Savine Sherman, 24 Anos
O som contínuo e penetrante ecoava na cabeça de Savine, causando-lhe ardor e arrepio. A jovem de aparência assustada segurava firme em um dos pulsos de sua mãe coberto por emaranhados de fios ligados ao oxímetro, um aparelho medidor usado para determinar a frequência cardíaca do coração que ameaçava parar de bater. Naquele instante, o quarto da unidade de saúde se encontrava em um intenso alvoroço. A equipe de suporte médico do renomado doutor cirurgião chamado Cathal - o responsável pela ala da cardiologia - adentrava no local para iniciar o procedimento de reanimação da paciente que, mesmo com os choques elétricos do desfibrilador, não correspondia às ações executadas pelos profissionais.
Savine estava paralisada; de seus olhos escapavam rios de lágrimas, o seu consciente não acreditava na cena que via. Ela balançou a cabeça diversas vezes em negação quando notou que todos os médicos em volta de sua mãe já haviam marcado no prontuário o horário do óbito da paciente. No impulso de desespero, ela caminhou depressa em direção à mãe na esperança de que a sua genitora correspondesse ao seu toque a sacudindo, porém, a jovem experimentou a sensação de estar dentro do seu pior pesadelo quando viu que a mulher que lhe criou oferecendo todo o carinho, amor e sustento estava completamente desfalecida em seus braços. Nesse momento ela mirou no cirurgião cardiovascular Cathal, que se direcionava à porta ignorando totalmente seus gritos e pedidos de socorro para não desistirem de sua mãe.
- Doutor, por favor!
Ela correu até ele cruzando suas mãos uma na outra em sinal de súplica, enquanto toda a equipe se mobilizou rapidamente retirando todos os equipamentos médicos em volta do corpo sem vida
-A dondoca aqui acha mesmo que a mãe morta dela é a minha única prioridade desta unidade? Tenho milhares de pacientes para averiguar, leve essa carcaça murcha deste cadáver daqui e a enterre-a em algum buraco por aí, porque é disso que ela realmente precisa agora!
Respondeu o doutor com uma carranca sombria e mal humorada, após esgotáveis 48 horas de um movimentado plantão com centenas de familiares que faziam o mesmo pedido da mulher que suplicava aos prantos imóvel em sua frente, alguns que estavam presentes no local o encarava devidamente espantados, outros se retiravam, uns disfarçavam com um sorriso forçado e os demais se refugiavam em um canto qualquer sem coragem alguma de enfrentar o poderoso médico.
- Que tipo de pessoa insensível e cruel como você que se diz um grande médico cardiologista responsável por cuidar dos corações das pessoas e não tem ao menos um pingo de bom senso e empatia com a dor alheia?!
Savine rebateu imensamente horrorizada e inconformada que esbravejava em suas palavras enquanto o doutor a descartou com desdém, direcionando suas últimas coordenadas aos seus assistentes desaparecendo pelas portas do ambiente hospitalar e a deixou falando sozinha
- Não liga pra ele Savine - uma voz feminina soou no local.
- O doutor Cathal é frio, grosseiro e tem esse dom mesmo de ignorar a todos... mas quer saber de uma coisa? Esse homem é um gostoso! Além de ser uma loucura na cama… Afff, eu fico até sem ar e minhas pernas ficam bambeando mais do que vara verde só de lembrar dele….
-A minha mãe acabou de morrer e você acha mesmo que eu sou obrigada a ouvir esse tipo de comentário absurdo e nojento? Cala essa sua boca, Leila! E tira essas suas mãos de mim. Você como uma enfermeira, uma profissional da saúde deveria ter o mínimo de seriedade e respeito. Deus, que tipo de hospital é esse?
- Me desculpa Savine, eu… bem, não era minha intenção. Meus sentimentos de verdade! Eu cuidei e acompanhei a sua mãe desde o início do tratamento e sei do sofrimento e da luta que você está passando. Desculpe-me mais uma vez, eu sou uma tola, uma idiota.
Leila abaixou a cabeça envergonhada.
- Tudo bem... Eu preciso sair agora e correr contra o tempo. Tenho que agilizar toda a documentação de liberação, arrumar valores das dívidas do hospital e do…. do enterro dela. Se algo acontecer não deixe de me ligar, não importa o horário só me ligue, ok?
Savine estava juntando forças dentro de si para conseguir expressar perfeitamente o seu raciocínio e organizar seus pensamentos agitados. Se despediu de Leila saindo da casa de saúde e logo entrou numa agência bancária mais próxima, verificou o valor disponível na sua conta, mas tudo o que tinha era um saldo de U$$ 2,98.
-Droga!
Tentou até mesmo uma possibilidade de realizar um empréstimo pessoal, mas não foi possível pelo pouco tempo de abertura da conta.
Esgotada, voltou para a casa em que dividia com a sua mãe, sua tia e sua prima. Refletiu nas palavras que iria usar cuidadosamente para contar à sua madrinha sobre o que havia ocorrido e que se ela poderia socorrê-la dispondo do valor que necessitava e a devolveria em pequenas parcelas, jamais deixaria a sua família na mão,principalmente a irmã de sua mãe.
