O galo soltou o maior canto que já havia sido ouvido por todos, e Beatriz despertou com o barulho. Ainda sonolenta, pegou o travesseiro e o pressionou contra os ouvidos, tentando abafar o som. Seu semblante demonstrava cansaço quando, de repente, seu pai, Miguel, entrou no quarto chamando-a animadamente para ver o nascimento de um bezerro.
– Vamos, filha! Você não vai querer perder isso! – insistiu ele.
Beatriz, irritada e ainda com sono, murmurou:
– Pai, ainda é cedo. E é domingo... eu só queria descansar.
Miguel, com um sorriso paciente, insistiu novamente, e ela finalmente cedeu.
– Tá bom, eu desço em uma hora. Preciso me aprontar – respondeu Beatriz, resignada.
Enquanto isso, na cozinha dos empregados, onde estavam cerca de cinco trabalhadores, incluindo Rodrigo, Anastasia apareceu com seu chapéu e sua postura autoritária de sempre. Sem cumprimentar ninguém, ela ordenou:
– Rodrigo, quero que cuide do gado hoje.
Rodrigo, que estava tomando seu café, olhou para os outros funcionários antes de responder:
– Hoje é meu dia de folga. Quero ir na missa.
Anastasia se aproximou dele, sua voz gélida e impaciente:
– Quer ser demitido, Rodrigo?
Ele ergueu os olhos, firme, e respondeu:
– A senhora não é a dona da fazenda.
Os outros funcionários observavam a cena, tensos e assustados. Anastasia estreitou os olhos, sem perder a pose.
– Se eu quiser, você está demitido agora mesmo – retrucou. – Tenho carta branca do senhor Miguel Romão.
A tensão ficou ainda mais densa na cozinha, enquanto Rodrigo engolia em seco, sem ceder ao olhar ameaçador de Anastasia.
Anastasia lançou um último olhar arrogante para Rodrigo antes de sair da cozinha.
– E quando terminar, quero que limpe todos os estábulos e dê banho em todos os cavalos da área A – acrescentou, saindo sem esperar uma resposta.
O ambiente ficou carregado. Os outros funcionários olharam para Rodrigo, e Bruno, um dos vaqueiros, quebrou o silêncio:
– O que ela tem contra você, cara? Por que tá te tratando assim?
Rodrigo suspirou, balançando a cabeça.
– Não faço ideia, Bruno.
Assim que os outros trabalhadores foram embora, Ieda, que havia observado toda a cena, se aproximou de Rodrigo. Sua expressão estava preocupada.
– Rodrigo, preciso te avisar... tome cuidado.
Rodrigo a olhou, intrigado.
– Cuidado com o quê? – perguntou ele, franzindo a testa.
Ieda hesitou por um instante, olhando para os lados, antes de responder:
– Anastasia não quer que você se envolva com Beatriz.
Rodrigo franziu ainda mais o cenho.
– E desde quando a minha vida é da conta de Anastasia ou de qualquer outra pessoa? – Ele fez uma pausa, refletindo. – Além disso, como ela sabe? Nunca viu nada.
Ieda ficou visivelmente desconfortável, evitando o olhar de Rodrigo.
– Beatriz contou para Anastasia que... que vocês se beijaram. Eu ouvi as duas conversando.
Rodrigo ficou incrédulo, sua expressão endurecendo.
– Tem algo muito errado nessa história – murmurou, decidido. – Vou resolver isso e tirar tudo a limpo.
Rodrigo deixou a cozinha, sua mente fervendo de perguntas, enquanto Ieda o observava, nervosa, sem saber se havia feito o certo.
Ieda se sentou na cozinha, chamando a si mesma de burra por ter revelado o segredo.
– Espero que Rodrigo não diga que fui eu quem contou – sussurrou, ansiosa.
Enquanto isso, Beatriz estava ao lado de seu pai, sorrindo ao assistir o nascimento de um bezerro. No começo, ela se sentiu enojada com a cena, mas logo ficou emocionada, chorando ao ver o bezerro finalmente nascer.
– É lindo, pai – disse Beatriz, com os olhos brilhando.
Seu pai, Miguel, sorriu com ternura, beijando sua testa e a abraçando. Eles ficaram ali, observando o bezerro recém-nascido nos braços de um dos empregados. Quando ele lhe entregou uma mamadeira, Beatriz a segurou e, com cuidado, começou a amamentar o animal.
De longe, Anastasia observava a cena com uma expressão fria. Decidida, ela se aproximou de Miguel.
– Miguel, preciso falar sobre o relatório de compras dos animais – disse Anastasia, tentando parecer séria.
Miguel suspirou, sem esconder sua frustração.
– Anastasia, hoje é domingo. Não quero pensar em trabalho.
