Capítulo Quatorze - Um Alento no Escuro

Samia estava fazendo o planejamento de compras especialmente para o evento que ocorreria na mansão nos próximos dias, enquanto a governanta havia finalizado uma grande lista de materiais para realizar os reabastecimento das mercadorias , Savine passava pelo departamento com uma pequena caixa de alimento em suas mãos e ao ver a presença da jovem Samia a chamou e se aproximou ligeiramente 

-Savine, eu preciso falar com você!

A governanta havia feito um sinal de espera 

-Sim, pode falar!

Savine respondeu prontamente 

-Eu queria te pedir desculpas pela forma como eu te tratei desde o dia que você chegou aqui, eu sei que fui completamente rude sem nenhuma necessidade e acabei interpretando mal as coisas, mas tudo foi devido a forma em que a informação chegou até mim… 

Samia contou se lamentando 

-Você não precisa me pedir desculpas, Samia, está tudo bem, eu sei que só estava cumprindo ordens!

-Você realmente tem um bom coração, Savine, porque se fosse outra pessoa me puniria de todas as formas assim como eu te puni…

-Não tenho poder para condenar ninguém e mesmo que tivesse eu não teria motivo algum de fazer ou falar algo contra você. Sei que estava desempenhando o seu trabalho, mas se for pra se sentir bem, eu aceito suas desculpas!

Savine declarou com um sorriso

-Ok, então vamos passar uma borracha em tudo isso, eu estava me sentindo mal, porque o seu comportamento não condizia com aquilo que haviam me falado sobre você e depois daquele episódio com aqueles dois miseráveis eu tive a plena certeza disso e agora pode acreditar, eu estou super aliviada, posso até respirar melhor, olha….

Samia comentou colocando as mãos no peito respirando

-Não ligue mais para isso, está tudo bem!

-Você ficou sabendo o que aconteceu com aqueles dois?

Samia a indagou

-Não!

Savine respondeu enquanto Samia olhava para os lados se certificando se havia alguém se aproximando..

-Então, o senhor Fergus capou os dois..

-Como assim, Samia?

-Arrancou os testículos do Tyler e do Ambrose,Savine! Eles estão castrados pelo o que fizeram com você, agora está todo mundo  amedrontado por aí, e cá pra nós, o senhor Fergus usou os dois como exemplo, mas não pense que estou te pedindo desculpas porque estou com receio de acontecer algo comigo, longe de mim isso, por favor!

Samia sussurrou em cautela

-Mas eles morreram?

-Não, nada disso! Eles irão voltar a trabalhar em breve aqui como antes, só que como uma espécie de eunucos iguais como os Reis do antigo testamento faziam antes de colocá-los como os guardas de suas esposas, eles mandavam os soldados retirar o tal órgão deles, entendeu?

Samia explicou atentamente balançando a cabeça e ainda continuou:

-Foi os irmãos, Fergus e Cathal que fizeram isso a sangue frio e pelos burburinhos que eu ouvi dizer. É…

- Savine a olhava desacreditada - mas, vamos mudar de assunto, essa semana iremos ter um evento filantrópico aqui na sede, parece que terá figuras da alta sociedade, também políticos, autoridades da justiça e algumas celebridades também, então será uma semana bem corrida e agitada, posso contar com você para me auxiliar nos mínimos detalhes, Savine?

-Claro, o que eu posso fazer para ajudar?

A jovem respondeu se inteirando das funções, Enquanto, Samia passava as coordenadas calmamente... 

Quando as atividades se encerraram, Savine percorreu em direção a porta que dava de frente com uma das saídas, estava com um prato recheado com sementes e vegetais se encontrando com o Corvo que tinha visto anteriormente, o alimentando, a jovem descobriu pelo próprio o animal que ele se chamava "Asmodeus", e ao acariciar a ave, Savine tomou um susto quando tombou em algo onde a  estrutura se remetia a uma dura parede de músculos em suas costas ao mesmo tempo se surpreendendo com a capacidade vocal do omnívoro em saudação constatando de que se tratava de Fergus, bem ali, no meio da escuridão com ela

-Meu Deus, o que faz aqui? Que susto!

Savine comunicou suspirando ofegante

-É que este animal é meu!

Fergus se manifestou com a voz rouca e grave

-Eu não sabia, eu pensei que ele só pousava aqui de noite para descansar, eu estou o alimentando com nutrientes necessários para sua saúde que só fazem o bem para ele..

Savine explicou mostrando o que estava em cima do prato

-Asmodeus é um aproveitador, ele come centenas de vezes ao dia, até mais do que o recomendado e mesmo já se sentindo satisfeito não sabe recusar essa comida que você oferece, parece que ele gostou de você, é difícil ele deixar um desconhecido se aproximar dele.

