O rio corria serenamente, ignorando o corpo de Beatriz, que jazia inconsciente e ferido na margem. Sua égua Charmosa, ainda em pânico, correu descontrolada pela fazenda, assustando os pássaros que descansavam nas árvores próximas. Bruno, um dos empregados da fazenda, viu a égua desorientada e sem Beatriz sobre ela. O sangue gelou em suas veias, e ele soube que algo terrível havia acontecido.
Sem perder tempo, ele pegou a égua pelas rédeas e foi direto até Anastasia, que estava perto da varanda da casa grande. Anastasia, ao ver a égua sem sua dona, disfarçou um sorriso de satisfação, mas Bruno, preocupado, exclamou:
– Dona Anastasia, a égua de Beatriz... ela voltou sozinha! Algo pode ter acontecido com a senhorita!
Anastasia manteve a compostura e disse friamente:
– Dê um jeito nessa égua, Bruno. Faça-a sumir de uma vez.
Bruno ficou perplexo, seus olhos arregalados diante da ordem absurda.
– Mas, senhora... por quê?
Anastasia estreitou os olhos, sua voz agora firme e cortante:
– Apenas faça o que estou mandando e cale a boca. Não se envolva. Dê um fim na égua e desapareça com ela!
Confuso, mas ciente de que desobedecer Anastasia nunca era uma boa ideia, Bruno assentiu com relutância e levou a égua para longe. Enquanto ele se afastava, Anastasia murmurou para si mesma, com um brilho de satisfação nos olhos:
– Se Beatriz desapareceu de vez... isso seria simplesmente maravilhoso.
Enquanto isso, na parte mais afastada da fazenda, Rodrigo estava observando o rebanho. Com a mão na cintura, o suor escorrendo por seu peito desnudo, ele pensava em Beatriz. O sorriso dela, o jeito que ela o fazia sentir... tudo estava impregnado em sua mente, uma sensação que ele não conseguia apagar. De repente, seus pensamentos foram interrompidos pela presença inesperada de Ieda.
Ela vinha andando com um sorriso largo, usando um vestido vermelho justo, que destacava suas curvas, e batom vibrante que reluzia sob o sol. Ela segurava um prato coberto por um pano de linho branco.
– Rodrigo! – exclamou, com entusiasmo. – Fiz um bolo de milho com queijo, só pra você!
Ele ficou surpreso, mas, ainda assim, aceitou o prato com um sorriso amigável.
– Obrigado, Ieda. Você não precisava fazer isso.
Ela se aproximou, seus olhos brilhando de expectativa.
– Percebeu algo diferente em mim hoje?
Rodrigo olhou para ela, sem entender.
– Não... o que seria?
O sorriso de Ieda desapareceu por um instante, mas ela tentou manter a confiança.
– Estou usando um vestido especial, Rodrigo. – Ela deu uma volta para que ele visse melhor. O vestido tinha um decote generoso, o que fez os olhos de Rodrigo desviarem, ainda que por um breve momento.
Ele voltou a comer o bolo, sem muito interesse. Ieda, não querendo desistir, avançou mais um passo. Com uma ousadia que não costumava ter, ela pousou a mão sobre o peito suado de Rodrigo, que recuou levemente, surpreso.
– Rodrigo – ela murmurou, com uma voz quase trêmula –, não percebe que eu sou loucamente apaixonada por você?
Ele ficou atônito, sem saber como reagir. O constrangimento tomou conta dele, e ele se afastou, colocando o prato de lado.
– Ieda... eu não sabia disso. Nunca percebi.
Ela, visivelmente decepcionada, insistiu, segurando-o com as duas mãos.
– Então agora você sabe. Me dá um beijo, por favor.
Rodrigo olhou em volta, desconfortável e sem jeito. Ele balançou a cabeça.
– Eu... não posso fazer isso.
O sorriso de Ieda desmoronou completamente. Humilhada e ferida, ela deixou o prato de lado e saiu correndo, as lágrimas caindo enquanto fugia daquela cena. Rodrigo, sem entender direito tudo o que havia acontecido, suspirou fundo, sentindo que algo muito maior e complicado estava prestes a se desenrolar na fazenda.
O entardecer começava a pintar o céu com tons de laranja e rosa, enquanto Senhor Miguel caminhava de um lado para o outro em sua sala. A preocupação estava estampada em seu rosto. Ele se voltou para sua esposa, Catarina, que estava sentada no sofá, folheando uma revista sem muito interesse.
– Catarina, você viu Beatriz? – ele perguntou, a voz tensa. – Já está ficando tarde, e ela ainda não voltou.
Catarina deu de ombros, mantendo a indiferença.
– Ela saiu mais cedo para cavalgar. Deve estar por aí.
Miguel, porém, não conseguia se tranquilizar. O pressentimento ruim estava crescendo em seu peito, e ele sabia que algo estava errado. Seus olhos buscaram pela janela, observando o céu que começava a escurecer.
Enquanto isso, nos campos extensos da fazenda, Rodrigo estava montado em seu cavalo, Ouro. O grande animal relinchava com energia enquanto o fiel cachorro de Rodrigo, Flip, corria na frente, farejando o ar e latindo freneticamente. Rodrigo franziu as sobrancelhas, sentindo que algo não estava certo.
– Flip, o que foi? – ele perguntou, puxando as rédeas de Ouro para seguir o cachorro.
Flip continuou latindo e correu mais adiante, até que parou perto de algo na margem do rio. Rodrigo chegou perto, a preocupação aumentando no peito. Ao se aproximar, seu coração quase parou ao ver Beatriz deitada na terra, com os cabelos esparramados.
– Meu Deus, Beatriz! – ele exclamou, descendo rapidamente do cavalo.
Ele se ajoelhou ao lado dela, virando seu rosto delicadamente. O coração dele quase explodiu de alívio ao sentir a respiração fraca dela, ainda presente. Mas os machucados em seu rosto e o estado deplorável em que estava o deixaram horrorizado.
– O que aconteceu com você? – Rodrigo murmurou, a voz trêmula, sem resposta.
Sem pensar duas vezes, ele a pegou nos braços com todo o cuidado que pôde. Beatriz parecia tão frágil, e cada lágrima não derramada nos olhos de Rodrigo era substituída por uma determinação feroz. Ele subiu no cavalo, segurando-a firmemente e a acomodando na frente de seu corpo.
– Aguenta firme, Beatriz. Vou cuidar de você – prometeu.
Ouro relinchou, e com um comando de Rodrigo, o cavalo disparou em direção à casa de Rodrigo. Flip corria ao lado, como se também soubesse da gravidade da situação. Rodrigo sabia que tinha que protegê-la, e embora cada passo de Ouro ecoasse em seu peito, ele não hesitou.
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Atualizado até capítulo 101
Comments
Claudia
Beatriz não merecia isso capaz de acusarem o pobre rapaz 😡😡
2024-11-11
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