Abriu o portão da casa procurando pela tia
-Tia Ofélia, está em casa? Eu preciso conversar com a senhora.
Savine parou na aduela da porta da cozinha e fitou Ofélia sorrindo distraída enquanto digitava algo em seu celular e chamou pela tia novamente.
-Aah, finalmente a donzela dessa casa resolveu aparecer.
Respirou fundo com a provocação de sua tia. Não era a primeira vez que Ofélia disparava indiretas e ofensas contra ela, a desmerecendo pela sua situação financeira e por não ter obtido uma oportunidade de subir na vida.
-Eu estava no hospital, tia. Infelizmente, as notícias que tenho não são nada boas.
-Estranho seria se você viesse com algo de bom, não é mesmo, sobrinha?
Ofélia a questionou em tom de deboche
-Tia, a minha mãe, quer dizer a sua irmã, teve uma parada cardíaca e… e ela acabou não resistindo e infelizmente, nos deixou nesta manhã
A jovem caiu no choro pesado
-Ai não… Savine, me faça um favor querida! Não começa com essas suas lágrimas ridículas, desde criança você tem esse tipo de comportamento que no mínimo é patético! E sinceramente, me sinto farta disso tudo, não estou interessada em ouvir. Você junto daquela mosca morta da minha irmã… bom, que Deus me perdoe e a tenha dentro de seus átrios para bem longe de mim.. Vocês duas são aquele tipo de gentinha que só atraem fracasso e destruição por onde passam. Como conseguem viver desse jeito? hãm? me explica?
-Eu lamento se não pude atingir suas expectativas sobre mim, tia.
Ofélia revirou os olhos
-Deixa eu te falar, estou saindo para viajar, tá! Sophia, a minha filha linda, beem diferente de você, graças a Deus! Fisgou um tremendo de um multimilionário francês e se casará com ele neste sábado, será uma festa reservada somente para os familiares e amigos mais próximos dos dois, e eu, obviamente estarei embarcando hoje em um vôo direto para Paris, pode ao menos cuidar dessa casa pra mim esses dias, é possível?
-Eu desejo de todo o meu coração uma jornada repleta de amor e alegria para a Sophia, tia. Que ela tenha um dia incrível ao lado de seu futuro marido. deve ser bom ter o apoio de sua família e de quem você mais ama em um momento mágico e inesquecível como esses.
Savine suspirou em derrota
-Tia Ofélia, eu preciso de ajuda, na verdade se trata de uma certa quantia em dinheiro para quitar as dívidas do hospital e os gastos do funeral da minha mãe, eu juro que eu lhe pagarei aos poucos e ….
Ofélia a interrompeu indignada
-Como assim você não tem dinheiro para arcar com os custos da sua própria mãe, garota? E ainda tem a audácia de me pedir emprestado?
-É que tudo aconteceu muito rápido, o meu salário desse mês foi somente para medicações, consultas, cirurgias e a internação repentina dela, eu não tinha como prever que tudo isso iria acontecer de uma vez só…
-Uma pena Savine, mas não posso te ajudar. Eu tenho uma viagem marcada para fazer, tive que comprar passagens e reservar as diárias do hotel, e eu não vou perder o casamento da minha filha, por causa de vocês. Não é justo!
-Tudo bem tia, não vou mais tomar seu tempo. Faça uma boa viagem e não se preocupe. Eu vou dar um jeito nisso tudo.
Ela subiu até o seu quarto, tomou um banho demorado e se vestiu, abriu a sua bolsa para verificar se havia alguma chamada ou mensagem de alerta do hospital em seu celular e como não tinha nada, Savine guardou o seu aparelho de volta e acabou encontrando sem querer um folheto antigo que tinha como título “Empréstimo Imediato e Sem Burocracia” com uma espécie de tabela que indicava os valores cedidos temporariamente de um lado e do outro as parcelas com juros altíssimos de devolução.
Sem pensar duas vezes ela entrou em contato com o correspondente bancário da região, não demorou e logo ela chegou no local e horário combinado, firmou contrato com um agente chamado Michael Smith, que não se apresentou verdadeiramente como agiota e sim como um mero representante de uma cooperativa de crédito ligado ao Banco Central dos Estados Unidos . O homem de olhar cínico, analisou Savine dos pés à cabeça gostando muito do que via, no ato da assinatura omitiu da jovem do mesmo jeito que fazia com seus outros “clientes” sobre os riscos que o percentual de juros do valor negociado aumentaria silenciosamente ainda mais do que a quantia real acordada, e que se caso a dívida estivesse com um único dia em atraso, a cobrança não seria nada amigável onde a garantia do empréstimo ocorreria com riscos de ameaças, perigo de sequestro e até mesmo a morte do beneficiário(a).
Savine rapidamente efetuou o pagamento do hospital e realizou o enterro de sua mãe em que só estavam presentes, ela, o pastor conhecido da família e Leila, a enfermeira que cuidou de sua mãe que acabou se tornando uma amiga. O dia terminou com um clima árduo e muito denso, ela voltou para casa em que dividia com sua tia que naquele momento se encontrava no casamento da sua então prima em um outro País.
