Jogando queimada — 𝟏𝟒

August se surpreendeu quando Kraisee o puxou para falar algo aleatório e depois sorriu. Um sorriso bonito. Ele quase se perdeu diante disso, mas rapidamente teve que voltar a si com o chamado do professor para continuar a escolher os participantes do seu grupo.

Ele voltou a olhar para todos e pensou sobre os quatro encrenqueiros seguirem para o grupo de Grace. Isso lhe deu uma ideia... por que não escolher três de uma vez também? Isso realmente correria mais rápido para o início do jogo. Escolher um de cada vez demoraria muito, já que existem duas salas de aula ali com mais de sessenta alunos no total.

— Posso chamar em trio, professor? Assim, os grupos serão formados mais rapidamente.

Ele pediu permissão e viu o professor concordar. Em seguida, August voltou sua atenção para seus três amigos no canto.

— Fluke, Win e Madee. — Ele chamou pelos seus nomes e os três olharam para o presidente, indo para o seu grupo ao lado de Kraisee.

Fluke ainda estava chateado, não por August escolher aquela pessoa de que ele gosta, mas porque, sendo o melhor amigo, ele não deveria estar sempre na frente? O garoto acreditava nisso. Bem, quando se trata de August, ele realmente leva isso a sério.

Porém, seu temperamento é como o de uma formiga, um pequeno gesto de gentileza o deixa feliz novamente e ele sabe que August acabaria mimando-o no final. Sempre foi assim. Por enquanto, ele mostraria sua frieza para provocar o amigo.

Assim, Fluke manteve-se bem longe de August e não o olhou, querendo dar uma lição a esse amigo que não o valorizava.

Depois que Grace escolheu alguns alunos para o seu grupo. August fez o mesmo, seguindo finalmente com as escolhas mais rápido. Realmente, eram bastantes pessoas e escolher um de cada vez iria demorar muito. Agora eles optaram por escolher em trio, depois passaram para quarteto, até finalmente não haver mais ninguém de fora.

Ambos os grupos já estavam completos e cada um ficou em sua metade da quadra. O professor seguiu para o meio dos grupos com a bola de plástico e ar, olhando para todos, e disse:

— Quem for queimado nos primeiros cinco minutos perderá pontos na nota. Portanto, cuidem, pois alguns alunos são maldosos.

Kraisee olhou para August, sabendo que poderia contar com seu amigo.

— Não se preocupe, irei te proteger. Aliás, vou proteger a todos. — Olhou para Fluke, que o ignorava. August franziu a sobrancelha, porém não pensou muito e voltou a atenção para o professor, que tirou uma mochila das costas e abriu-a para distribuir coletes de duas cores, azul-escuro e vermelho.

— O grupo de August ficará com os coletes azuis, enquanto Grace receberá os vermelhos. Todos se misturem e lembrem-se, vocês são um grupo. Além de queimar, devem ajudar seus colegas do próprio grupo, e é proibido queimar aqueles que pertencem ao seu próprio grupo. Ok?

— Sim, professor… — Alguns disseram juntos, enquanto vestiam os coletes que representavam seu time.

Fluke, Kraisee, Win, Madee, August e todos desse grupo usavam azul, algo que combinava com o uniforme. Em contrapartida, Grace, Joker, Prem, Banz, First e os restantes usavam vermelho. A quadra foi tomada pelo barulho das conversas.

August teve o prazer de começar o jogo. Ele segurou a bola, olhando para os adversários vermelhos, enquanto Kraisee se escondia atrás de si, tentando não ser queimado, pelo menos nos primeiros cinco minutos.

— Que o jogo comece... — O professor soprou seu apito e August usou sua força para queimar um estudante aleatório, mas esse estudante desviou. A bola seguiu até as mãos do grupo azul, que mirou em outro aluno vermelho.

Ao todo, eram muitos jogadores, então August observava para onde a bola seguiria. Por enquanto, ninguém foi queimado, já que os alunos jogavam entre si, deixando as garotas para serem queimadas depois dos cinco minutos.

Joker agarrou a bola no ar com as mãos, o único lugar do corpo frio, e mirou na direção de um estudante aleatório do time azul, queimando-o na barriga.

Ouviu-se o barulho do apito.

— Eliminado, saia da quadra e sente-se na arquibancada — o professor ordenou. O aluno bufou, porém, fez o que estava sendo mandado, percebendo que só haviam se passado três minutos desde que começaram o jogo.

