Capítulo 2 - Portas Fechadas

O quarto era simples, com uma cama de ferro batido, colcha bordada à mão e uma pequena janela com vista para o bosque. Havia uma escrivaninha antiga com uma vela derretida, um espelho oval pendurado e um armário que rangeu assim que Savine o abriu.

Ela largou a mochila sobre a cama e passou os dedos pela moldura da janela. Lá fora, o céu permanecia acinzentado, como se o tempo em Ardmore estivesse preso num eterno crepúsculo.

Enquanto descia para o jantar, escutou passos firmes vindo da biblioteca. Espiou por entre a fresta da porta entreaberta e viu Fergus de costas, observando uma lareira acesa. Havia algo inquietante em sua postura, como se estivesse em guarda mesmo em silêncio. Não quis interromper, então seguiu até a cozinha.

A mesa já estava posta. Pão fresco, sopa fumegante e um bule de chá. Fergus entrou logo depois, silencioso como uma sombra. Sentou-se à frente dela.

— Espero que não esteja muito frio no quarto — disse, finalmente, enquanto partia o pão com as mãos fortes e ágeis.

— Está ótimo, obrigada.

O silêncio que se seguiu foi desconfortável. Savine tentava encontrar palavras, mas tudo soava artificial em sua cabeça. Até que ela arriscou:

— Você conheceu minha mãe?

Fergus levantou os olhos. Eram cinzentos como o céu lá fora. Ele demorou alguns segundos antes de responder.

— Sim. Mas faz muito tempo.

— Ela nunca me falou de você — disse Savine, franzindo a testa.

— Isso não me surpreende.

A resposta seca a desarmou. Fergus parecia construir muros com cada palavra. Ela se perguntava o que havia acontecido entre ele e sua mãe. Amizade? Inimizade? Algo mais?

Depois do jantar, ele recolheu os pratos em silêncio. Não ofereceu explicações nem companhia. Apenas disse:

— Há lugares da casa que prefiro que você não entre.

— Como quais?

— A biblioteca, o porão e o sótão. São meus. Só isso.

Savine assentiu, mas a curiosidade crescia como um nó apertado no estômago. Ela subiu para o quarto e tentou escrever algo em seu diário, mas nada fluía. A casa tinha uma energia densa, como se guardasse histórias mal contadas em cada rachadura da parede.

Antes de dormir, decidiu vasculhar a mochila. No fundo, encontrou o bilhete da mãe novamente:

"Se algo me acontecer, vá até Ardmore. Procure Fergus Donnelly. Ele sabe a verdade."

Savine leu aquelas palavras outra vez. A verdade. Mas qual verdade? E por que sua mãe confiaria um segredo a um homem tão frio?

A vela ao lado do espelho tremulou com o vento que entrou por uma fresta. Um estalo veio do corredor, como passos pesados. Ela se levantou devagar, o coração acelerado, e abriu a porta.

Nada. Apenas o silêncio e o escuro.

Mas ela sabia: aquela casa não dormia.

Enquanto descia para o jantar, escutou passos firmes vindo da biblioteca. Espiou por entre a fresta da porta entreaberta e viu Fergus de costas, observando uma lareira acesa. Havia algo inquietante em sua postura, como se estivesse em guarda mesmo em silêncio. Não quis interromper, então seguiu até a cozinha.

A mesa já estava posta. Pão fresco, sopa fumegante e um bule de chá. Fergus entrou logo depois, silencioso como uma sombra. Sentou-se à frente dela.

— Espero que não esteja muito frio no quarto — disse, finalmente, enquanto partia o pão com as mãos fortes e ágeis

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Comments

Rafael Javarini

Rafael Javarini

autora do céu que bom que vc resolveu escrever essa história maravilhosa pra nós porque essa obra tá top de mais gostando muito

2024-11-27

1

Silvia Moraes

Silvia Moraes

Boa noite!! A outra história que comecei a ler e não teve fim, não começou assim!!

