Quando a noite caiu, Beatriz desceu para o jantar. Antes, encontrou seu pai, Miguel Romão, sentado na varanda. Ele fumava um charuto e saboreava um copo de uísque, parecendo satisfeito.
– Minha filha – disse Miguel, com um sorriso caloroso ao vê-la se aproximar. – Estou tão feliz por ter você aqui na fazenda. Um dia, tudo isso será seu.
–Eu também estou muito feliz meu pai. Apesar de não ter muita sorte desde que cheguei.
Beatriz se aproximou, mas sua expressão era um misto de carinho e preocupação.
– Não sei, pai... – falou, hesitante. – Não sei se vou querer morar aqui. Estou tão acostumada com a vida em Nova Iorque...
A felicidade de Miguel murchou um pouco, e ele não conseguiu esconder a tristeza que tomou conta de seu rosto.
– Nova Iorque... – ele suspirou, lançando um olhar distante. – Sei que você ama a cidade, mas essa terra faz parte da nossa família.
Enquanto isso, escondida perto da porta, Anastasia ouvia cada palavra da conversa. Assim que Beatriz seguiu para o jantar, Anastasia correu até o quarto da mãe, Catarina. Encontrou-a diante de um espelho, retocando a maquiagem.
– Mãe, como você pode ser tão burra de ter permitido que a Beatriz viesse para cá? – Anastasia começou, a voz cheia de rancor. – Ela vai acabar destruindo essa fazenda!
Catarina virou-se, o olhar frio.
– Ainda não, Anastasia – disse, com um tom calculista. – Miguel Romão ainda está vivo, e ele é o dono de tudo isso.
Anastasia cruzou os braços, irritada.
– Não suporto aquela garota. Tenho raiva até da voz dela!
Catarina concordou, franzindo o cenho.
– Miguel a mima demais. Ele sempre tratou Beatriz como uma princesa.
Anastasia bufou de frustração.
– Eu é que deveria ser filha dele, não ela!
Catarina soltou uma risada amarga e voltou a encarar o espelho.
– Não se preocupe, minha filha – disse, com um olhar maquiavélico. – Vou dar um jeito de fazer essa patricinha nojenta voltar para Nova Iorque. Ela vai correr para os braços daquela mãe nojenta dela, Ana.
Anastasia sorriu com satisfação, enquanto Catarina tramava em silêncio, determinada a se livrar de Beatriz de uma vez por todas.
No jantar, Anastasia mal conseguia disfarçar o desprazer de ter Beatriz ali, lançando olhares de desdém na direção da meia-irmã. Já Catarina, com um sorriso falso estampado no rosto, tentava forçar simpatia.
– Querida, preparei uma macarronada especialmente para você – disse Catarina, como se estivesse sendo genuinamente atenciosa.
Beatriz olhou para o prato, segurando um suspiro.
– Ah, obrigada, Catarina, mas eu não como glúten. Vou preferir uma salada.
O clima ficou um pouco tenso, mas Miguel Romão, sempre tentando manter a harmonia, desviou o assunto.
– Amanhã vou te levar para conhecer o milharal – disse ele, animado. – A plantação está linda! Acho que você vai gostar de ver.
Beatriz sorriu, lembrando-se das memórias felizes de sua infância.
– Eu adoraria! – respondeu, os olhos brilhando. – Lembro de correr por lá quando era pequena.
O jantar seguiu, com Catarina e Anastasia trocando olhares discretos. Após a refeição, Beatriz subiu para seu quarto. Mal havia aberto a porta quando soltou um grito de pavor ao ver um sapo gigante em cima de sua cama.
– Aaaaaah! – ela gritou, começando a chorar, assustada. Desceu correndo as escadas e encontrou o pai, agarrando-se a ele desesperadamente.
– Pai, tem... tem um sapo horrível no meu quarto! – choramingou, tremendo de medo.
Miguel franziu o cenho, confuso.
– Um sapo? É muito raro que animais entrem assim na casa – disse, tentando acalmá-la.
Enquanto Miguel a abraçava, Catarina e Anastasia, escondidas no corredor, riam baixinho, achando a situação hilária. Anastasia lançou um olhar cúmplice para a mãe, deixando claro que aquela era uma de suas armações. Catarina apenas sorriu, satisfeita com o resultado de seu plano para infernizar a vida de Beatriz.
No silêncio da noite, Beatriz, ainda inquieta e com os nervos à flor da pele, decidiu descer até a cozinha para beber água. Quando entrou, encontrou Ieda, a empregada da fazenda, tomando um café, visivelmente acordada há algum tempo.
– O que você está fazendo acordada, Ieda? – Beatriz perguntou, desconfiada.
Ieda sorriu levemente, tentando parecer natural.
– Perdi o sono... – respondeu, com um tom tranquilo. – Só aproveitei para tomar um café.
Beatriz, com o olhar perdido, sentou-se à mesa, tentando relaxar. Mas não demorou muito para que Ieda começasse a falar, como se quisesse aliviar um peso.
– Eu sei quem foi que colocou o sapo em seu quarto, Beatriz.
Beatriz levantou a cabeça, surpresa e curiosa.
– Quem? – perguntou, sem conseguir esconder a irritação que começava a se formar.
Ieda hesitou por um momento, olhando ao redor como se temesse alguém ouvir, antes de revelar:
– Foi a Anastasia.
O sangue de Beatriz ferveu na hora. Ela se levantou rapidamente da cadeira, indignada.
– Anastasia? – repetiu, com os olhos brilhando de raiva. – Eu sabia que ela estava por trás disso!
Ieda olhou para Beatriz com um olhar de preocupação.
– Por favor, Beatriz, não diga a ninguém que fui eu quem te contei, porque posso ser demitida... – implorou, a voz trêmula. – Não quero problemas.
Beatriz, com um sorriso calculista, acalmou a empregada.
– Não se preocupe, Ieda. Eu sei me defender. Anastasia não sabe com quem está lidando... Eu vou me vingar dela. Ela não é tão esperta quanto pensa.
Ieda soltou um suspiro de alívio, mas Beatriz já estava perdida em seus pensamentos, imaginando o que faria para fazer Anastasia pagar por aquela brincadeira cruel.
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Atualizado até capítulo 101
Comments
Claudia
É uma pior que a outra 🤭🤭🧿♾
2024-11-10
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