Cabisbaixa e se sentindo ainda mais sozinha, ela se deitou no sofá, pegou seu celular e abriu no aplicativo de rádio sintonizado em uma estação que tocava canções especialmente de rock dos anos 80/90. Colocou os fones de ouvido fechando seus olhos respirando bem fundo, se concentrou na música “Don’t Cry” da banda “Guns N' Roses” que de alguma forma a letra dessa canção conversava com ela e lhe passava algum tipo de conforto.
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“…..Fale comigo suavemente
Há algo nos seus olhos
Não se afunde na tristeza
E, por favor, não chore
Sei como você se sente por dentro
Eu já passei por isso antes
Algo está mudando dentro de você
E você não sabe.
Não chore esta noite
Eu ainda amo você
Não chore esta noite
Há um paraíso acima de você, querida
E não chore esta noite….”
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Olá meu nome é Sindy, e sou nova por aqui, escrevi essa estória com muita empolgação, mas, não tive a intenção de compartilhar com ninguém, porém, quando eu estava sozinha na cozinha da minha casa obtive um pequeno insight de dividi-la com vocês, mesmo que somente eu leia sozinha aqui...
Lembrando que não compactuo com qualquer tipo violência seja ela física ou verbal, seja ela praticada pelos personagens ou não, no mais, desejo uma boa leitura para quem estiver aqui, um beijo grande. ❤️🧸
Fergus Brosnan, 36 anos
Fergus estava deitado dentro de sua cela particular. O cheiro fétido misturado com o odor forte de mofo empoeirado da cadeia o familiarizou relembrando dos velhos tempos de reformatório, quando ele e seu irmão mais novo haviam ficado órfãos após inocentemente seus pais morrerem num trágico acidente de incêndio que foi cruelmente premeditado por uma mulher enciumada ao descobrir a traição de seu companheiro através de um renomado detetive contratado.
Foram dias em que a mulher estava perseguindo seu esposo até o local informado pelo investigador, onde ali seu parceiro passava suas noites de aventuras quentes e amorosas ao lado de seu caso extraconjugal. Foi então que ela colocou seu plano em ação e ateou fogo e gasolina por toda a extensão da área.
Sob as luzes intensas das chamas alaranjadas que rapidamente se alastraram por toda a vizinhança e alcançou as demais casas gerando uma série de explosões, nuvens pesadas de fumaça que trouxeram caos e destruição entre os moradores que nada tinham culpa.
Mas aquela senhora assistia a tudo completamente satisfeita e muito orgulhosa de si mesma; não havia se importado com as terríveis consequências de seu ato ao causar a morte de mais de cinco mil habitantes da pequena aldeia Viking de Njardarheimr, localizada na cidade de Gudvangen que, antes dessa lamentosa catástrofe, a localidade era bastante conhecida como um dos paraísos mais famosos da Noruega com paisagens verdejantes, lagos e vilas costeiras rurais onde Fergus e seu irmão viviam tranquilamente ao lado de seus pais.
A assassina havia sido presa, porém logo foi liberada na sua primeira audiência que ocorreu dias depois de ter efetuado o seu crime já que, por pertencer a uma família de grande influência no território Norueguês, teve o direito ao pagamento de uma bela fiança e ainda debochou no tribunal do júri sem o mínimo de respeito e condolência diante das centenas de vidas que foram bruscamente interrompidas por conta da infidelidade de seu cônjuge somente para satisfazer o desejo de seu ego ferido através de uma mísera vingança, na qual desencadeou traumas e feridas marcadas na alma de quem ficou, e a justiça que deveria ser feita, foi estupidamente falha naquela época onde puniam os mais necessitados e livrava a cara da alta sociedade.
Fergus não achava injusto uma pessoa se defender de uma traição, desde que não envolvessem terceiros e inocentes como aconteceu com a morte de seus pais resultando em uma infância completamente roubada, perdida, e com isso acabou adquirindo uma mente gelida, diabólica e sombria após esses duros acontecimentos.
Ele e seu irmão cresceram no reformatório como dois delinquentes. Eles haviam combinado com o pequeno garotinho de olhos azuis que mais possuía um tenebroso aspecto maligno, em contraste com a sua pouca idade cujo combatia atentamente a qualquer tipo de movimentação em sua volta, a se recusarem a ida para um orfanato.
Em hipótese alguma deixaria um irmão seu desprotegido caso fossem adotados separadamente por algum desconhecido no mundo. Fergus sabia que perderiam o contato e não iria correr o risco de acontecer algum tipo de agressão, abusos ou assassinato como diariamente ocorriam com crianças e adolescentes que, de forma repentina e sem muita explicação pela família adotiva, apareciam mortas e desaparecidas, não, isso nunca!
Optaram por lutar, ferir e até mesmo matar seja lá quem fosse para permanecerem juntos. Pois, descobriram a sujeira do mundo da pior maneira possível, largados e crescidos ali como menores infratores aniquilando garotos de comportamentos bárbaros, revoltados pela infeliz peça do destino. Mas para existir nas trevas era preciso ver a cara da morte para saber que ela está bem viva.
