Os quatro encrenqueiros — 𝟎𝟑

O som alto do sinal ecoou por toda a escola e os alunos da classe B saíram da sala com fome, em busca de algo para comer.

Ainda era o primeiro dia de aula e Prem chutou uma mesa aleatória antes de sair da sala com seus amigos, First e Banz. Ele reclamava e chutava o ar, tentando descontar sua raiva.

— O que aquele idiota pensa que é?

Olhou para First. Seu pulso ainda doía pelo incidente na primeira aula e sua indignação só aumentava.

— Ele não tem medo de nós, Phi! Isso não pode acontecer, temos que ensinar uma lição a ele para, quando nos ver, tremer como uma galinha medrosa.

First também estava indignado e os dois amigos desabafaram suas raivas, enquanto Banz permanecia neutro com as mãos nos bolsos de seu short azul, apenas ouvindo sem interferir.

— Ainda vou me vingar dele. Vou mostrar que comigo ninguém mexe. Vou chutar a bunda daquele desgraçado!

Prem chutou o ar novamente, e seu cabelo liso bagunçou com o movimento, mas ele o arrumou em seguida. Prem cerrava os dentes, sentindo-se envergonhado com a forma como foi tratado. Para piorar, tinha a votação para presidente de classe e ninguém votou nele.

— Falando em chutar bunda, também quero ensinar uma lição àquele idiota do Win e seu amigo Kraisee. Os dois nos olham como se fôssemos palhaços. Eles perderam o medo da gente.

First pensou sobre o desabafo do líder, e Banz finalmente entrou na conversa dos amigos, suspirando.

— É melhor não fazermos nada contra eles. O Win é filho do diretor; a única coisa que vamos ganhar com isso é dor de cabeça. Além disso, eu, sendo bolsista, quero manter minha bolsa segura sem entrar em problemas com esse cara.

Os dois amigos olharam para Banz. Mesmo ele não sendo o líder, Prem e First sempre o ouviam como um bom anfitrião.

Os três são amigos desde há dois anos e sempre andaram juntos, botando o terror aqui e ali. Independentemente disso, Banz Buyotwi, por ser um bolsista de uma família humilde, nunca deixou de cumprir seus deveres. Com dezesseis anos, ele acabou tornando-se aquele rapaz sério, inteligente em todas as aulas, que sabe quando e como se meter em confusão.

Por isso, Banz não enfrentou o Joker como seus amigos mais cedo. Ele sentiu algo diferente no novato e preferiu manter sua bolsa segura.

Já Prem Jirawat, de dezessete anos, repetiu um ano. Ele é rico, bem-sucedido e nunca se envolveu em nada além de perturbar a vida dos outros e ser o líder em tudo. Isso também se reflete em sua amizade com os dois estudantes, onde ele é o chefe.

Enquanto isso, First Pakdeerak, com seus dezesseis anos, é o mais engraçado do grupo de amigos e também tem muito medo de fantasmas que aparecem às vezes para perturbá-lo durante a noite.

Os três amigos são altos, bonitos e imponentes. Eles gostam de ser os encrenqueiros, sabendo que esse título é mais forte diante daqueles que são populares. 

— Ah! Vamos comer... depois pensamos mais sobre o que vamos fazer com aquele transferido. — Prem andou na frente e os três seguiram para o refeitório, onde buscaram suas comidas e as colocaram nas bandejas. Após comprarem as marmitas, os três seguiram para uma mesa, fazendo com que todos que estavam ali saíssem com medo. Eles se sentaram e começaram a comer.

Enquanto isso, um pouco longe, Joker comprava lanches e doces, sempre repondo seu estoque de chocolates e chicletes.

Ele aguardava na fila com paciência e ignorava os olhares de todos. Com os braços cruzados, Joker pensava em coisas aleatórias, mostrando que nada o afligia ou tirava o sono.

