Um tolo apaixonado — 𝟏𝟔

August segurou os pulsos de Fluke com uma mão, enquanto com a outra mantinha uma compressa fria no nariz dele. Tudo isso enquanto tentava cuidar da criança, que não parava quieta. Era assim que seu melhor amigo lhe considerava nesse momento.

— Aaaa, está frio… — Fluke falou, com os olhos lacrimejantes e um bico de insatisfação.

— Já estou quase terminando. Só aguenta mais um pouco, assim seu nariz não vai inchar. — Ele segurava com firmeza os pulsos do amigo enquanto os dois estavam sentados na maca. A doutora observava a cena, achando um pouco engraçado, mas não interveio, deixando que o maior cuidasse do menor.

— Você está judiando de mim. Isso sim! — Sua voz saiu abafada pela compressa. August sorriu ao ouvir a acusação do melhor amigo.

— Você está me pintando de vilão? — Viu o menor concordar com a cabeça e August sorriu mais um pouco. — Ok… já terminei.

Tirou a compressa fria do rosto do paciente e viu um suspiro de alívio escapar-lhe. Quando se trata de enfermagem ou hospital, Fluke foge, pois, querendo ou não, isso o lembra do seu passado triste, onde seu pai passava muito tempo num hospital para tratar de um câncer que o levou à morte.

— Estou com fome… — reclamou Fluke.

— Ok… só deixa eu colocar esse band-aid em você… — disse ele, pegando um band-aid infantil azul com ursinhos e colando-o no nariz do amigo. Sorriu, divertido com a cena.

— Agora você está zoando-me? — reclamou, levando o dedo ao band-aid atravessado no nariz. August realmente o trata como uma criança e isso é muito vergonhoso.

— É que você é como uma criança que precisa de um band-aid para se curar.

Fluke tirou o celular do bolso e observou pela tela o nariz com o band-aid. Isso o fez sorrir. Ele tirou algumas fotos e puxou August para ser fotografado também, e depois postaria no Instagram, com a legenda: meu melhor amigo é muito bom para mim!

— Achei fofo. — A barriga de Fluke roncou, e os dois abaixaram os olhos.

— Vamos comer, antes que um dinossauro saia daí — zoou e Fluke bateu na coxa do amigo.

— Você é mau. — Se levantou da maca e saiu primeiro, mas, antes de ir, juntou as mãos em uma oração para a doutora, despedindo-se e pedindo desculpas pela bagunça. August fez o mesmo, e os dois deixaram a enfermaria.

A doutora sorriu, percebendo que os dois estudantes eram grandes amigos.

Depois de sair da enfermaria, Fluke e August caminharam lado a lado pelo corredor quando, à frente, avistaram três estudantes: Kraisee, Win e Madee. Eles observaram Fluke e August por um momento antes de acenar.

Os dois se aproximaram e os cinco pararam para conversar no corredor. De todos ali, August é o mais alto e másculo, enquanto os quatro são pequenos e fofos.

— O que é isso no seu nariz? — Madee franziu a sobrancelha. — Que infantil.

Fluke deu de ombros.

— August quis me provocar, mas achei fofo.

— Eu só estava cuidando do seu narizinho gordinho — brincou, e Fluke encarou-o, erguendo a mão em ameaça, mas sua barriga roncou novamente.

— Ah, a fome me deixa cansado demais para te bater — reclamou com a mão na barriga.

— A aula de educação física já acabou. Vamos comer algo? — Kraisee deu a ideia, e August concordou animado enquanto olhava para ele.

— Já estávamos fazendo isso. Vocês querem se juntar conosco? — Fluke perguntou, como sempre fazia. Ele sempre convidava seus amigos para se divertirem todos juntos.

— Não vão comer nada estranho, né? — Madee perguntou, com medo evidente. Fluke negou, deixando-a aliviada.

