando o meu irmão que depois disso fomos obrigados a crescer aprendendo se defender a todo momento da morte e riscos de abusos dentro de num reformatório, convivendo ao lado de outras crianças e adolescentes com comportamentos psicopatas, homicidas e perturbados mas ou era isso ou ficaríamos separados para sempre se fôssemos para adoção, então, optamos pelo menos pior, nessa época eu tinha 9 anos e meu irmão com apenas 3…