Beatriz acordou mais tarde do que de costume. O sol já estava alto, entrando pela janela de seu quarto e iluminando o ambiente de forma suave. Ela ainda sentia o calor de seu sonho com Rodrigo, que a fizera acordar com um sorriso no rosto. Cada detalhe de seu sonho parecia tão real, como se ele estivesse ali, ao seu lado, envolvendo-a em seus braços. Ela se levantou, ajeitou os cabelos e desceu para o café, ainda sonolenta, mas feliz com os pensamentos que a acompanhavam.
Na cozinha, Catarina estava sentada à mesa, com uma expressão séria e pensativa. Beatriz deu um sorriso e disse, quase saltitante:
– Bom dia, madrasta. Aonde está meu pai?
Catarina, sem tirar os olhos da xícara, respondeu com um tom apático.
– Seu pai já se foi. Trabalha desde cedo, você sabe como é. Ele sempre foi assim, incansável. Mas isso não muda o fato de que ele está ficando velho. E administrar todos esses bens... é complicado.
Beatriz franziu o cenho. Ela sabia que o pai trabalhava muito, mas ouvir sua madrasta falar daquela forma a fez refletir. Ele realmente estava mais velho, e ela sentia que precisava aproveitar mais o tempo ao lado dele.
Após o café, Beatriz se levantou e subiu para seu quarto, mas, ao passar pelo corredor, viu Ieda limpando os móveis. A empregada parecia distante, com um olhar perdido e uma postura mais tensa do que o normal. Beatriz sorriu para ela e se aproximou.
– Ieda, você está bem? Percebi que seu olhar estava estranho – perguntou, preocupada.
Ieda se virou rapidamente, forçando um sorriso, mas Beatriz notou que algo estava errado. Ela respirou fundo, como se estivesse segurando algo importante, e então falou, com uma voz baixa e hesitante:
– Eu estou bem, Beatriz... Mas tem algo que preciso te contar. Algo importante... Algo que eu sabia e deveria ter dito antes.
Beatriz franziu as sobrancelhas, a curiosidade despertada. Ela sentou-se perto de Ieda, sentindo o clima tenso no ar.
– O que aconteceu, Ieda? Você está me assustando – falou Beatriz, tentando disfarçar a preocupação em sua voz.
Ieda olhou para os lados, como se quisesse se certificar de que ninguém estava ouvindo, e então sussurrou:
– Eu... eu sei de um segredo sobre Rodrigo, Beatriz. Algo que ele tem escondido. Um segredo que você precisa saber.
Beatriz engoliu em seco, seu coração batendo mais forte. Ela sentiu o peso das palavras de Ieda, mas não conseguia entender o que ela queria dizer. Ela tomou coragem e perguntou:
– O que é? O que você sabe sobre Rodrigo?
Ieda hesitou por um momento, antes de olhar diretamente nos olhos de Beatriz.
– Rodrigo está tendo um caso com Anastasia. E ninguém sabe disso, mas é verdade. Eles estão se vendo escondidos, e eu... eu achei que você deveria saber. Porque... porque ele está se aproximando de você, e eu sinto que tem algo mais nisso. Algo que você não sabe.
Beatriz sentiu um choque profundo, como se o mundo ao seu redor tivesse sido virado de cabeça para baixo. As palavras de Ieda ecoavam em sua mente, mas ela não conseguia acreditar. Rodrigo, o homem por quem ela se apaixonara, estava envolvido com Anastasia? Como isso poderia ser verdade?
– Não pode ser... – murmurou Beatriz, quase em um suspiro. – Eu... não posso acreditar.
Ieda deu um passo mais perto, segurando as mãos de Beatriz com uma expressão de dor e preocupação.
– Eu sei que é difícil, Beatriz. Mas eu ouvi e vi coisas que não podia ignorar. Rodrigo e Anastasia têm um plano, e você está no meio disso. Eu não quero que você se machuque, mas... talvez seja melhor você saber a verdade.
Beatriz estava paralisada, o coração pesado e a mente tumultuada. Ela nunca imaginou que Rodrigo estivesse envolvido com Anastasia, e o simples pensamento de que ela estava sendo manipulada a fez sentir um arrepio de desgosto. Seu estômago se revirou, e ela tentou segurar as lágrimas que começaram a se formar em seus olhos.
– Isso... isso não pode ser verdade. Eles... eles estão se juntando para acabar comigo? – perguntou Beatriz, a voz tremendo.
Ieda olhou para ela com tristeza, e fez um gesto afirmativo com a cabeça.