Fergus havia feito muitos jovens inimigos na mesma proporção em que fez muitos aliados. Aprendeu rapidamente a liderar e logo começou a comandar e ser a própria lei daquele lugar com apenas 10 anos de idade. Aos 16 saiu do reformatório e caçou a principal causadora que alimentou seus violentos demônios e movimentou o seu mais profundo inferno particular com sangue nos olhos, cobrou alguns serviços sujos em que foi contratado por grandes contatos e segundos depois ela foi localizada, poucas horas antes dele e seu irmão embarcarem para os Estados Unidos e se associarem a organização criminosa chefiada por Saul Hudson, o Don da máfia norte-americana.
Saul escolhia a dedo jovens garotos com habilidades, inteligência e que não fugiam de uma boa briga no internato para serem seus soldados. Hudson além de chefiar o submundo, ele também chefiava o seu próprio Estado. Conhecido por ser um magnata de sucesso, grande filantropo e sócio humanitário de projetos sociais, utilizou isso muito bem ao seu favor, enxergou todos esses atributos em Fergus e em seu irmão, impossíveis de passarem despercebidos, foram os primeiros a serem convocados com um salário muito bom e estadia cedida pela organização, exatamente tudo que eles precisavam para se instalarem e iniciarem suas respectivas jornadas.
Como estava previsto, antes de embarcar em seu vôo em direção ao seu novo País, Fergus estacionou na frente da casa de sua malfeitora, entrou pelo portão principal sem nenhum pudor e a encontrou tranquilamente com um aspirador de pó em suas mãos realizando a limpeza de uma enorme sala luxuosa enquanto cantarolava sorridente uma canção chamada “My Way” na voz de Frank Sinatra onde a faixa musical exalava a auto afirmação sobre a individualidade e descrevia uma vida vivida sem arrependimentos enaltecendo as escolhas feitas minimizando os erros de que o caminho escolhido valeu muito a pena.
🎶🎶🎶🎶🎶🎶🎶
“…Arrependimentos, tenho alguns,
Mas por outro lado, muito poucos para citar.
Eu fiz o que eu tive que fazer
E continuei fazendo sem isenção.
Eu planejei cada curso traçado,
Cada passo cuidadoso ao longo da trilha,
E mais, muito mais que isso,
Eu fiz isso do meu jeito…”
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Ela vocalizou cada estrofe da canção com louvor, como se estivesse entoando um cântico sagrado. Fergus se lembrou de uma reportagem qual a mulher havia concedido à imprensa em que dizia que Deus havia lhe perdoado e que tudo se fez novo em sua vida, e seu passado já não importava mais.
Fergus pensou em seus pais, e nas outras tantas vítimas desse crime tão absurdo e inconsequente, já não importavam mais? Foram esquecidos somente para aliviar e justificar um assassinato em grande massa usando o nome de Deus em vão?
Sempre que ele se lembrava dessa tal entrevista, a fúria se instalava em sua alma duramente carregada, ele fechou os punhos com tanta intensidade que em seus olhos era perceptível a desumanidade e o desejo árduo de fazer justiça com as suas próprias mãos.
Fergus se aproximou da mulher com agilidade, cravou suas mãos pesadas no pescoço dela e a girou violentamente para si, prendeu seu cotovelo firmemente no queixo e usou seu antebraço nas laterais do pescoço feminino e a apertou com tanta força que ela até tentou gritar amedrontada mas foi rapidamente silenciada por ele.
-Não se preocupe, Eleonor Thomas, assim como você fez naquela noite do dia 25 de Abril em que você matou os meus pais sufocados e queimados vivos pelo fogo na minha casa eu também serei breve em te matar, já decidi a sua sentença e hoje você também vai queimar.
-Socorrooo, nãooo!!! Deus já me perdoou, me deixa em paz!
Ela temeu pela sua vida ao tentar se desprender das garras dominantes de Fergus sendo inútil pela força brutal e o seu tamanho que era três vezes maior que o dela.
-Deus pode até ter perdoado uma assassina filha da puta como você, mas aqui, debaixo do meu poder quem manda e faz o caralho das leis, sou eu!
-Me larga, seu bandido lunáticooo! Eu vou chamar a polícia e eles irão acabar com você!!!
-Sabe, Eleanor, a minha vontade é de queimar você viva bem aqui, no meio dessa sala, seria um espetáculo e tanto pra mim, você não acha?
Eleanor sentiu seu coração quase escapar pela boca com a sensação de medo saltando por suas veias, pelas palavras e a presença sombria e assustadora que Fergus exalava enquanto a música de Frank Sinatra tomava conta do ambiente.
-Essa máquina que você usa para limpar a sujeira desse lugar é ideal para defumar sua alma imunda, e porra, Eleonor, você fede pra caralho! Mas eu sou a pessoa certa para dar um trato em você e te mandar de uma vez para o meu inferno.
Sem perder mais tempo, Fergus pegou uma longa extensão e a conectou na tomada, enroscou os fios no braço esquerdo da mulher que se debatia atordoada lançando uma série de ameaças e xingamentos contra ele.
-Por um momento eu pensei que você estaria chamando por Deus, mas vi que realmente se trata de uma hipócrita desgraçada assim como eu! Somos todos iguais Eleanor, vamos todos para o mesmo lugar. A única diferença entre você e eu é que o tamanho do seu ego te deixou burra e toda vez que eu acender os meus charutos vou me lembrar de você bem aqui, se esturricando, carbonizada como uma puta miserável no meio dessa sala
Fergus soltou uma gargalhada horripilante
-Espero que goste da sua estadia no inferno, mande lembranças a ele por mim.
