Que bela manhã — 𝟎𝟔

Três dias depois… Segunda-feira.

Kraisee é um adolescente sensato e tranquilo. Com um quarto só para si, ele sempre teve um sono muito calmo, onde era somente ele e mais ninguém.

Ele nunca precisou dividir o quarto com seus irmãos, já que seus pais sempre foram ricos, disponibilizando quartos confortáveis para todos os seus três filhos. Assim, naquele momento, Kraisee dormia confortavelmente em sua cama de casal fofa e sonhava com coisas aleatórias, como um passeio na praia com seus amigos, sem preocupações ou tormentas de uma paixão.

No entanto, o despertador tocou e Kraisee abraçou seu travesseiro, coçando os olhos enquanto o quarto estava geladinho devido ao ar-condicionado. Enquanto isso, se a tela fosse dividida em duas partes, Joker apareceria à esquerda; ele também dormia numa cama de solteiro do seu quartinho minúsculo, com um pouco de calor e a coberta jogada no chão. Aquele canto em que ele vivia era sua pequena casinha e realmente ele se sentia numa verdadeira tormenta.

— Aaah, que calor! — Reclamou, tirando a blusa, enquanto pensava: que droga de ar-condicionado! Essa porcaria não funciona!

Seu humor ficou péssimo. O alarme nem precisou tocar, já que o próprio calor da manhã o acordou. Ele se levantou da cama, seus cabelos estavam bagunçados e escondiam seus olhos, sua boca fedia a hálito de bebida alcoólica e a ressaca martelava sua cabeça.

Joker seguiu para o pequeno banheiro, onde tomou banho com água gelada. Ele refletiu... seus pais são milionários e mesmo assim o deixaram aqui, em uma kitnet minúscula ao lado de um condomínio de casas luxuosas. Será que Maria queria provocar o filho?

Ele tomava banho, batendo os antebraços no box, pois era um adolescente muito grande para um banheiro tão pequeno, ainda mais com um box apertado.

Já Kraisee não se estressava muito. Ele tomou coragem e se levantou da sua cama macia de casal, sem pensar muito, e seguiu até seu próprio banheiro que havia ali em seu quarto.

Um banheiro grande, com espaço confortável. Ele tirou seu pijama e entrou dentro do chuveiro com água quentinha, tomando banho calmamente, apenas aproveitando esse momento sozinho. Kraisee gosta disso.

Depois dos dois tomarem banho, cada um vestiu seus uniformes à sua maneira. Joker não se importava com etiqueta, então deixou a blusa largada, um pouco aberta nos primeiros botões, seu short escolar azul estava amassado e nos pés um tênis branco sujo. Pelo menos a meia até a canela era a única limpa e cheirosa ali.

Já Kraisee levava as regras do colégio muito a sério. Ele colocou sua blusa social branca dentro do short azul e passou perfume, enquanto se olhava no espelho do banheiro. Sua roupa escolar estava toda passada e alinhada. Isso é algo que ele gosta de vestir. Se algo estiver amassado, isso irá incomodá-lo.

Após escovar os dentes, colocar seus óculos de grau e pentear seus cabelos lisos marrons claros, Kraisee Bunmi saiu do quarto já com sua bolsa e tudo o que iria precisar nas aulas de hoje, seguindo até a sala de jantar com um pouco de fome.

Já Joker ainda arrumava seu cabelo preto, penteando-o para trás enquanto o enchia de gel. Esse penteado realmente o representava. Ele deixou duas mechinhas caindo em seu rosto e sorriu satisfeito, admirando seu sorriso metálico. 

Depois de arrumar o cabelo no estilo Elvis Presley e passar perfume, Joker dirigiu-se até a cozinha americana em busca de algo para comer. No entanto, ao abrir a geladeira, percebeu que só havia cerveja, chocolates e água.

— Preciso fazer compras… — disse consigo mesmo, lembrando de sua antiga vida em que os empregados cuidavam disso em sua casa. Ele apenas acordava e ia direto para a sala de jantar, onde a comida já estava pronta na mesa.

