A semana de Sofia começou como qualquer outra, tentando manter a rotina que a ajudava a não pensar em Victor ou no passado. Ela se ocupava com trabalho e compromissos, e as horas que passava entre os colegas eram um refúgio seguro, onde as memórias dolorosas ficavam distantes. Mas, pouco a pouco, uma inquietação sutil começou a tomar conta dela. No início, era algo quase imperceptível, como um peso invisível pairando sobre seus ombros. Bastou um ou dois dias para perceber que, em algum nível, estava se sentindo vigiada.
No início, tentava ignorar. Acreditava que talvez fosse apenas sua mente lhe pregando peças, devido ao recente contato com Victor. Afinal, era perfeitamente natural que aqueles antigos sentimentos de angústia viessem à tona. No entanto, a sensação começou a ganhar forma, até tornar-se inegável. Enquanto caminhava para o trabalho, sentia que um par de olhos se prendia nela em determinados momentos, e essa presença parecia segui-la como uma sombra.
Naquela quarta-feira, ao sair do prédio onde trabalhava, Sofia sentiu um arrepio correr por sua espinha ao atravessar a calçada. Olhou ao redor, tentando identificar alguém ou alguma coisa que confirmasse aquela impressão. Viu apenas um homem de boné, parado a alguns metros, observando o celular. Ainda assim, o desconforto não passou.
Os dias seguintes apenas intensificaram essa inquietude. Durante um almoço com Marta, Sofia percebeu o olhar preocupado da amiga ao vê-la distraída, os olhos constantemente varrendo o restaurante, como se esperasse ver alguém a observando.
— Você está bem? — Marta perguntou, franzindo as sobrancelhas.
Sofia hesitou antes de responder. Não queria que Marta a julgasse paranoica.
— Não sei... acho que sim — disse, por fim, colocando o garfo de lado. — É só que... sinto como se alguém estivesse me observando ultimamente. Como se... não estivesse sozinha.
A expressão de Marta mudou para algo entre o ceticismo e a preocupação.
— Isso não pode ser coincidência, Sofia. Talvez seja ele... ou alguém ligado a ele.
— Eu sei que parece paranoia, mas é algo que não consigo ignorar — Sofia admitiu, com a voz embargada. — Sinto esse peso, como se estivesse voltando para aquele mesmo lugar de medo onde fiquei presa anos atrás.
Marta segurou a mão dela com firmeza.
— Você precisa se proteger, Sofia. Não vou deixar que ele ou qualquer outro destrua tudo o que você reconstruiu até agora.
Embora as palavras de Marta fossem reconfortantes, o pânico já havia encontrado um espaço dentro dela. Naquela noite, sozinha em seu apartamento, Sofia sentia como se as paredes a sufocassem, e qualquer som mais intenso no prédio parecia ser uma ameaça iminente. Olhou pela janela, vasculhando as sombras lá fora, e tentou acalmar a respiração acelerada.
Naquela madrugada, foi acordada por um sonho terrível. Estava novamente no cativeiro, as mãos amarradas, a respiração de Victor contra a sua pele, sussurrando ameaças e risadas que a faziam tremer. Quando despertou, o coração batia tão forte que mal conseguia respirar. Ela acendeu a luz do quarto, tentando lembrar-se de que tudo aquilo havia ficado no passado. Mas, ao olhar em volta, os olhos pararam na janela — uma sombra se movia lá fora. A respiração parou por um instante, mas ao piscar, a sombra já havia desaparecido. Ela correu para a janela e olhou em volta, mas não viu nada que pudesse confirmar o que acabara de ver.
Nos dias que se seguiram, Sofia tentava se convencer de que tudo não passava de ilusões, mas, mesmo assim, começou a sentir o impulso de se esconder. Passou a evitar suas rotas normais e escolhia caminhos alternativos para ir e voltar do trabalho. Andava com passos rápidos, sem olhar para os lados, apenas querendo chegar a algum lugar onde pudesse estar segura.
Na sexta-feira, ao chegar no escritório, viu um envelope pardo em sua mesa, sem remetente. Suas mãos tremeram levemente ao abri-lo, mas tudo o que encontrou lá dentro foi um bilhete com uma frase: “O passado nunca morre.” A simples visão daquela mensagem a fez estremecer, a sensação de ser perseguida se intensificando a níveis quase insuportáveis.
Tentou manter o foco no trabalho, mas não conseguiu. No final do dia, decidiu se encontrar com Marta para compartilhar tudo. Elas se encontraram em um café isolado, longe dos locais onde costumavam ir.
— Ele está me perseguindo, Marta. Eu sei que parece loucura, mas eu posso sentir isso — disse Sofia, com a voz baixa, olhando em volta, paranoica.
— Talvez você precise de proteção policial — sugeriu Marta, preocupada.
Sofia balançou a cabeça, trêmula.
— Não posso provar nada... e se eles acharem que estou exagerando? Além disso, e se for só coisa da minha cabeça? Depois de tudo, é difícil saber o que é real.
Marta a abraçou, tentando confortá-la.
— Se você se sente assim, não importa o que digam. Você não está sozinha, Sofia. E eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para te ajudar.
Naquela noite, ao chegar em casa, Sofia se trancou e verificou todas as janelas e portas. Ela se sentou no sofá, envolvida por uma mistura de exaustão e medo. Cada som parecia amplificado, cada sombra, uma ameaça. Com as luzes apagadas, ficou em silêncio, tentando escutar o que poderia estar lá fora.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 43
Comments
Claudia louca por Livros📚
Quem procura achar vc procurou Sofia agora aguentar.
2024-12-20
0
pascoal victor
ela é doida, vai atrás e depois tá com medo kkkk
2025-01-01
0