Fergus ligou o aspirador de pó na extensão elétrica, a corrente de alta tensão atravessou brutalmente o corpo feminino, Eleonor, só teve tempo de gritar já caindo morta no chão da sala, em seguida, ele fechou todas as janelas da casa e caminhou até a cozinha, abriu o registro e a válvula de proteção do gás, girou todos botões do fogão no intuito de aumentar a potência e intensidade de calor sem acender a chama dos queimadores. Quando ele notou o vazamento, acendeu todas as luzes e saiu assobiando da residência.
Fergus caminhou tranquilamente em direção a uma van escura que o aguardava do outro lado da rua, quando a grande explosão aconteceu, a fumaça já havia tomado conta do lugar e pedaços de vidros, madeira, plásticos foram todos arremessados flutuando pelo ar.
Olhou e acenou para uma das câmeras de monitoramento sabendo que seu irmão estava lá, conectado a uma grande rede de computadores que enviava localizações e imagens de segurança em tempo real, era ele quem apagava todo e quaisquer registros de Saul Hudson e seus guardas no reformatório de madrugada para a iniciação e treinamentos da organização, agora ele deletava também os de Fergus. O jovem sabia como derrubar códigos e invadir sistemas de qualquer lugar sem nenhuma dificuldade.
Depois da missão particular, os irmãos Brosnan's se mudaram de vez para os EUA e começaram suas respectivas jornadas na máfia, o chefe da “BlackRock” Saul Hudson tinha a sua própria regra no submundo, todos os seus soldados, conselheiros e subchefes deveriam ter acesso à educação e se formarem em alguma profissão obrigatoriamente em seu campo. No seu código de ética, Hudson costumava dizer: “ Um soldado para chegar ao topo do Mundo não é aquele que apenas sabe manusear uma metralhadora e detém inúmeras habilidades marciais para apagar seja quem for que estiver no seu caminho, na verdade, vai muito além disso. "ESTAR" e se "MANTER" no topo é para líderes, líderes esses que possuem resiliência, estudos científicos e um amplo conhecimento sobre tudo para comandar e dominar o controle sobre homens perigosos.”
Por mérito ao seu monstruoso conhecimento em ciências e tecnologia, Fergus se formou em Engenharia Mecânica e Física Atômica no MIT (Massachusetts Institute of Technology) e estagiou por pouco tempo na Rolls-Royce Industry Corporation. A 3° maior petrolífera que em função de sua genialidade e eficiência em numerosos projetos aprovados pela cúpula da presidência, ganhou notoriedade do diretor executivo Peter Ross e do presidente geral Arthur Campbell.
Fergus elaborou o planejamento da descarbonização de refinarias e usinas petroquímicas por meio da captura de hidrogênio e dióxido de carbono em solos agrícolas, ele utilizou aproximadamente meia tonelada de CO² para sua pesquisa feita em seu laboratório particular onde havia descoberto que se aumentasse a presença de carbono em Terra, contribuiria para saúde e produtividade da cultura e ainda ofereceria outros benefícios como sombra e forragens para os gados amplificando a fotossíntese e retirando os combustíveis fósseis do meio ambiente, isso contribuiu para que ele fizesse um acordo milionário a longo prazo com a “Tess” sua transportadora de armazenamentos como cargas, gases industriais e equipamentos utilizados para fins particulares qual facilitava o esquema de lavagem de dinheiro dos seus negócios ilícitos do submundo assim como seus outros estabelecimentos e comércios internacionais que ele sempre manteve as escondidas utilizando nomes e documentações de fachadas.
O conselho das indústrias Rolls Royce pareciam não se importar com planos de inovações a favor da conservação ambiental, e isso incomodava Fergus ao ponto de fazê-lo implantar, desta vez, sem o aval da diretoria, a produção de biocombustíveis através das microalgas, composta em pasta verde gerada naturalmente em solo que ao passar pelo reator químico são convertidas em óleo refinado usado como uma alternativa energética no etanol, hidrogênio e metano, isso serviu como incentivo no impacto em projetos ativistas o qual ele já havia nomeado de “Green Earth no.1” a fim de despoluir nas mudanças climáticas.
Esse foi o simples motivo que deixaram os líderes da companhia furiosos com Fergus, porém, nesse meio tempo havia uma auditoria silenciosa mediante a pressão dos acionistas, políticos, veículos de informação e o grande público pelo desleixo dos executivos no combate do aquecimento e ebulição global fazendo com que todos fossem afastados de seus respectivos cargos.
Devido ao sucesso do projeto e a descoberta, Fergus foi parabenizado pela bancada política e socioambientalista com o crescente potencial de lucros em novas linhas de negócios.
Fergus chegou bem rápido na liderança e tomou uma breve decisão, incentivado por seu chefe e seu amigo do submundo ele comprou uma grande parte em ações e tornou-se um dos sócios majoritários entre os membros do conselho, foi o mais cotado e eleito para assumir a presidência, que o tornou CEO da Rolls.