O professor soprou novamente o apito e todos voltaram a jogar. A bola de queimada estava nas mãos de um aluno de colete vermelho, ele a passou para um amigo que tentou queimar a pessoa ao lado, mas o adversário de colete azul foi mais rápido, segurando a bola com as mãos e lançando-a violentamente naquele que tentou iluminar, acertando sua testa com impacto.

O som do apito foi ouvido.

— Não sejam violentos. — O professor observou o aluno do time vermelho seguir até a arquibancada, massageando a testa. — Podem continuar.

Soprou o apito. Com os cinco minutos completos, as estudantes também começaram a jogar. Algumas foram queimadas sem poder se defender. Isso era injusto, considerando o tamanho e as forças dos rapazes, o jogo em si era todo injusto.

Kraisee continuou atrás do amigo, enquanto segurava sua blusa com as mãos, sem intenção de soltar. August tem costas largas, é alto e realmente estava protegendo-o como disse que faria. Isso aqueceu o coração do nerd de uma forma boba.

August estava feliz. Kraisee parecia um filhote atrás dele, segurando sua blusa e seguindo-o como um cachorrinho fofo.

— Você está bem? — Perguntou, colocando-se de guarda para que ninguém queimasse seu amigo.

— Estou. — Sorriu, olhando na direção da bola. Um estudante do time azul tentou queimar Prem, mas acabou errando. — Desculpe atrapalhar você.

— Você não está atrapalhando. — August colocou sua mão na cintura de Kraisee e os dois ficaram assim, um protegendo o outro enquanto se escondia para não serem queimados.

Joker agarrou a bola no ar e procurou por uma presa fácil, observando um garoto pequeno com quem nunca tinha tido contato antes. Esse garoto era Fluke e seus olhos se arregalaram quando viram a bola voar em sua direção com violência.

Fluke se agachou e conseguiu evitar ser queimado.

— Você queria me queimar ou me matar? Por que tanta violência? — Ele gritou, chocado. Joker apenas sorriu charmoso, juntando as mãos em um pedido de desculpas.

— Nunca quis machucar o anãozinho… — ele zombou. Fluke encarou o encrenqueiro com raiva e desviou o olhar para a bola, tentando evitar ser queimado. Joker se aproximou e empurrou-o para o lado.

— Você é muito bom em desviar da bola. Qual é o seu nome? — perguntou. Fluke ignorou o maior. Ele procurou por August, mas percebeu que, de tanto correr aqui e ali para fugir da bola, eles acabaram se afastando. — Eu me chamo Joker...

— É, seu nome é famoso por aqui — comentou calmamente, observando a bola um pouco longe de si.

— Isso é um elogio? — Sorriu, mas Fluke o ignorou. — De qualquer forma, tenha cuidado. Você é muito fofo e qualquer um pode te queimar.

Fluke o olhou. Será impressão sua ou Joker está insinuando alguma coisa? 

Não deu tempo de perguntar; Joker se afastou para roubar a bola e queimar os adversários. Deixando Fluke, com quem se iniciou uma amizade, de lado.

Enquanto isso, Win estava sossegado no jogo. Ninguém ousava lhe queimar, já que ele era o filho do diretor e sua diversão do dia era assistir Madee se ferrar. Ela corria aqui e ali para fugir dos que tentavam queimá-la. Isso tirou sorrisos dos seus lábios. Contudo, enquanto estava distraído, observando sua amiga, alguém se chocou em suas costas. Ele quase caiu, mas, por sorte, conseguiu se equilibrar. 

Win olhou para trás, observando Banz. Os dois se encararam. Agora a bola estava nas mãos do encrenqueiro. Ele conseguiu bloquear o ataque, chocando-se com o estudante e, sem dizer nada, com Win tão perto e vulnerável, Banz jogou a bola na sua direção, atingindo o filho do diretor.

— Eliminado. — Disse Banz com um sorriso sarcástico enquanto o apito foi ouvido.

Win ficou surpreso e, ao mesmo tempo, franziu o cenho. Esse bolsista realmente teve essa coragem?

— Idiota! — Bufou. Ele deu as costas para Banz e saiu da quadra, sentando-se na arquibancada. Cansado, Win pegou sua garrafa de água e bebeu, observando todos jogarem. Porém, em seu coração, existia preconceito em relação ao bolsista encrenqueiro ter-lhe queimado.

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