Mas ela insistiu, puxando-o para longe dali. Miguel, relutante, seguiu com ela.
Nesse momento, Rodrigo chegou apressado e, sem se conter, segurou o braço de Beatriz.
– Precisamos conversar – disse ele, com urgência.
O empregado que estava perto deles olhou, desconfiado. Rodrigo percebeu e rapidamente soltou a mão dela. Beatriz olhou para ele, surpresa.
– Você tá maluco? – questionou.
Os dois se afastaram um pouco, buscando privacidade.
– Por que você contou para Anastasia sobre o nosso beijo, Beatriz? – perguntou Rodrigo, a voz carregada de frustração. – Você odeia ela!
Beatriz ficou indignada.
– Eu não contei nada, Rodrigo! – afirmou. – Anastasia está pegando no seu pé porque está armando para me fazer ir embora. Mas não vou dar esse gostinho a ela.
Rodrigo franziu a testa.
– E o que você vai fazer?
Beatriz pensou por um momento, determinada.
– Vou pedir ao meu pai para que você me acompanhe até a cidade. Assim, você não terá que trabalhar hoje.
Rodrigo balançou a cabeça, preocupado.
– Você não precisa fazer isso. Vai parecer que eu te beijei por interesse.
Beatriz sorriu, tentando tranquilizá-lo.
– Não se preocupe. Eu quero fazer isso.
Rodrigo a olhou, admirando sua coragem e gentileza, mas seu coração ainda carregava um misto de apreensão e atração pela jovem que mexia tanto com ele.
No escritório, Miguel discutia detalhes do trabalho com Anastasia, que digitava rapidamente no computador. A porta foi batida levemente, e Miguel permitiu que a pessoa entrasse. Beatriz abriu a porta com um sorriso e se aproximou de seu pai.
– Pai, quero te pedir uma coisa muito importante – começou ela, com um tom doce.
Miguel ergueu os olhos para a filha e sorriu.
– Pode pedir, querida.
Beatriz respirou fundo, preparando-se.
– Gostaria que o Rodrigo me levasse até a cidade hoje. Quero ir à missa – pediu, sua voz carregada de determinação.
Anastasia, ao ouvir isso, parou de digitar imediatamente e lançou um olhar de pura fúria para Beatriz.
– Rodrigo estará muito ocupado – interferiu Anastasia, com um tom firme. – Você pode pedir para Ieda acompanhá-la.
Beatriz, sem perder a calma, respondeu com um leve sorriso:
– Prefiro que seja o Rodrigo. Ele e eu já criamos uma bela amizade.
Miguel sorriu, satisfeito com a conexão entre sua filha e os funcionários.
– Fico feliz em ouvir isso, Beatriz. Se é assim, Rodrigo está liberado.
Anastasia tentou argumentar, mas Miguel ergueu a mão, interrompendo-a.
– Anastasia, por favor, não se intrometa. Rodrigo está liberado, e isso é uma ordem – disse ele, decidido.
Beatriz abriu um sorriso de satisfação, acenando para os dois.
– Obrigada, pai – disse ela, lançando um tchauzinho. Antes de sair, ainda olhou para Anastasia e soprou um beijo provocador, o que fez o rosto de Anastasia corar de raiva. Anastasia a encarou com um olhar que parecia prometer vingança, enquanto Beatriz deixava o escritório de cabeça erguida, triunfante.
Anastasia, ainda com o rosto marcado pela raiva, se voltou para Miguel assim que Beatriz saiu do escritório.
– Senhor Miguel, só o senhor não está percebendo o que está acontecendo aqui – disse ela, cruzando os braços.
Miguel franziu o cenho, surpreso com a acusação.
– O que você quer dizer com isso, Anastasia? – perguntou ele, um tanto irritado.
– Beatriz está de romance com o vaqueiro – revelou Anastasia, com um olhar satisfeito por causar impacto.
Miguel ficou em silêncio por um momento, assimilando a informação, mas logo sua expressão endureceu.
– Isso é um absurdo! – exclamou, a voz grave carregada de indignação. – Minha filha jamais se casará com alguém que não seja de sua classe. Rodrigo é um empregado, nada mais. Ele está aqui para servir, não para se envolver com Beatriz.
Ele levantou-se, visivelmente furioso, e encarou Anastasia.
– E eu não quero ouvir mais nenhuma palavra sobre isso, entendeu? – finalizou ele, cortando qualquer possibilidade de discussão.
Anastasia assentiu com um leve sorriso, satisfeita por ter plantado a semente da desconfiança.
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Atualizado até capítulo 101
Comments
Claudia
Essas 🐍🐍🐍🐍🤬🤬🤬🤬🤬🤬
2024-11-10
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