No dia seguinte, Beatriz acordou empolgada. Vestia uma roupa inteira de estampa de zebra e caprichou na maquiagem. Desceu as escadas com elegância, e ao chegar ao pé da escada, deu de cara com Anastasia ao lado de seu pai, Miguel Romão.
– Minha filha, você está linda! – Miguel sorriu, orgulhoso.
Beatriz sorriu de volta, abraçando-o com carinho.
– Obrigada, papai. – Ela ajeitou o chapéu com cuidado.
Anastasia se aproximou um pouco mais e murmurou baixinho, de modo que Miguel não pudesse ouvir:
– Só cuidado para não sujar essa sua roupa de grife com coco de cavalo.
Beatriz franziu o cenho e olhou para ela, irritada.
– Por que você insiste nessas piadinhas? – sussurrou de volta.
Miguel olhou para as duas com curiosidade.
– O que está acontecendo aqui?
Anastasia rapidamente colocou um chapéu em sua cabeça e disfarçou:
– Vou dar uma olhada no gado.
Beatriz deu um beijo no rosto do pai e se despediu.
– Até mais tarde, papai!
Ela então se dirigiu ao estábulo, ainda incomodada com as provocações de Anastasia, mas sem deixar que sua empolgação fosse abalada.
Ao avistar Rodrigo puxando um cavalo à distância, o sorriso de Beatriz lentamente se desfez. Sua expressão ficou séria, e seu coração começou a bater mais forte. Sentia-se nervosa, embora não quisesse demonstrar. Em sua mente, não podia deixar de admirar a aparência de Rodrigo, tão imponente e cativante.
Quando ele se aproximou, seus olhos percorreram Beatriz de cima a baixo. Ele abriu um leve sorriso e disse:
– Dia, patroa.
Beatriz ajeitou o chapéu e passou as mãos pelos cabelos, tentando disfarçar o nervosismo.
– Bom dia – respondeu, tentando soar confiante.
Rodrigo olhou para o cavalo e depois para ela.
– Pronta? – perguntou, com um brilho divertido no olhar.
– Sim... – Beatriz respirou fundo. – Faz muito tempo que não monto em um cavalo.
Rodrigo fez um gesto oferecendo ajuda.
– Quer que eu te ajude a subir?
Beatriz, com o orgulho que sempre a acompanhava, balançou a cabeça.
– Não precisa, eu sei subir sozinha.
Determinada, ela tentou montar no cavalo, mas seus esforços foram em vão. Rodrigo observou a cena, segurando uma risada. Sem desistir, Beatriz tentou novamente, mas não conseguiu.
– Eu insisto, patroa – disse ele, aproximando-se mais uma vez.
Dessa vez, Beatriz soltou um suspiro, derrotada.
– Tá bom... pode ajudar.
Rodrigo se aproximou ainda mais, e quando encostou levemente nela, Beatriz sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Ele segurou-a com firmeza, ajudando-a a subir no cavalo e ajustando as rédeas em suas mãos. O toque dele a deixou ainda mais nervosa, mas ela se esforçou para manter a postura, enquanto Rodrigo sorria, satisfeito por ter conseguido ajudá-la.
Enquanto Rodrigo mostrava pacientemente a Beatriz como manejar as rédeas e dar os primeiros passos com o cavalo, ela tentou puxar conversa, curiosa.
– E a quanto tempo você trabalha aqui na fazenda? – perguntou, tentando disfarçar o nervosismo.
Rodrigo lançou um olhar enigmático para ela.
– Uns cinco anos – respondeu, mantendo um tom reservado.
Beatriz queria saber mais sobre ele, mas percebeu que Rodrigo era difícil de decifrar. Havia algo misterioso em seu jeito, algo que a deixava ainda mais intrigada.
De repente, sem que percebesse, Beatriz apertou as rédeas com força demais, e o cavalo disparou em uma corrida inesperada. O pânico tomou conta dela.
– Aaaaah! – gritou, enquanto as lágrimas começavam a escorrer pelo rosto. – Rodrigo, me ajuda!
Rodrigo não perdeu tempo. Ele correu atrás do cavalo, mantendo a calma enquanto se aproximava. Finalmente, com habilidade, conseguiu alcançar e controlar o animal, desacelerando-o até parar. Beatriz quase escorregou de lado, mas Rodrigo a segurou firme, evitando sua queda.
Por um momento, os dois ficaram frente a frente, os rostos próximos. Os olhos de Rodrigo capturaram os de Beatriz, que estava sem fôlego. O silêncio entre eles pareceu eterno, e Rodrigo ficou ali, olhando-a, sem saber o que dizer.
Beatriz tentou se recompor, o coração ainda disparado.
– Obrigada... – murmurou, ajeitando o cabelo e tentando esconder o constrangimento.
Rodrigo suspirou e olhou para o cavalo.
– Ouro nunca faz isso – disse, franzindo a testa. – Não sei o que aconteceu com ele.
Beatriz, ainda trêmula, desceu do cavalo de um salto.
– Não quero mais montar – declarou, cruzando os braços.
Rodrigo soltou uma risada, balançando a cabeça.
– Ah, deixa de ser fresca, patroa.
Beatriz sentiu o sangue ferver de raiva.
– Eu não sou fresca! – gritou, irritada, antes de sair correndo de volta para casa, sem olhar para trás. Rodrigo a observou ir embora, um sorriso divertido surgindo em seu rosto, sem conseguir evitar de pensar que aquela garota era muito mais do que aparentava.
Beatriz subiu as escadas rapidamente, ignorando completamente sua madrasta, Catarina, que estava no corredor dando ordens aos empregados. Com o rosto ainda quente de irritação e o coração acelerado, ela entrou no quarto, fechando a porta com força.
Deixou-se cair na cama, suspirando profundamente.
– Eu não posso gostar daquele homem... – murmurou para si mesma, ainda sentindo a adrenalina correr por suas veias.
Sentou-se na beira da cama, tentando acalmar seus pensamentos. Havia algo no toque de Rodrigo que mexera com ela de uma forma que não conseguia entender. Eufórica, levantou-se e caminhou até o espelho, olhando-se nos olhos.
– Beatriz, Beatriz – disse, como se estivesse se repreendendo. – Você não pode se apaixonar por um vaqueiro.
Aquela ideia parecia absurda. Ela, uma patricinha da cidade, jamais poderia se envolver com alguém como Rodrigo. Ainda assim, não conseguia afastar a lembrança de seus olhos e o jeito como ele a fizera sentir.
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Atualizado até capítulo 101
Comments
Claudia
Beatriz cuidado para não se apaixonar 🤭🤭♾🧿
2024-11-10
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