Joker sentia falta do conforto, mas sua mãe o tratou como lixo ao jogá-lo para longe. Ele decidiu que nunca mais falaria com ela, mas ao menos a senhora Chairat não o abandonou completamente, ainda enviava dinheiro para sobreviver todos os meses.

Ao fechar a porta da geladeira, Joker pegou sua bolsa e saiu da kitnet e o sol da manhã lhe pegou como uma brisa quente. Ele olhou para o céu azul e depois observou o corredor de kitnets semelhantes à sua. Eram várias casinhas pequenas enfileiradas em uma viela estreita.

Deixando sua casa para trás, o estudante subiu em sua bicicleta e pedalou para fora da viela, alcançando a rua. Ele olhou para os dois lados - à direita havia mais casas e comércios, enquanto à esquerda se estendia um condomínio de casas luxuosas. Era como se estivesse observando dois mundos completamente distintos…

Joker pensou e pedalou para o lado direito, seguindo até uma cafeteira para tomar café da manhã.

Kraisee já estava sentado à mesa de jantar e comia um pedaço de bolo em silêncio. Ele olhou para seus pais que conversavam com Lawan, sua irmã de cinco anos, e depois observou Kaew, sua irmã gêmea, que mexia no celular. Nessa manhã, a família estava toda reunida.

— Minha amiguinha tem medo de dormir sozinha e ela me chamou de corajosa, porque eu durmo sozinha. Eu não tenho medo. — Lawan contava sua experiência com sua amiga de ontem. As duas passaram o dia juntas e só se separaram à noite. Ela acordou falando sobre isso e mostrou toda sua animação. — Lila, pode voltar aqui hoje?

— Se a mãe dela deixar, ela poderá vir sim. Vocês são muito amigas, né amor? — Mamãe perguntou com um sorriso e a pequena concordou devorando seu cereal.

— Sim…

Lawan estava realmente alegre. Ela é a caçula e seus pais dão mais atenção a ela. Kraisee não liga muito para isso, desde que tenha boas notas na escola e não faça bagunça. Seus pais não lhe chamam atenção, e Kaew gosta de não receber muitas ordens também. Portanto, os dois não têm ciúme da atenção que a pequenina recebe em dobro.

Depois de comer, Kraisee olhou para a sua mãe e perguntou:

— Iremos de carro com a senhora hoje?

— Sim... vocês já estão prontos? — Olhou para os dois filhos e viu-os concordar com a cabeça. Depois, voltou sua atenção para a caçula, beijando-lhe a cabeça. — Mamãe terá de sair agora, meu amor, mas papai ficará aqui com você. Ele irá ligar para Lila e ver se ela quer vir aqui brincar com você. Ok?

— Tá bom, mamãe. Não demore, tá? — Lawan abraçou Sonya, sua mãe, e também acenou com as mãos para os irmãos. — Xau, maninhos.

— Tchau, mana. — Kaew beijou a bochecha de sua irmã e depois abraçou seu pai. — Tchau, papai.

— Bom estudo, filha. — Seu pai correspondeu ao abraço e também abraçou Kraisee. Após a despedida comum diariamente, os gêmeos seguiram a mãe, uma senhora elegante, até o carro. Eles saíram do condomínio, passaram por uma viela de kitnets e seguiram até o colégio particular da cidade de Chiang Mai, chamado British.

Pelo caminho, Kraisee contemplava a cidade através da janela do carro, imerso em devaneios singulares com a cidade onde nasceu e cresceu. Ali, entre ruas conhecidas e paisagens familiares, lembranças de uma vida invadiram sua mente, levando-o para um pensamento distante. 

Seu coração se sentia em paz e nutrido de familiaridade com as ruas onde cresceu. Kraisee nunca sentiu a necessidade de explorar terras distantes ou horizontes desconhecidos. A cidade era seu porto seguro, seu refúgio de paz e beleza, e ele se considerava abençoado pela vida que ali florescia, como se o próprio destino tecesse seu sobrenome em cada fio do dia a dia.

E essa cidade tão abençoada tinha nome e esse será: Chiang Mai.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***