2025-07-26

0

Isabelle Farias

Isabelle Farias

Ai meu Deus tudo disparou aquiiii

2025-01-02

0

Ver todos
Capítulos
1 Capítulo 1 - chegada a vila
2 Capítulo 2 - Portas Fechadas
3 Capítulo três - Vozes Escuridão
4 Capítulo 4 - O retrato queimado
5 Capítulo cinco - Velhas Feridas
6 Capítulo 6 — O eco do nome
7 Capítulo 7- o nome no escuro
8 Capítulo 8 - O foragido
9 Capítulo 9 - A presença de Charlotte
10 Capítulo dez - Sonhos e Segredos
11 Capítulo Onze - A carta esquecida
12 Capítulo doze - Verdades Sussuradas
13 Capítulo Treze - O lugar esquecido
14 Capítulo Quatorze - Segredos enterrados
15 Capítulo Quinze - sombras que se movem
16 Capítulo Dezesseis - Alianças e traições
17 Capítulo Dezessete - O primeiro confronto
18 Capítulo Dezoito - Cicatrizes e dúvidas
19 Capítulo Dezenove - Laços que curam
20 Capítulo Vinte - Prova de fogo
21 Capítulo vinte e um - Feridas Visíveis e Invisíveis
22 Capítulo Vinte e Dois - Olhos nas Sombras
23 Capítulo Vinte e Três - Estratégias nas Sombras
24 Capítulo Vinte e Quatro - A Aliança Incerta
25 Capítulo Vinte e Cinco - A missão arriscada
26 Capítulo Vinte e Seis - Infiltração no Cofre
27 Capítulo Vinte e Sete - O Preço da Verdade
28 Capítulo Vinte e Oito - Ecos da Verdade
29 Capítulo Vinte e Nove - O Peso da Revelação
30 Capítulo Trinta - O Jogo do Guardião
31 Capítulo Trinta e Um - Confronto nas Sombras
32 Capítulo Trinta e Dois - Segredos nas Sombras
33 Capítulo Trinta e Três - A Tempestade que se Aproxima
34 Capítulo Trinta e Quatro - O Início da Tempestade
35 Capítulo trinta e Cinco - Chamas na Escuridão
36 Capítulo Trinta e Seis - O Último Reduto
37 Capítulo Trinta e Sete - Renascendo das Cinzas
38 Capítulo Trinta e Oito - A Resistência nas Cinzas
39 Capítulo Trinta e Nove - Forjados no Fogo
40 Capítulo Quarenta - Fortaleza em Meio às Cinzas
41 Capítulo Quarenta e Um - Alianças Que Forjam o Amanhã
42 Capítulo Quarenta e Dois - O Inimigo Entre Nós
43 Capítulo Quarenta e Três - Vozes no Escuro
44 Capítulo Quarenta e Quatro - O Cerco Invisível
45 Capítulo Quarenta e Cinco - Fragmentos de Verdades
46 Capítulo Quarentena e Seis - O Primeiro Sussurro
47 Capítulo Quarenta e Sete - O Jogo Começou
48 Capítulo Quarenta e Oito - A Noite em que o Vento Mudou
49 Capítulo Quarenta e Nove - O Sopro das Cinzas Mortas
50 Capítulo Cinquenta - Ecos de Lornach
51 Capítulo Cinquenta e Um - Vozes que Não Morrem
52 Capítulo Cinquenta e Dois - O Sussurro Sob a Pedra
53 Capítulo Cinquenta e Três - Ondas do medo
54 Capítulo Cinquenta e Quatro - A Raiz do Ciclo
55 Capítulo Cinquenta e Cinco - A Entidade do Véu
56 Capítulo Cinquenta e Seis — O Ritual do Véu
57 Capítulo Cinquenta e Sete — O Eco do Véu
58 Capítulo Cinquenta e Oito — Ecos no Escuro
59 Capítulo Cinquenta e Nove — Vozes Quebradas
60 Capítulo Sessenta — A dança dos Antigos
61 Capítulo Sessenta e Um — Um véu de vozes
62 Capítulo Sessenta e Dois — O Peso da Escolha
63 Capítulo Sessenta e Três — Sombras que Andam
64 Capítulo Sessenta e Quatro — Sob o Julgamento das Sombras
65 Capítulo Sessenta e Cinco — A Alvorada do Confronto
66 Capítulo Sessenta e Seis - O Chamado das Sombras
67 Capítulo Sessenta e Sete — Fogo e Cinzas
68 Capítulo Sessenta e Oito — Entre Sombras e Sangue
69 Capítulo Sessenta e Nove — A Fenda do Véu
70 Capítulo Sessenta — O Portal Rasgado
71 Capítulo Sessenta e Um — Estrondos do Passado
72 Capítulo Setenta e Dois — O Véu Despedaçado
73 Capítulo Setenta e Três — No Limite da Escuridão
74 Capítulo Sessenta e Quatro — O Peso da Traição
75 Capítulo Setenta e Cinco — Rede das Mentiras
76 Capítulo Setenta e Seis — As Máscaras Caem
77 Capítulo Setenta e Sete — Revelações e Rupturas
78 Capítulo Setenta e Oito — Alianças Frágeis
79 Capítulo Setenta e Nove — Ecos de Sangue e Promessas Veladas
80 Capítulo Oitenta — A Floresta dos Sussurros
81 Capítulo Oitenta e Um — Vozes da Ancestralidade
82 Capítulo Oitenta e Dois — A Marcha Silenciosa
83 Capítulo Oitenta e Três — O Sangue Antigo
84 Capítulo Oitenta e Quatro — Entre as pedras
85 Capítulo Oitenta e Cinco — O Despertar do Coração
86 Capítulo Oitenta e Seis — A Carne Será Punida
87 Capítulo Oitenta e Sete — O Nome que Nunca Deve Ser Dito
88 Capítulo Oitenta e Oito — O Sopro Que Desperta os Mortos
89 Capítulo Oitenta e Nove — O Grito de Quem Não Esqueceu
90 Capítulo Noventa — Até que a Última Pedra Caia
91 Capítulo Noventa e Um – Onde as Cinzas Florescem
Capítulos

