O quarto era simples, com uma cama de ferro batido, colcha bordada à mão e uma pequena janela com vista para o bosque. Havia uma escrivaninha antiga com uma vela derretida, um espelho oval pendurado e um armário que rangeu assim que Savine o abriu.
Ela largou a mochila sobre a cama e passou os dedos pela moldura da janela. Lá fora, o céu permanecia acinzentado, como se o tempo em Ardmore estivesse preso num eterno crepúsculo.
Enquanto descia para o jantar, escutou passos firmes vindo da biblioteca. Espiou por entre a fresta da porta entreaberta e viu Fergus de costas, observando uma lareira acesa. Havia algo inquietante em sua postura, como se estivesse em guarda mesmo em silêncio. Não quis interromper, então seguiu até a cozinha.
A mesa já estava posta. Pão fresco, sopa fumegante e um bule de chá. Fergus entrou logo depois, silencioso como uma sombra. Sentou-se à frente dela.
— Espero que não esteja muito frio no quarto — disse, finalmente, enquanto partia o pão com as mãos fortes e ágeis.
— Está ótimo, obrigada.
O silêncio que se seguiu foi desconfortável. Savine tentava encontrar palavras, mas tudo soava artificial em sua cabeça. Até que ela arriscou:
— Você conheceu minha mãe?
Fergus levantou os olhos. Eram cinzentos como o céu lá fora. Ele demorou alguns segundos antes de responder.
— Sim. Mas faz muito tempo.
— Ela nunca me falou de você — disse Savine, franzindo a testa.
— Isso não me surpreende.
A resposta seca a desarmou. Fergus parecia construir muros com cada palavra. Ela se perguntava o que havia acontecido entre ele e sua mãe. Amizade? Inimizade? Algo mais?
Depois do jantar, ele recolheu os pratos em silêncio. Não ofereceu explicações nem companhia. Apenas disse:
— Há lugares da casa que prefiro que você não entre.
— Como quais?
— A biblioteca, o porão e o sótão. São meus. Só isso.
Savine assentiu, mas a curiosidade crescia como um nó apertado no estômago. Ela subiu para o quarto e tentou escrever algo em seu diário, mas nada fluía. A casa tinha uma energia densa, como se guardasse histórias mal contadas em cada rachadura da parede.
Antes de dormir, decidiu vasculhar a mochila. No fundo, encontrou o bilhete da mãe novamente:
"Se algo me acontecer, vá até Ardmore. Procure Fergus Donnelly. Ele sabe a verdade."
Savine leu aquelas palavras outra vez. A verdade. Mas qual verdade? E por que sua mãe confiaria um segredo a um homem tão frio?
A vela ao lado do espelho tremulou com o vento que entrou por uma fresta. Um estalo veio do corredor, como passos pesados. Ela se levantou devagar, o coração acelerado, e abriu a porta.
Nada. Apenas o silêncio e o escuro.
Mas ela sabia: aquela casa não dormia.
Enquanto descia para o jantar, escutou passos firmes vindo da biblioteca. Espiou por entre a fresta da porta entreaberta e viu Fergus de costas, observando uma lareira acesa. Havia algo inquietante em sua postura, como se estivesse em guarda mesmo em silêncio. Não quis interromper, então seguiu até a cozinha.
A mesa já estava posta. Pão fresco, sopa fumegante e um bule de chá. Fergus entrou logo depois, silencioso como uma sombra. Sentou-se à frente dela.
— Espero que não esteja muito frio no quarto — disse, finalmente, enquanto partia o pão com as mãos fortes e ágeis
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Rafael Javarini
autora do céu que bom que vc resolveu escrever essa história maravilhosa pra nós porque essa obra tá top de mais gostando muito
2024-11-27
1
Silvia Moraes
Boa noite!! A outra história que comecei a ler e não teve fim, não começou assim!!
2025-07-26
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Isabelle Farias
Ai meu Deus tudo disparou aquiiii
2025-01-02
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