Nunca havia restado dúvidas que Fergus se destacava em ser o melhor engenheiro mecânico, físico e gerenciador de projetos daquela companhia, foi ele quem conduziu e comandou o sucesso com sagacidade, tanto que após a sua chegada, alavancou todas as ações de mercado em números muito significativos em anos nunca vistos, onde a Rolls se tornou a única indústria petrolífera a trazer tecnologia e sustentabilidade em um único lugar lucrando mais de 6 trilhões ao ano saindo do 3° lugar para o 1° lugar em pouquíssimo tempo.
Mas o que Fergus sempre quis e realizou com êxito foi fundar a sua própria indústria nuclear a “ Nexus Company”, focada em fabricação de aviões, equipamentos militares, naves aeroespaciais, armas, munições, blindados e explosivos nucleares.
Ele desenvolveu um projeto pessoal e muito significativo em sua companhia chamado “Black Hawk”. Um helicóptero Tiger de uso geral acoplado em um tanque extra capaz de reservar mais de 4 mil litros de água conectado às demais aeronaves, utilizado para auxiliar bombeiros em terra a apagar chamas de incêndio com mais rapidez e segurança.
Ele conseguiu gerenciar muito bem as suas múltiplas jornadas em ser o presidente das indústrias Rolls, o dono da Nexus, empresário e chefiar uma maiores da organizações criminosas norte-americana onde Saul Hudson o nomeou para comandar ao seu lado, se tornando seu braço esquerdo e direito, já que Hudson estava atarefado com a sua agenda de compromisso público e político por ser o governador dos Estados Unidos.
Conhecido por nunca fugir de uma boa briga, até mesmo participava de lutas livres desafiando seu próprio irmão e soldados da organização em duelos dentro de um ringue apenas para se distrair.
Fergus estava há dois dias na cadeia porque presenciou uma tentativa de abuso infantil dentro de um restaurante, onde um sujeito tentava se aproveitar de uma criança e se intrometeu partindo pra cima do indivíduo com uma garrafa de vidro em suas mãos quebrando ao meio e cravando a metade dela no pescoço do homem que caiu morto completamente ensanguentado no chão.
Ele aguardou e se entregou tranquilamente, na verdade, além de defender um ser totalmente indefeso, a sua entrada na prisão tinha um real propósito, havia uma pessoa qual ele queria eliminar e se tratava de um chefe da máfia russa chamado Nikolai Smirnov mais conhecido como o “cara sangrenta” que estava na mira da Interpol por crimes de sonegação fiscal e tráfico internacional de mulheres, Smirnov abandonou o seu país local e a organização que comandava apenas para livrar-se a si mesmo, deixando seus aliados no fogo cruzado.
Munido apenas por um passaporte e documentações perceptivelmente falsas, ele foi condenado e estava cumprindo alguns anos na prisão em solo americano sem direito a extradição e até mesmo comemorou com a decisão por se sentir seguro, pois, sabia que os russos o mataria na cadeia de seu País, mas o que Nikolai não fazia idéia é que por estar no território norte-americano chefiado por alguém que fazia questão da sua caveira, talvez a sua sentença já havia sido julgada por uma autoridade ainda mais poderosa em relação a suprema corte americana.
Fergus estava deitado refletindo nos últimos acontecimentos da sua vida, quando a música “don't cry” da banda Guns and roses terminou de tocar. Após a meia noite, três batidas na grade de ferro foram ouvidas e assim como o combinado entre os policiais que estavam em sua folha de pagamento, a cela em que estava foi aberta e ele saiu em direção a comarca onde Nikolai estava.
Entrou na cela tranquilamente, puxou Nikolai pelo colarinho da camisa e o arremessou contra a parede que acordou com o impacto brutal ficando cara a cara com ele.
-Caralho, Brosnan! Como você entrou aqui?
-Nikolai balbuciava olhando para os lados já se ajoelhando como um grande covarde que era
-Eu sabia que você ia voltar Nikolai, e que iria pedir proteção pra aquela ganguezinha de merda que pensam que eu não vejo o que estão fazendo.
-Cara me desculpa, eu, eu, eu não queria te prejudicar é que eu fui obrigado a fazer tudo aquilo, eles me ameaçaram, porra!
Fergus gargalhou
-Eu vi a forma que você foi ameaçado, recebendo 100 milhões de dólares facilitando a implantação do tráfico clandestino daquelas crianças e mulheres na porra do meu território organizado por aquele filha da puta do Rodriguez, a hora dele também vai chegar como a sua chegou.
-Vamos conversar, Brosnan, por favor!
-Eu não converso com traidores, eu os mato com as minhas próprias mãos.
Fergus rapidamente retirou um lápis do bolso da calça moletom que usava e o lançou velozmente dentro do ouvido de Nikolai que nem ao menos teve tempo para levantar qualquer suspiro, o chefe da máfia russa estava morto aos pés de Fergus que o ergueu e amarrou o pescoço do homem em um lençol branco da cadeia simulando um enforcamento, seria mais um entre os milhares de casos de suicídios na cadeia.
Na manhã seguinte ele foi liberado, os pais da criança quase violada haviam prestado depoimento e provas a seu favor
Seu irmão o aguardava no roll da delegacia com os braços cruzados
-Porque não deixou o serviço para um dos seus soldados? Você é maluco, caralho?