Fergus comunicou alisando o animal que abaixava a cabeça para ele em respeito 

-É que a visão deles é altamente aguçada, além de perceberem cada locomoção em fração de segundos , então, tem que tomar muito cuidado em não fazer movimentos bruscos, é importante não o olhar diretamente em seus olhos e saber respeitar o seu espaço, mantendo sempre o silêncio e a paciência não forçando a aproximação, só o observando de longe e a cartada final é essa, oferecer comida boa e pronto, já ganhou a confiança deles…

Savine respondeu voltando a alimentar "Asmodeus" 

-Como sabe tanto sobre corvos?

Fergus a sondou

-É Porque há pouco tempo eu me formei em ciências biológicas e fiz vários estágios em zootecnia, e sempre achei esse animal muito interessante pelo fato de ser completamente leal ao seu dono e pela forma complexa que se comunicam imitando sons de outros animais, barulho de objetos e até mesmo a nossa fala, tanto que foi pelo seu canto que eu cheguei até aqui…

A jovem explicou pegando o prato de volta

-Ele tem uma comunicação social intencionalmente hermética, mas o que me chama mais atenção é que a escuridão é sua maior aliada, é ela que o oferece extrema segurança no momento em que estão caçando seus predadores se movendo com mais vigilância e cuidado, já que são nascidos para lidar com a pouca luz, é um animal excepcional, que é capaz de planejar ações se aproveitando de certas habilidades que só um ser humano poderia executar com tanta rigidez, inteligência, boa memória. O comportamento coletivo de um corvo ultrapassa a capacidade de quaisquer outras espécies…

Fergus declarou com autenticidade 

-E como foi que ele chegou até aqui?

-Eu ganhei de um ex-combatente russo, depois de uma viagem a negócios que fiz até lá, "Asmodeus" é um corvus corone…

-Ah, entendi! É...então, eu vou indo! Boa noite!

Fergus agarrou em um dos braços de Savine a trazendo de volta até ele

-Porque eu sinto que fica fugindo de mim a todo momento?

O chefe da máfia rugiu em pergunta

-E Porque você está agindo de forma diferente comigo de uma hora para a outra? Como se nunca tivesse me ofendido e me tratado de um jeito tão frio e cruel me obrigando a ficar praticamente nua na sua frente? - como Fergus poderia esquecer do dia em que pesarosamente viu aquele par de seios rosados macios e delicados que cabia perfeitamente em sua boca, não tinha um dia ou uma noite sequer que ele não se recordava do dia em que obrigou Savine ficar assim para ele - Esqueceu também das duras  palavras que me acusou de ser? Claro, o senhor deve ter esquecido porque não era você no meu lugar!

Savine completou devidamente irritada

-Deixa eu me desculpar com você novamente

Fergus expressou não deixando a mulher escapar de seus domínios 

-Não, eu não quero suas desculpas esfarrapadas, eu sinto muito pelo que aconteceu com seus pais, com você e com seu irmão, mas não pense que a sua estória triste, vai ser capaz de me comover ou me  convencer de esquecer tudo e ter perdoar!

Savine rebateu tentando se soltar

-Agora quer dar uma de sonsa e tentar omitir o que me fez? Você invadiu a porra da minha sala e roubou algo que é MEU! O que me pertence! se aliando com aqueles dois bandidos filhos da putas!!! quer mesmo que eu passe por cima disso?!!!

Fergus se impôs perdendo a paciência 

-Eu não me aliei a ninguém, eu fui enganada! Eu tive que arcar com a despesa do enterro da minha mãe sozinha e estava querendo salvar a vida de duas mulheres em perigo, eu já disse! Eu não queria prejudicar ninguém, já chega! boa noite!

Fergus puxou Savine pelo braço novamente e a escorou entre a parede e ele com força

-Me solta, me deixa passar, senhor Fergus, por favor!

Savine implorou colocando suas mãos no peitoral definido de Fergus

-Você está me deixando louco, perdido, confuso, eu não sei mais o que fazer, em que acreditar mais, mas eu te peço perdão, perdão por tudo que eu te fiz, por todas as merdas que eu fiz e te falei até aqui, me perdoe, me deixe ressignificar todos os momentos ruins que eu te fiz passar

Fergus comunicou atordoado 

-Eu, eu não sei, eu vou…

Savine começou a gaguejar e Fergus partiu pra cima dela com tudo, agarrando o corpo feminino e tomando para si a  boca da jovem com um beijo quente, intenso, profundo, avassalador, chupando sua língua indo até ao fundo da sua cavidade praticamente a engolindo, enquanto apertava a cintura marcada da jovem, arranhando sua barba arrojada na pele delicada de Savine que deixou um gemido escapar de seus lábios demonstrando que estava sem fôlego pelo beijo selvagem e possessivo de Fergus.

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