Na pequena cidade, onde a igrejinha dominava o cenário aos domingos, Beatriz e Rodrigo chegaram para a missa. O local fervilhava de vida, com quase todos os moradores e fazendeiros das redondezas reunidos para aquele momento de fé. Beatriz vestia um delicado vestido branco, que fez os olhos de Rodrigo se demorarem um pouco mais do que o habitual.
– Você está... muito bonita – elogiou Rodrigo, fazendo Beatriz corar e desviar o olhar com um sorriso tímido.
– Até que enfim, estou vendo você sem chapéu, botas de vaqueiro e aquele colete – comentou ela, tentando disfarçar o constrangimento.
Rodrigo riu, ajeitando a camisa branca social que vestia.
– Estou parecendo gente importante agora? – brincou.
Antes que ela respondesse, uma criança se aproximou, com a expressão curiosa e cheia de expectativa.
– Vocês vão se casar? – perguntou a menina, com uma inocência que fez os dois rirem.
Rodrigo, entrando na brincadeira, respondeu com bom humor:
– Quem sabe agora mesmo? – disse, fazendo a criança sair correndo, anunciando que ia comer bolo.
Durante a missa, Rodrigo ficou ao lado de Beatriz, e ela se sentiu estranhamente feliz, como se aquele simples momento fosse mais especial do que muitas viagens ou experiências que já vivera.
Quando saíram, Rodrigo se virou para ela com um brilho travesso no olhar.
– Vou te oferecer algo que eu gosto muito, mas acho que você não vai querer – provocou.
– O que é? – Beatriz perguntou, curiosa.
– Frutas cristalizadas que uma das irmãs da igreja vende. Não sei se combina com o seu paladar de quem já foi até a Coreia do Sul – disse, com um sorriso de desafio.
Beatriz riu, surpresa.
– Quero provar, sim. A última vez que comi frutas cristalizadas foi justamente na Coreia.
Rodrigo a olhou com um misto de fascínio e admiração.
– Você já visitou quase todos os países, hein? – comentou, enquanto ela assentia, os olhos brilhando.
– Quase todos... mas não trocaria nenhum deles por este momento – respondeu ela.
Rodrigo sorriu, tocando de leve no rosto dela com carinho. Eles se entreolharam por um breve instante, mas logo disfarçaram, lembrando-se das pessoas ao redor.
Rodrigo e Beatriz entraram no carro que pertencia a Miguel Romão. O silêncio carregado de sentimentos não ditos pairava no ar, até que Rodrigo virou-se para Beatriz, estendendo a mão para alisar suavemente seu rosto. Beatriz respirou fundo, sentindo um arrepio.
– Você quer? – ele perguntou, os olhos cheios de desejo.
Beatriz não hesitou.
– Pensei nisso o dia inteiro – confessou ela, antes de os dois se inclinarem para um beijo apaixonado. As bocas se encontraram, e o momento foi intenso, como se o tempo tivesse parado ao redor deles.
Rodrigo sorriu depois do beijo, seus olhos iluminados por um misto de alegria e desejo. Ele ligou o carro e começou a dirigir em direção à fazenda. Enquanto passavam por uma trilha estreita cercada de árvores, Rodrigo apontou para uma casinha simples, escondida no meio do mato.
– Ali é onde eu moro – disse ele, a voz um tanto constrangida.
Beatriz olhou com curiosidade e sem filtro comentou:
– Parece uma casa de cachorro.
Rodrigo ficou visivelmente sem jeito, desviando o olhar.
– Você nunca viu a pobreza de verdade, não é? – disse, com um tom misto de tristeza e humor.
Beatriz se remexeu no banco, mexendo no brinco e cruzando os braços.
– Não sei mesmo... e não é culpa minha – retrucou ela, meio sem graça.
O carro se aproximou da entrada da fazenda. Rodrigo saiu rapidamente, correndo para abrir a porta do carro para Beatriz. Ao descer, ela sorriu agradecida, sem perceber os olhares atentos que os seguiam de diferentes janelas.
Ieda, com um olhar cheio de sentimentos conflitantes, os observava da cozinha. Na janela da casa grande, Anastasia assistia à cena ao lado de sua mãe, Catarina. A expressão de Anastasia estava carregada de indignação.
– Beatriz está de caso com esse vaqueiro – comentou ela, com uma raiva contida.
Catarina balançou a cabeça, incrédula.
– Isso é um absurdo! Miguel nunca vai permitir que isso aconteça – respondeu Catarina, com um olhar severo, já pensando nas consequências que aquela relação poderia trazer para a família.
Ao chegar em casa, Miguel estava na varanda, ouvindo música enquanto fumava seu charuto. Ele olhou para Beatriz com curiosidade ao vê-la entrar com um sorriso radiante.
– Como foi a missa, filha? – perguntou, soprando uma nuvem de fumaça.
Beatriz se inclinou e lhe deu um beijo no rosto.
– Foi muito boa, pai – respondeu, subindo as escadas com um semblante feliz e despreocupado.
Enquanto isso, na cozinha dos empregados, Anastasia entrou com passos decididos e um olhar inquisitivo. Ieda, que estava arrumando algumas coisas, percebeu sua presença e tentou parecer ocupada, mas não conseguiu evitar o interrogatório.
– Você sabe de algo, Ieda? – perguntou Anastasia, com as sobrancelhas arqueadas.
Ieda, hesitante, respondeu:
– Sei... Beatriz me contou que beijou Rodrigo.
Os olhos de Anastasia brilharam de satisfação ao ouvir isso.
– Eu sabia! Minha intuição feminina nunca falha – disse, cruzando os braços. – Beatriz é uma descarada, não aguenta ver um homem sem se jogar.
Ieda suspirou, mostrando seu incômodo.
– Eu não suporto ver os dois juntos – confessou.
Anastasia se aproximou ainda mais, seu tom autoritário tomando conta da conversa.
– Então está na hora de você agir. Tem que começar a atacar! Dê em cima de Rodrigo, e ele não vai resistir – incentivou Anastasia.
Ieda ficou surpresa e um pouco desanimada.
– Mas ele nunca demonstrou interesse em mim durante todos esses anos – retrucou, com um olhar magoado.
Anastasia estreitou os olhos e deu um sorriso frio.
– Talvez porque você sempre tenha essa cara de lerda e sonsa. Chegou a hora de você virar uma mulher corajosa, Ieda. Mude essa postura e comece a reagir. Se não, quem vai acabar perdendo o trabalho aqui será você.
Ieda sentiu um aperto no peito, sua tristeza visível.
– Mas eu sempre te ajudo, conto tudo o que sei...
Anastasia deu de ombros, impiedosa.
– E você não faz mais do que sua obrigação. Agora, trate de investir pesado em Rodrigo ou prepare-se para as consequências – concluiu, saindo da cozinha e deixando Ieda com lágrimas se formando em seus olhos, o peso das palavras da patroa a sufocando.
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Atualizado até capítulo 101
Comments
Claudia
A princípio pegar essas 3 🐍🐍🐍e jogar no tanque de piranhas, 🤬🤬🤬🤬 mais ainda tem história e ainda teremos fortes emoções
2024-11-10
1
Juliana Narcizo
Aqui ela foi muito cruel em suas palavras
2024-11-18
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