Atualizado até capítulo 91

1
Capítulo 1 - chegada a vila
2
Capítulo 2 - Portas Fechadas
3
Capítulo três - Vozes Escuridão
4
Capítulo 4 - O retrato queimado
5
Capítulo cinco - Velhas Feridas
6
Capítulo 6 — O eco do nome
7
Capítulo 7- o nome no escuro
8
Capítulo 8 - O foragido
9
Capítulo 9 - A presença de Charlotte
10
Capítulo dez - Sonhos e Segredos
11
Capítulo Onze - A carta esquecida
12
Capítulo doze - Verdades Sussuradas
13
Capítulo Treze - O lugar esquecido
14
Capítulo Quatorze - Segredos enterrados
15
Capítulo Quinze - sombras que se movem
16
Capítulo Dezesseis - Alianças e traições
17
Capítulo Dezessete - O primeiro confronto
18
Capítulo Dezoito - Cicatrizes e dúvidas
19
Capítulo Dezenove - Laços que curam
20
Capítulo Vinte - Prova de fogo
21
Capítulo vinte e um - Feridas Visíveis e Invisíveis
22
Capítulo Vinte e Dois - Olhos nas Sombras
23
Capítulo Vinte e Três - Estratégias nas Sombras
24
Capítulo Vinte e Quatro - A Aliança Incerta
25
Capítulo Vinte e Cinco - A missão arriscada
26
Capítulo Vinte e Seis - Infiltração no Cofre
27
Capítulo Vinte e Sete - O Preço da Verdade
28
Capítulo Vinte e Oito - Ecos da Verdade
29
Capítulo Vinte e Nove - O Peso da Revelação
30
Capítulo Trinta - O Jogo do Guardião
31
Capítulo Trinta e Um - Confronto nas Sombras
32
Capítulo Trinta e Dois - Segredos nas Sombras
33
Capítulo Trinta e Três - A Tempestade que se Aproxima
34
Capítulo Trinta e Quatro - O Início da Tempestade
35
Capítulo trinta e Cinco - Chamas na Escuridão
36
Capítulo Trinta e Seis - O Último Reduto
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Capítulo Trinta e Sete - Renascendo das Cinzas
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Capítulo Quarenta - Fortaleza em Meio às Cinzas
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49
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51
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Capítulo Cinquenta e Dois - O Sussurro Sob a Pedra
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55
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Capítulo Cinquenta e Nove — Vozes Quebradas
60
Capítulo Sessenta — A dança dos Antigos
61
Capítulo Sessenta e Um — Um véu de vozes
62
Capítulo Sessenta e Dois — O Peso da Escolha
63
Capítulo Sessenta e Três — Sombras que Andam
64
Capítulo Sessenta e Quatro — Sob o Julgamento das Sombras
65
Capítulo Sessenta e Cinco — A Alvorada do Confronto
66
Capítulo Sessenta e Seis - O Chamado das Sombras
67
Capítulo Sessenta e Sete — Fogo e Cinzas
68
Capítulo Sessenta e Oito — Entre Sombras e Sangue
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Capítulo Sessenta e Nove — A Fenda do Véu
70
Capítulo Sessenta — O Portal Rasgado
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Capítulo Setenta e Dois — O Véu Despedaçado
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Capítulo Setenta e Três — No Limite da Escuridão
74
Capítulo Sessenta e Quatro — O Peso da Traição
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Capítulo Setenta e Seis — As Máscaras Caem
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Capítulo Setenta e Sete — Revelações e Rupturas
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Capítulo Setenta e Oito — Alianças Frágeis
79
Capítulo Setenta e Nove — Ecos de Sangue e Promessas Veladas
80
Capítulo Oitenta — A Floresta dos Sussurros
81
Capítulo Oitenta e Um — Vozes da Ancestralidade
82
Capítulo Oitenta e Dois — A Marcha Silenciosa
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Capítulo Oitenta e Três — O Sangue Antigo
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Capítulo Oitenta e Cinco — O Despertar do Coração
86
Capítulo Oitenta e Seis — A Carne Será Punida
87
Capítulo Oitenta e Sete — O Nome que Nunca Deve Ser Dito
88
Capítulo Oitenta e Oito — O Sopro Que Desperta os Mortos
89
Capítulo Oitenta e Nove — O Grito de Quem Não Esqueceu
90
Capítulo Noventa — Até que a Última Pedra Caia
91
Capítulo Noventa e Um – Onde as Cinzas Florescem

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