-Você acha que eu entregaria a cabeça de Nikolai na bandeja para um dos meus soldados se deliciarem ao invés de mim? O prazer de ver aquele desgraçado agonizando era somente meu.
Os dois sorriram e depois se abraçaram
-Não é novidade nenhuma pra mim que você é o pior, Fergus Brosnan.
-Eu não teria tanta certeza assim, Cathal Brosnan… sei muito bem que você é um hacker metódico e cirurgião cardiologista da pior raça dos carniceiros que sabe muito bem como destruir e desossar qualquer coisa que vê pela frente.
Savine
O alarme despertou e Savine prontamente se levantou do sofá onde havia cochilado na noite anterior. O primeiro dia após o enterro de sua mãe não foi nada fácil para ela. Savine chorou, chorou muito, aquela sensação de angústia a atingiu dolorosamente em seu peito naquela manhã.
Ela fechou seus olhos e se recordou do velório, das palavras reconfortantes do pastor responsável da igreja em que sua mãe havia frequentado.
- A vida não é apenas feita de momentos bons e alegres, irmã Savine, mas também de dificuldades e dor, mas são exatamente nesses momentos tortuosos que devemos aprender lições valiosas, uma delas é demonstrar a nossa força e a vossa fé...
Savine enxugou suas lágrimas e seguiu para o seu quarto, tomou um banho, trocou de roupa e foi preparar o seu café da manhã, depois partiu para uma faxina caprichada para espantar todos os pensamentos negativos e se manteve firme durante aquela tempestade em que ela passava, quando finalizou o almoço ouviu a campainha tocar e foi correndo atender.
-Leila?
Savine olhou surpresa para enfermeira que cuidou de sua mãe aparecer na sua porta com os braços abertos pra ela
- Olá, eu passei aqui para te ver, te fazer uma surpresa e saber como você está.
Savine deu um meio sorriso
- Ah, obrigada por ter vindo, Leila! Você não imagina como fez bem esse seu abraço apertado!
Agradeceu com os olhos cheios de lágrimas.
- Ei, Savine, olha para mim, isso tudo vai passar, a dor vai diminuindo aos poucos.
- Eu estou me sentindo perdida, Leila, não sei o que irei fazer daqui pra frente... às vezes, eu, eu tenho a sensação que a minha vida vai piorar ao invés de melhorar…
- Não fala isso, Savine, de jeito nenhum! As palavras e os pensamentos têm muito poder! Não faça isso consigo mesma. Aproveite esses dias para colocar suas idéias no lugar com calma, mas continue a fazer o que estava fazendo, tenho certeza que sua mãe não iria gostar de ouvir a filha dela proferindo essas palavras.
- É, você tem razão, Leila, para ser honesta eu estou muito surpreendida de ver você falando desse jeito - Savine deu um sorriso de lado- nem parece a enfermeira que conheci alguns meses atrás, e sinceramente, eu achava que você era louca.
- Mas eu sou louca, sou completamente louca pelo doutor Cathal e eu queria tanto que aquele homem só pra mim, que ele cuidasse de mim, do meu coraçãozinho, do meu corpinho, da minha..
- Shiii, eu já entendi, por favor, vamos mudar de assunto… você já tomou café da manhã? Se sim, não importa, vai tomar comigo, eu fiz e não tive ânimo de comer sozinha, agora vem, vamos comer logo…
- Mas nem precisa perguntar, é lógico que eu vou aproveitar uma boquinha livre, minha filha.
- Você é demais, Leila! Obrigada por estar aqui comigo e me fazer sorrir, mas me responda uma coisa, como você descobriu o meu endereço ?
- E de qual lugar seria? dos registros da sua mãe no hospital, ué, aliás, Savine, não querendo ser intrometida, mas já sendo… então, eu não pude deixar de ver sobre o que aconteceu com o seu pai, coitado, morreu trabalhando…
- Meu pai não era nenhum coitado, Leila! Muito pelo contrário, ele trabalhava como carpinteiro em uma grande construtora e morreu depois que despencou de um prédio com 46 andares em construção, dá pra imaginar que isso aconteceu dias antes do mesmo abandonar eu e a minha mãe sem nenhum motivo aparente, simplesmente do nada! Nessa época morávamos em uma casa muito boa mas que infelizmente era hipotecada com muitas despesas para pagar; a minha mãe até trabalhava para ajudá-lo a quitar os gastos, enquanto eu, eu era apenas uma criança, o salário da minha mãe não foi o suficiente para pagar tantas dívidas sozinha e depois disso creio que você já saiba o final - Savine arfou - viemos morar de favor aqui, nessa casa, que pertence a minha tia, porque perdemos a nossa propriedade para o governo por causa do homem que enganou a minha mãe.
- Mas seu pai não te visitou nenhum dia antes disso tudo acontecer? Não é possível, ele deve ter te deixado uma herança, uma indenização? Você recebeu, certo?
- Não recebi e nem quero receber nada que venha de um sujeito tão sujo e cruel como ele. Só eu sei o que eu passei depois de seu desprezo e desinteresse. Só eu vi de perto o sofrimento da minha mãe por causa daquele traste e isso me machucou demais.
