Na manhã seguinte, o céu ainda estava coberto por nuvens, e a terra tinha os rastros da tempestade da noite anterior. Senhor Miguel, determinado e ainda abalado, montava em seu cavalo, pronto para sair em busca de sua filha. Ao seu lado, dois empregados também estavam a postos, todos com semblantes sérios e preocupados. Miguel ajeitou o chapéu e estava prestes a dar a ordem de partida quando, ao longe, surgiu uma figura familiar.
Rodrigo vinha cavalgando em direção à casa grande, com Beatriz na garupa. O coração de Miguel disparou ao reconhecer a filha. Ele desceu rapidamente de seu cavalo, quase tropeçando na pressa, e correu até eles. Rodrigo segurou as rédeas firmemente, ajudando Beatriz a descer com cuidado. Ainda assim, ela estava visivelmente cansada, mas seu olhar encontrou o do pai, tentando acalmá-lo.
— Minha filha! — Miguel exclamou, seus olhos preocupados examinando Beatriz de cima a baixo. — Passei a noite em claro, procurando por você! Onde você esteve? E esse machucado? — Ele se voltou para Rodrigo, com a expressão desconfiada. — E você, o que fazia com ela?
Beatriz ergueu a mão, tentando amenizar o tom severo do pai.
— Calma, pai. Por favor. — Sua voz era suave, mas carregada de cansaço. — Rodrigo me encontrou caída perto do rio, machucada. — Ela olhou para Rodrigo com um misto de gratidão e carinho. — Eu estava montada na Charmosa quando um tiro soou de repente. Ela se assustou e saiu correndo, e eu... acabei caindo.
Miguel franziu a testa, o rosto ainda preocupado.
— Um tiro? Quem poderia estar atirando perto da fazenda? — Ele balançou a cabeça, ainda tentando processar a situação. — Mas você está bem, minha filha? Vou chamar um médico para examiná-la melhor.
Beatriz sorriu levemente, mesmo que o cansaço estivesse estampado em seu rosto.
— Rodrigo cuidou muito bem de mim, pai. — Ela lançou um olhar sincero a Rodrigo, que ainda segurava as rédeas de seu cavalo com firmeza, mas agora olhava para Miguel, esperando uma reação. — Não se preocupe, estou bem. Só preciso descansar.
Miguel, apesar da tensão, suspirou, aliviado por encontrar a filha. Mas ele ainda mantinha um olhar desconfiado em Rodrigo, sem saber o que pensar.
— Muito bem, mas essa história não termina aqui. Vou garantir que você seja examinada e que fiquemos de olho em qualquer um que esteja atirando por aqui. — Ele se aproximou de Beatriz e a envolveu em um abraço protetor. — Eu estava muito preocupado.
Miguel se voltou para Rodrigo, finalmente deixando transparecer um alívio mais evidente.
— Obrigado por ter cuidado da minha filha, Rodrigo. — Ele fez uma breve pausa. — A Charmosa deve ter se assustado porque é muito nova, ainda não está acostumada com certos barulhos. — Ele olhou para Beatriz, tentando tranquilizá-la.
Beatriz suspirou, os olhos ainda preocupados.
— Mas ela desapareceu, pai... — disse, com a voz embargada.
Miguel fez questão de abraçá-la, passando a mão pelos cabelos da filha.
— Vou pedir para os meus homens a procurarem, e se não a encontrarem, prometo que te dou outra égua, ainda melhor. — Ele falou com firmeza, mas Beatriz balançou a cabeça com um sorriso triste.
— Não, pai... eu quero a Charmosa. — Ela disse com um tom de carinho, lembrando dos momentos que tinha com sua égua.
Miguel apertou o abraço, tentando acalmá-la.
— Eu vou fazer de tudo para achá-la, minha querida. — Ele assegurou, com um olhar determinado.
Nesse momento, Anastasia se aproximou, um sorriso aparentemente caloroso no rosto.