— Vamos comer comida tailandesa mesmo. Tem uma barraca com comida de rua. Não sei se vocês já comeram algo assim, mas é muito bom, meu lugar preferido. Querem ir? — Deu a ideia e todos concordaram. Tinham uma hora para comer e descansar antes de voltar para a escola, então os cinco seguiram para o lugar que Fluke mencionou, algo que Win não estava acostumado. Ele nunca comeu em barracas de rua.

Era uma pequena barraquinha de rua com mesas ao ar livre, perfeita para quem gostava de apreciar o céu azul. No entanto, ao se aproximar do local, Kraisee deparou-se com um grupo de alunos e não pôde evitar um suspiro de frustração. Lá estavam Joker, Banz, Prem e First.

Que azar, pensou Kraisee. Por que meu destino insiste em cruzar com esse idiota?

— Ah… que desagradável — suspirou Win, que também não nutria simpatia pelo quarteto. Além disso, ainda estava aborrecido por ser queimado por um bolsista no jogo mais cedo, o que só aumentava seu desconforto.

— Precisamos mesmo comer aqui? — perguntou Kraisee, claramente desconfortável com a presença dos quatro.

— Você não gosta daqui? Quer ir para outro lugar? — August voltou-se para Kraisee, dando-lhe total atenção. — Para onde você quer ir? Aaa!

August sentiu uma dor aguda no pé e olhou para Fluke, que o encarava com raiva. Ele havia pisado no pé do amigo sem a menor cerimônia, e aquilo o fez lembrar instantaneamente do motivo pelo qual estavam ali.

— Você é um traidor... como pode esquecer facilmente do motivo de termos vindo?

August deixou a dor de lado e sorriu meio sem jeito. Ele realmente se esqueceu de que pretendia mimar seu melhor amigo com um almoço delicioso na sua barraquinha favorita. Quando se trata de Kraisee, ele sempre faz as coisas sem pensar.

— Me desculpa... você tem razão. — Tentou se aproximar, mas Fluke se afastou, mostrando-se chateado. Eles tinham acabado de voltar com a amizade e August errou novamente. Como ele é tolo.

Kraisee suspirou. Ele não queria incomodar ninguém só porque odeia Joker e seus amigos. Isso é com ele e ninguém tem culpa disso. Então, sorriu meio sem jeito e segurou o antebraço do presidente, chamando-lhe atenção.

— Podemos comer aqui. De qualquer forma, irá demorar até encontrarmos outra barraquinha e só temos uma hora para descansar.

— Isso é verdade — Win suspirou, enquanto Madee não dizia nada, pois estava conversando com seu amado pelo celular.

— Então, vamos comer aqui mesmo. — August sorriu, sem jeito. Ele observou Fluke caminhar até uma mesa de quatro lugares e acrescentar uma cadeira, já que estavam em cinco. Ele se sentou próximo à mesa, na cadeira que tinha sido acrescentada. August se sentou ao seu lado direito, junto a Madee e Kraisee, com Win no lado esquerdo de Fluke.

— O que você quer comer? — August perguntou, colocando o cardápio na frente de Fluke. Ele se aproximou um pouco, para que os dois observassem os pratos juntos.

— Curry com carne de boi apimentado — respondeu Fluke, apontando para o prato no menu. — E também… — Olhou para August com seu jeito sapeca, mostrando que já não estava chateado. Sentiu o humor melhorar só de pensar na comida. Afinal, quem consegue ficar chateado com uma deliciosa comida? — Também quero arroz frito com camarão.

Então sorriu para August, que concordou com a cabeça. Enquanto isso, Kraisee, Win e Madee também escolhiam seus pratos e chamaram a dona da barraquinha, fazendo seus pedidos para todos comerem juntos.

— Vão querer beber algo? — Perguntou a senhora.

— Sim… — Fluke apontou para o suco vermelho de morango. — Esse… e esse para August.

Mostrou um leite azul com muito gelo. Era o preferido do seu melhor amigo.

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