Savine secou suas lágrimas.
- Eu te peço desculpas por fazer você se recordar de momentos tão difíceis, Savine! Não foi com esse objetivo que eu vim te visitar, me perdoe!
- Você não tem culpa de nada Leila. É normal que tenha curiosidade, está tudo bem, não se preocupe comigo.
- Eu fico preocupada com você sim e pelo que vejo você está passando por tudo isso sozinha, pelo jeito essa sua tia também não é mais viva também..
Savine não se aguentou e deu uma risada sincera
- Você é a melhor, Leila! A minha tia é viva sim, só teve que viajar, ela está no casamento da minha prima que foi ontem lá na França.
- Ah, então quer dizer que sua tia e essa sua prima aí, são as suas únicas parentes vivas, certo?
- isso mesmo.
- E a sua prima realizou um casamento no mesmo dia em que a tia dela faleceu?
- Eu acredito e entendo que não dava pra cancelar tudo de última hora
- E você sabia disso, sabia do casamento da sua prima?
- Eu fiquei sabendo horas antes da minha tia ir.
Savine deu de ombros
- Nossa.... bem típico de uma “família” mesmo, só mudam de sobrenome e endereço.
Leila balançou a cabeça em negação irritada
- Não fica assim, Leila... Eu sou muito grata a minha tia por ter aberto as portas dessa casa para minha mãe e para mim… Mesmo que em alguns momentos eu sinto que ela e a minha prima não gostarem muito de se aproximarem e até nos excluíam de quase tudo falando somente o necessário ou quando realmente precisavam de algo e eu via tudo isso e nunca comentei nada com a minha mãe porque eu sabia que ela ficaria triste, pois amava muito a irmã dela.
Savine não se importava com artigos de luxos ou com coisas supérfluas que extrapolavam a sua necessidade. Ela era uma jovem humilde que trabalhava muito para cuidar de sua mãe o oposto da sua tia e a sua prima por serem duas mulheres completamente interesseiras que só valorizavam quem tinha uma extraordinária situação financeira, a excluíam de tudo sendo deixada de lado por elas.
- E me conta, você tem alguém na sua vida? Algum ficante, um namorado, um noivo?
-Não, ninguém..
Leila ergueu as sobrancelhas chocada com a informação que recebeu
-Como assim, ninguém? Uma mulher linda dessas, Savine, você já se olhou no espelho alguma vez?
Savine suspirou
-A minha única companhia era a minha mãe, Leila e quando ela ficou doente se tornou a minha maior prioridade e eu nunca irei me arrepender por isso. Na verdade, eu queria fazer muito mais por ela. Hoje até passou pela minha cabeça que se eu tivesse um namorado ou um marido, talvez eu não me sentiria tão sozinha, eu teria alguém pra dividir as minhas alegrias, minhas tristezas, meus sonhos, abraços, proteção, enfim.... mas deixa isso pra lá, não importa mais, vamos almoçar? Quero comer aquele sorvete de menta com chocolate que você trouxe, saiba que acertou em cheio, viu! É o meu preferido!
As duas se levantaram juntas e caminharam em direção a cozinha.
-Está delicioso esse risoto, Savine!
-Obrigada, fique à vontade se quiser repetir…
-Savinee
-hum..
-O que você achou do doutor Cathal?
-Um ignorante imbecil, sem tato nenhum para a profissão que ele exerce.
-Você sabia que o irmão dele, o Fergus Brosnan, foi preso por salvar uma criança de ser abusada? Ele foi liberado nesta manhã.
-Ele é o Presidente Geral da Rolls Royce a empresa onde eu trabalho, o admiro por seus projetos sustentáveis, mas eu realmente não tinha percebido que eles dois são irmãos, estava claramente estampado na minha cara todo esse tempo e fui completamente incapaz de perceber e também não sabia que tinha sido preso, inclusive por um gesto muito genuíno de salvar uma criança de um monstro.
Savine declarou pensativa
-Como assim você não sabia que ele estava preso? Está passando em tudo quanto é lugar, Savine, seu patrão é um homem poderosíssimo.
- Não seja exagerada, Leila, não é pra tanto assim!
Savine estava abrindo o pote de sorvete quando Leila a chamou
-Savine, eu preciso te contar uma coisa
-Ai meu Deus, o que você aprontou dessa vez, Leila?
Ela perguntou assustada
-Eeeu vou me mudar para Londres
-Como assim, por quê?
-É que eu passei em Medicina na Universidade de Oxford, Savine.
Leila contou com os olhos lacrimejados de felicidade por ter realizado um dos seus maiores sonhos, ao mesmo tempo triste por ter que deixar tudo para trás.
-Ahhh Leila, vem aqui, meus parabéns, meu amor! Que notícia maravilhosa, você merece tanto, eu estou muito feliz por você!
-Eu não sabia como contar, mas você precisava saber, eu vou sentir tanto a sua falta!
As duas se abraçaram em meio ao choro e risos no centro da cozinha.
-Eu quero ter notícias suas, hein? não suma, promete pra mim?
- Eu prometo que não vou sumir, Sav!
As duas sorriram comemorando e se abraçando novamente.
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