— Beatriz! — exclamou, sua voz suave, mas carregada de intenções escondidas. — Que bom vê-la de volta. Fiquei tão preocupada. — Ela tentou abraçar Beatriz, mas a jovem recuou, seu corpo se afastando naturalmente.
Beatriz desviou o olhar, desconfiada. Antes que o momento pudesse se tornar mais constrangedor, Catarina apareceu, vindo quase correndo.
— Beatriz, meu amor! — disse, levando as mãos ao peito. — Eu não consegui dormir a noite inteira, só consegui me acalmar tomando remédios... fiquei tão preocupada com você. — Mas o olhar de Beatriz, que antes estava cheio de vulnerabilidade, agora se tornou atento, com um toque de desconfiança. Algo na reação exagerada de Catarina a deixou intrigada.
Miguel, sem perceber as sutilezas das reações ao redor, deu um sorriso aliviado e colocou a mão no ombro da filha.
— Vamos, entre e descanse, Beatriz. Vou tomar o café da manhã com você. — Ele sorriu, e a expressão de Beatriz suavizou um pouco ao perceber o amor e o cuidado do pai.
Os dois se dirigiram para a casa, trocando um olhar cúmplice, enquanto Anastasia e Catarina se entreolhavam, cada uma com seus próprios pensamentos escondidos.
Anastasia entrou na cozinha pisando firme, a raiva estampada em cada movimento. Ela se aproximou de Ieda com uma expressão que misturava frustração e ódio.
— Não acredito! — Anastasia esbravejou, socando a parede próxima. — Eu realmente pensei que Beatriz tinha morrido, e já estava feliz com essa ideia! — Seu rosto estava vermelho de fúria.
Ieda, um pouco assustada com a intensidade da patroa, tentou manter a calma.
— E ainda por cima, ela passou a noite com o Rodrigo... — Ieda comentou, lançando um olhar cauteloso para Anastasia. — Isso é pior ainda, não acha?
A menção de Rodrigo fez Anastasia parar abruptamente. Ela virou para Ieda, os olhos estreitos, como se processasse a informação com cuidado.
— O quê? Beatriz estava com Rodrigo? — perguntou com incredulidade, a voz fria.
Ieda assentiu, confirmando.
— Sim, foi ele quem a encontrou e cuidou dela. — Antes que pudesse continuar, Anastasia, em um acesso de raiva, socou a parede de novo, com mais força. Seus olhos ardiam de ódio.
— Eu odeio Beatriz! — Anastasia repetiu, apertando os dentes, quase como se aquelas palavras fossem um mantra que a ajudasse a respirar.
Ieda ficou impressionada com a fúria da patroa e, com uma expressão de curiosidade, se aproximou um pouco.
— Senhora Anastasia... — ela começou, com um tom hesitante. — Você... gosta do Rodrigo também? — A pergunta saiu quase como um sussurro, carregada de implicações.
O olhar de Anastasia se tornou ainda mais perigoso. Ela avançou e agarrou os braços de Ieda com força, seus dedos fincando na pele da empregada.
— Está maluca?! — Anastasia quase gritou, os olhos faiscando. — Eu, a filha de um fazendeiro, jamais teria atração por um vaqueiro! Nunca diga isso de novo! — Seu tom era carregado de desdém e raiva, mas havia algo mais ali, algo escondido que ela tentava com todas as forças reprimir.
Ieda, com medo da reação de Anastasia, balançou a cabeça rapidamente.
— Desculpe, senhora... Mas quem é filha de fazendeiro aqui é a Beatriz.— disse, tremendo um pouco.
Anastasia a soltou com um empurrão leve, respirando fundo para se recompor, enquanto o ambiente ainda vibrava com a tensão da conversa.
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Atualizado até capítulo 101
Comments
Claudia
Pronto agora vai sobrar até para o Rodrigo 😡😡essas 🐍🐍 ( Autora me desculpe por está revoltada com os personagens a história está bem interessante ) ♾🧿
2024-11-11
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