Ele é bom pra mim — 𝟏𝟖

Desta vez, Joker está um pouco pensativo. Não faz nem um mês que se transferiu para o colégio do tio e ele já se sente bem à vontade naquele ambiente. Às vezes, ele perturba os alunos, outras vezes perturba os três encrenqueiros que, querendo ou não, acabaram aceitando sua presença no grupo.

De três, agora são quatro, e eles se tornaram ainda mais folgados do que já eram. Joker realmente age como se fosse o dono da escola e, tecnicamente, ele é? Afinal, seu tio é o diretor e pai de Win Chairat.

Os primos não se dão bem... nunca foram amigos, nem mesmo quando crianças. Sempre que se encontravam, só brigavam e se batiam. Cresceram com um grande muro os separando e, atualmente, estudando na mesma escola, os dois se ignoram.

Joker não usa seu sobrenome Chairat, que é o sobrenome de sua mãe. Ele usa o sobrenome do pai, Phakdi, e dessa forma ninguém sabe que os dois são familiares e muito menos que o transferido é tão bilionário assim. Bem, não ele, mas sim seus pais…

— Ei… Você não vai passar as respostas para a gente? Que rude… — Prem provocava Kraisee, seguindo-os. Win usava seu fone de ouvido e escutava uma música, ignorando os comentários do estudante idiota.

Prem andava atrás, junto a First, Banz e Joker. Eles não estavam realmente os seguindo, afinal, os seis estudavam na mesma sala de aula e aquele corredor era o único que os levava para a classe B. Contudo, os encrenqueiros perturbavam Kraisee pelo caminho.

— Ele é metido… não gosta de ajudar aqueles que precisam de ajuda. — Banz cruzou os braços e olhou para as costas dos dois menores com ranço. Pessoas ricas são assim, só pensam neles. Por isso, ele não pedia ajuda a ninguém. Desde cedo, aprendeu que só poderia contar consigo mesmo e mais ninguém.

— Ei nerd, está ouvindo? — Prem chamou, Kraisee ignorou. Joker apenas observou as costas do nerd baixinho, mas não disse nada.

— Ele é surdo — First sorriu divertido. Eles caminhavam pelo corredor para a sala. Os quatro encrenqueiros viram os dois nerds entrarem na sala e eles fizeram o mesmo. Cada um passou pelas carteiras, empurrando-as de modo esnobe, perturbando a vida dos estudantes que já estavam ali.

Kraisee se sentou em seu lugar e viu Joker passar por ele, seguindo para os fundos. Ele não tinha medo dos encrenqueiros; o melhor a fazer numa situação como essa era ignorá-los. Eles nunca haviam sido agressivos, pelo menos isso.

Kraisee suspirou e observou Win entretido com seus fones. Ele era assim, gostava de ouvir músicas e se afundar em seu próprio mundo. Mesmo sendo o filho do diretor, a pessoa mais quieta e reservada, ele era divertido com seus amigos e cuidava muito bem de todos, nunca deixando ninguém de lado. Kraisee sabia reconhecer a pessoa que Win era.

— Boa tarde a todos — disse a professora de Ciências Físicas e Sociais, enquanto colocava suas coisas na mesa e observava a bagunça na sala. — Vocês terminaram o trabalho de ontem? Se sim, então, favor entregá-lo aqui na minha mesa. Para aqueles que não terminaram, terão até terça-feira que vem para concluir.

Win olhou para o amigo, os dois se levantaram juntos, seguindo até a professora que sorriu ao recolher os trabalhos. Eles sempre entregavam certinho, nunca atrasaram, ao contrário de muitos ali que nem sequer saíram de seus lugares.

Tipo, Joker, esse estudante não estava nem um pouco a fim de fazer o trabalho, então simplesmente não fez. Ele observava Kraisee e Win em frente à mesa da professora, recebendo elogios por sua pontualidade e inteligência, o que o fez revirar os olhos.

Não que Joker não seja inteligente, ele simplesmente não se importa com nada. Por outro lado, Banz era diferente... ele até começou o trabalho, mas ainda não o concluiu. Sendo bolsista, ele não pode, de forma alguma, deixar suas notas caírem, às vezes isso lhe dá dor de cabeça.