– Eu... eu não sei os detalhes, mas algo não está certo. Eles têm algo contra você, Beatriz. Eu... eu só não queria te ver tão envolvida sem saber de tudo. Você é inteligente, vai saber o que fazer.
Beatriz respirou fundo, tentando controlar as emoções que a invadiam. Ela olhou para Ieda, com um olhar cheio de gratidão, mas também de dor. Ela acreditava nela, mas agora tudo parecia tão confuso. Como poderia confiar em Rodrigo agora? Como poderia acreditar nele depois de tudo o que ouvira?
– Obrigada por me contar, Ieda. Eu... eu preciso pensar sobre isso – respondeu Beatriz, com a voz trêmula, antes de se afastar e subir rapidamente para seu quarto.
Lá, sozinha, Beatriz se jogou na cama, as palavras de Ieda ressoando em sua mente como uma tempestade. Ela fechou os olhos, tentando acalmar a mente, mas a sensação de traição a envolvia por completo. Ela precisava descobrir a verdade, precisava saber o que estava acontecendo e, mais do que tudo, precisava entender o que fazer com o que acabara de descobrir.
Beatriz estava em seu quarto, mas não conseguia se concentrar em nada. As palavras de Ieda ecoavam em sua mente, uma verdade amarga que ela não queria aceitar. Rodrigo... Anastasia... O que ela faria agora? O que poderia fazer para evitar que tudo fosse destruído?
Ela respirou fundo, tentando se acalmar, mas a sensação de sufocamento a dominava. Decidiu que precisava de um tempo sozinha, longe de todos, longe das mentiras e dos enganos que a cercavam. Não sabia exatamente o que queria, mas sabia que não poderia continuar naquele turbilhão de sentimentos sem clareza. Ela se levantou rapidamente, enxugando as lágrimas que, apesar de sua vontade, teimavam em cair.
Beatriz saiu do quarto e foi até o estábulo, onde sua égua charmosa estava sendo alimentada. A visão de sua fiel companheira a acalmou um pouco, mas ainda havia um nó em seu peito. Ela não queria falar com ninguém. Só precisava espairecer, ter um momento para si mesma, longe de todas as obrigações e expectativas.
Caminhou até a égua, acariciando-lhe o pescoço com carinho, e murmurou:
– Eu só quero fugir, querida. Só um tempo para respirar.
Os olhos da égua pareciam compreensivos, como se soubesse exatamente o que Beatriz sentia. Sem hesitar, ela se aproximou e subiu na sela, decidida a cavalgada sozinha, sem ninguém por perto. Estava perdida em seus próprios pensamentos, sem direção, sem saber aonde iria. Só queria sentir o vento em seu rosto e a liberdade de se afastar de tudo.
Enquanto isso, na fazenda, Anastasia observava Beatriz de longe. A expressão maliciosa em seu rosto se transformou em um sorriso satisfeito ao perceber que Beatriz estava sozinha. Ela sabia que aquele seria o momento perfeito para suas ações. Focada, Anastasia pegou sua espingarda e disparou um tiro no ar, o som ecoando pela fazenda.
A égua, assustando-se com o estrondo, disparou como um relâmpago. Beatriz, que estava tentando manter o controle, se viu sendo arrastada pela força do animal. O instinto da égua era mais forte do que a tentativa de Beatriz de acalmá-la. A montaria desgovernada avançava pela mata, saltando sobre raízes e pedras, e Beatriz lutava para se manter firme, mas a tensão e o medo começaram a tomar conta dela.
Ela gritou, tentando controlar o animal, mas foi em vão. A égua estava fora de si, cavalgando sem rumo, atravessando o terreno acidentado. O vento cortava seu rosto, e as árvores pareciam se mover rapidamente ao seu redor, mas Beatriz não conseguia ter clareza sobre onde estava indo. O medo tomava conta de seu corpo, e ela sentia seu coração disparado.
Em um momento de pura desorientação, a égua pisou em falso em uma pedra escorregadia e, com um baque forte, Beatriz foi arremessada da sela. O corpo dela rolou por uma ribanceira íngreme, se embrenhando cada vez mais na mata. Ela tentava se agarrar às árvores, mas foi em vão. Seu corpo se chocou contra o solo com um estrondo, e, finalmente, ela parou, caindo na margem de um rio.
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Atualizado até capítulo 101
Comments
Katia Cristina Santos Costa
nossa autora qntas maldade contra a Beatriz
2024-12-07
0
Claudia
Quanta maldade 🤬🤬
2024-11-10
1