Hoje era seu primeiro dia de aula e já havia encontrado bons amigos para brincar um pouco…

Joker finalmente pegou todas as coisas que comprou e deixou a lojinha de doces. Caminhando com a sacola e seu short azul escolar, ele entrou no refeitório e olhou ao redor. Um sorriso sombrio se formou em seus lábios e seus passos o levaram até uma mesa específica.

— Hey... me dê um espaço! — Pediu, jogando sua sacola de lanches na mesa enquanto mastigava um chiclete. Prem o encarou e fechou a cara.

— Você está me irritando… — bufou.

Joker não se importava muito com isso, nem com os alunos que o encaravam. Ele apenas queria o lugar de Prem como líder desse grupo de valentões.

— Você é surdo? Eu disse… Tire sua bunda suja daí!

Prem levantou-se rapidamente, ficando cara a cara com o desgraçado recém-chegado, mas Joker não mudou sua expressão de desdém. Banz suspirou e puxou o amigo.

— Sente-se aqui comigo, deixe-o sentar ali. Aliás… — Olhou friamente para Joker. — O que você quer conosco? Por que está perturbando Prem desta forma?

Joker deu de ombros, sentando-se onde desejava e abriu um pão recheado.

— Quero apenas ser amigo de vocês. Entrar no seu grupo.

Disse sério, sem demonstrar nenhuma reação engraçada.

— Oi? Você é louco? — Prem quase surtou com o que ouviu, enquanto First nem soube como responder a isso. Apenas Banz sorriu, indiferente.

— Quem disse que queremos ser seu amigo? Já somos três e o número três é o melhor número.

— Agora o número quatro será o melhor número… — Joker distribuiu os doces para cada um. — Comam.

— Por que você quer ser nosso amigo? — First perguntou, abismado com a falta de noção desse estudante.

Joker olhou para ele e sorriu.

— Preciso de uma gangue… e ouvi dizer que vocês são um grupo de valentões pelo diretor. Ele pediu para não me aproximar de vocês, mas… eu gosto de quebrar regras.

Prem ainda estava de pé, enquanto Joker comia como se tudo isso fosse fácil demais.

— Se você acha que pode nos usar para algo estranho, pode tirar o cavalinho da chuva. Não faremos nada para você.

Joker ouviu Prem falar e o encarou diretamente.

— Não pensei que você fosse um medroso. Será que realmente merece ser o líder?

Prem ficou vermelho de raiva.

— Ei, não fale assim do meu amigo. — First bufou.

— Não disse nada de errado. Vocês são como uma gangue, então por que têm medo de apanhar? — Continuou, e Prem bufou.

— Só gostamos de como agimos, nós nos entendemos.

— Intimidando alunos fracos e batendo em garotas? — acusou.

— A gente nunca bateu em garotas. Não nos acuse! — First se defendeu desta vez.

— Hm! — Movimentou o ombro com desdém, encerrando o assunto para comer em paz. Agora que ele já deu um aviso de que entraria nesse grupo, nada o faria retroceder das suas palavras. Quando entrou nesse colégio, Joker prometeu provocar sua mãe e ele faria isso, perturbando a vida de todos desse colégio até o diretor, seu tio, reclamar com sua mãe.

— Ei, diga algo… — Prem insistiu, e Joker jogou um lanche para ele.

— Apenas coma. É melhor nos aliarmos do que nos tornarmos inimigos.

Prem cerrou o punho sem dizer nada, imaginando com uma metralhadora nesse momento.

— Sente-se! — Banz ofereceu um lugar para seu amigo sentar e Prem o fez, embora sentisse um ódio profundo por Joker, que agia como se fosse o dono de tudo.

Os quatro ficaram ali, enquanto todos os estudantes os encaravam como se fossem um assunto novo a ser comentado. Pior ainda, com a presença de Joker, o grupo realmente se uniu em uma aura assustadora.

Nenhum aluno queria se aproximar ou conversar com eles.

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