— Conseguiu fazer o trabalho? — First perguntou e Banz negou.

— Ainda faltam algumas questões… Tentarei terminar até terça.

— Vamos estudar juntos… Quer vir na minha casa?

Banz olhou para First, o único que estudava com ele, diferente de Prem, que preferia copiar dos outros.

— Claro… Mas pode ser amanhã? É feriado… — Banz deu a ideia e First concordou.

— Também vou. — Joker encarou os garotos, vendo-os arquearem as sobrancelhas. — Quê? Vamos estudar juntos… sou inteligente, ok?

Banz não acreditou muito. Desde que Joker chegou à escola, ele não tem feito nada, além de desenhar e dormir. Prem sorriu zombeteiro.

— Vamos todos juntos, então. Quero comer algo delicioso, aquele curry que sua empregada faz. — Prem sempre acompanhava os amigos, mas nunca para estudar e sim para comer e jogar videogame.

— Tô vendo que não vamos conseguir estudar direito — First sorriu. Ele mora em uma enorme mansão com os pais e uma piscina aquecida. Ele realmente tem uma boa vida.

— Vou levar algumas bebidas... — Joker sugeriu.

— Se meu pai nos ver bebendo, ele vai nos matar. — Lembrou First, que mora com os pais. Joker sorriu. No final, é maravilhoso morar sozinho. Ninguém manda em você e não há brigas de terceiros sobre suas próprias atitudes idiotas.

— Vamos apenas estudar… — Banz lembrou, e Joker deu de ombros. Ele estava entediado.

Ele virou o rosto e olhou para a paisagem do lado de fora da janela, pensando em coisas aleatórias.

Kraisee e Win conversaram um pouco com a professora. Depois de cinco minutos de conversa, eles voltaram para seus lugares e finalmente a aula começou e fluiu calmamente. Alguns alunos prestavam atenção, enquanto outros conversavam e atrapalhavam a aula.

Fora da sala B, um pouco longe dali, numa sala do grêmio estudantil, o presidente conversava com alguns dos seus representantes sobre as reformas que aconteceriam neste ano na escola. Eles precisavam calcular o orçamento para assinar os papéis no final. Tudo dependia de como August via a situação.

Já na sala E, Fluke, Madee e Grace formavam um grupo para a aula de língua estrangeira. Eles conversavam entre si, se divertindo juntos e, dessa forma, as últimas três aulas se passaram, dando por encerrado aquele dia de estudo. Todos os alunos começaram a ir embora para suas casas.

Fluke guardou suas coisas e correu atrás de August, encontrando-o na sala do grêmio. Os dois tinham planejado jantar juntos e existia um restaurante no centro da cidade que ambos gostavam de frequentar.

— Você quer trocar de roupa antes de irmos? — perguntou August, arrumando suas coisas.

— Pode ser. Vamos direto para sua casa. Deixei algumas roupas minhas lá. — Sorriu.

— Daqui a pouco você passa a morar em casa.

— Eu posso? — Brincou Fluke e os dois sorriram. Saíram da sala e seguiram para o lado exterior do prédio, rumo à área de motos e bicicletas. A moto dele era branca, e August a ligou, pedindo para seu melhor amigo sentar-se no banco de trás.

Os dois partiram da escola juntos, como sempre faziam, e observaram Win e Kraisee na rua, se despedindo deles com as mãos. August observou Kraisee pelo espelho da moto e suspirou.

Ele queria convidá-lo para sair, mas como fazer isso quando Fluke lhe impedia de sair com outras pessoas? Sempre possessivo e grudento? No final, ele apenas obedecia ao melhor amigo como se fosse seu dono e isso não o incomodava de verdade.

Eles são amigos há mais de sete anos e os dois criaram um laço muito especial. Para August, é comum a forma possessiva de Fluke e ele gosta disso. Gosta de saber que o menor o ama dessa maneira. A amizade deles é tão bonita que August não se importa de fazer tudo o que seu melhor amigo quer.

Fluke sentiu o vento em seu rosto e sorriu. Seus braços abraçaram a cintura do amigo e os dois seguiram para o outro lado da cidade, rumo a um restaurante muito famoso de cinco estrelas.

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