Capítulo Vinte - Sonhando Acordada

Coloque os seus fones de ouvidos — 🎶 It’s must have been Love 🎶  Roxette

Kimberly Clark - 26 Anos

As chamadas recebidas através de um smartphone em cima da cabeceira ao lado da cama, não paravam de tocar, o toque que na verdade se tratava de uma canção dos anos 80, muito conhecida, chamada “ It’s must have been love”, interpretada pela banda Roxette que invadia o quarto de Kimberly naquela manhã, a melodia suave e melancólica, reforçava ainda mais sobre o sentimento de tristeza e a dor emocional a qual pairava sobre a jovem que estava deitada, ela se mais vez se recordou do dia anterior, do dia, em que tomou coragem para expressar tudo, tudo o que por muito tempo, sentia em segredo, perdida no silêncio das sensações que o único homem amava, o único, era capaz de agitar e acelerar o seu coração apaixonado, o único que mexia com a sua mente e imaginação, o único, que levava embora com ele, todos os seus suspiros, principalmente aqueles mais sufocados e contidos, definitivamente, era um sentimento que seu peito implorava para ser extravasado, dividido, exposto, compartilhado com urgência e com extrema necessidade, Kimberly, se recordava com lágrimas nos olhos a esperança que havia transbordado o seu coração na noite passada, ela sonhadora do jeito que era, pensava que de alguma forma, o seu sentimento, o seu amor, seria abraçado, comemorado, festejado por Cathal Brosnan…

🎶”…. Eu fecho meus olhos e fico sonhando …” 🎶

Ao ouvir a estrofe da música pela milésima vez, Kimberly, havia se recordado das noites em que imaginava ela e Cathal juntos, e acabou sonhando novamente, sonhou com o doutor subindo na janela de seu quarto para resgatá-la e levá-la com ele, sonhou também se casando com ele, sonhou com os lindos filhos que teria com ele, mas antes, havia sonhado com Cathal, se declarando para ela, na frente de todas aquelas pessoas que estavam presentes naquele evento beneficente, mas, que na dura realidade, foi cruelmente desprezada e constrangida por ele..

Kimberly, estava tentando se recuperar das palavras severas que Cathal havia usado contra ela em resposta, e resolveu finalmente atender o telefone

—- Oi, Brenda

Kimberly respondeu prontamente com uma voz pesarosa

—- O que aconteceu com você, Kim? Seus alunos estão te aguardando, estamos todos preocupados com você, não atende nossas ligações, você está bem?

Brenda, sua parceira profissional, comunicou completamente desesperada pelo sumiço de Kimberly, porque sabia que se ela faltasse teria que assumir o lugar da jovem também além do dela.

—- Meu Deus, eu perdi completamente o horário, pode comunicar a eles que eu estou a caminho, Brenda, eu juro que daqui a uns…. — Kimberly olhou o horário em seu telefone — É, bem daqui uns 15 minutos, eu chego! Tudo bem?

Kimberly havia dito se levantando rapidamente da cama, tomou uma banho apressado, se vestiu, arrumou o cabelo e saiu depressa em destino a pré escola a qual exercia a função de educadora infantil, onde seu pai ficou furioso com a decisão da jovem que abandonou a sua faculdade de engenharia química para se aventurar no curso de pedagogia, onde se formou e desde então começou a lecionar não conseguindo abandonar seus pequenos

—- Já vai brincar de professora naquela escolinha sem futuro a qual você insiste em dar aula?

O pai de Kimberly comunicou expressando a sua indignação pela filha ter escolhido o caminho contrário que ele havia traçado para bela morena de cabelos compridos

—- Vou sim, pai, o senhor quer alguma coisa da rua?

Kimberly respondeu tentando mudar o foco da  provocação do seu pai, como ele fazia todas as manhãs, antes dela sair para trabalho

—- Eu quero que a senhorita procure um pardieiro qualquer para morar, a partir de hoje, sua estadia nesta casa está com os dias contados, mas eu tenho certeza, que não fará nenhuma diferença pra você, já que sempre opta pelas piores decisões, suas primas estão todas formadas, casadas, morando fora do país, e você aí, parada no mesmo lugar e pelo jeito nem um marido vai arrumar, você já está caminhando para o seus vinte e seis anos e nada, nem um namorado sequer você já teve… ninguém aparece pra você, ninguém quer ter você por perto, não é, nem mesmo, eu que sou o seu pai, te quero perto mim….

Kimberly ouvia cada palavra do seu pai, engolindo o choro a seco, segurando firme suas lágrimas que ameaçavam sair

—- Tudo bem, pai, já que o senhor ficará feliz e aliviado em me ver longe, então, assim, eu o farei!

Kimberly informou e saiu em direção ao seu trabalho com o coração imensamente apertado, a jovem de longos cabelos escuros tinha sido criada somente por seu pai, já que sua mãe havia abandonado os dois, quando Kimberly era somente uma criança, sumindo no mundo sem deixar nenhum rastro ou um paradeiro sequer

—- Bom dia, bom dia! — Kimberly chegou cumprimentando seus alunos com um sorriso enorme na voz e um tom alegre  —- … quem aí está animado para mais uma aula, só que essa aula, é uma aula, muito, muito diferente, sabem porque? hoje teremos um encontro com a nossa querida “Lagarta Comilona” — Kimberly falava com uma entonação dinâmica e engajada na voz, enquanto, gesticulando as mãos como se fosse fazer cócegas nas crianças

A história da “ lagarta comilona”  narra sobre a importância da paciência, onde uma pequena lagarta cheia de curiosidade e fome, começa a sua jornada comendo de tudo ao seu redor crescendo a cada e a medida que ela se alimenta, ela sente a mudança acontecendo dentro de si se envolvendo num casulo onde há um período de espera e introspecção, e quando emerge, ela se transforma em uma linda borboleta, simbolizando o poder do crescimento pessoal e a beleza da renovação.

Depois que finalizou sua aula, Kimberly, encontrou Brenda no corredor do centro de educação infantil que atendia crianças em situação de vulnerabilidade social, a instituição oferecia educação e cuidados básicos para os pequenos em desenvolvimento.

—- E aí me conta, o que aconteceu naquele evento beneficente? Eu espero que tudo tenha saído do jeito que você sonhou, né, Kimberly? porque só o valor daquele ingresso daria para comprar um mega guarda roupa novo e uma cama box que eu estou necessitada, minhas costas não aguentam de tanta dor com aquele colchão velho que tenho na minha casa…

Brenda afirmou enquanto alongavam a coluna e percebeu que Kimberly estava com o olhar longe e cabisbaixo

—- Ah não, pela tua cara nem precisa dizer mais nada…

Brenda havia dito a observando cruzando os braços esperando Kimberly falar

— Eu fui muito direta com ele, eu errei, eu o segui a festa inteira, eu falei tudo errado, meu pai está certo, sabia? Eu não consigo acertar uma bola dentro, Brenda! Mas eu não vou desistir dele, isso não!

Kimberly respondeu cruzando os braços impaciente

—- Eu sabia que não ia dar em nada, esse homem é muita coisa pra você, Kimberly, vocês são de mundos diferentes, classes totalmente diferentes, só se ele estivesse louco, sair com você, não é? E com certeza louco é uma coisa que ele não deve ser…

Brenda comentou diferindo um olhar em desaprovação para Kimberly

— Eu não me arrependo de nada, posso até ter errado, mas não vou desistir!

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