Capítulo 19: O Fim Inesperado

O sol já começava a se pôr quando Clara me pediu para encontrá-la no jardim. Aquele era o nosso lugar, onde tínhamos compartilhado tantos momentos juntos, rindo, conversando sobre o futuro e imaginando uma vida ao lado um do outro. Mas, naquela tarde, algo estava diferente. O ar parecia pesado, e Clara estava distante, como se tivesse algo a dizer, mas não encontrasse as palavras certas.

Quando cheguei, ela já estava lá, de pé, olhando para o céu, como se procurasse alguma resposta entre as nuvens. Sua postura estava rígida, e o rosto, que costumava iluminar-se ao me ver, estava abatido. Meu coração acelerou. Havia algo errado, eu podia sentir.

"Clara?" chamei, dando um passo à frente. Ela virou-se lentamente, e ao ver seus olhos, soube que aquele momento mudaria tudo. "Está tudo bem?"

Ela hesitou antes de falar, e aquele silêncio entre nós parecia uma eternidade. "Lucas... a gente precisa conversar."

Essas palavras, tão simples, mas tão cheias de significado, fizeram meu peito apertar. Sentia que algo terrível estava para acontecer, mas me forcei a manter a calma. "O que houve, Clara? Fala comigo."

Ela desviou o olhar, seus olhos cheios de tristeza. "Eu... eu não posso mais continuar com isso. Nós dois. Isso tudo."

Aquelas palavras caíram como uma avalanche sobre mim. Fiquei atordoado, sem saber como reagir. "O que você está dizendo? Não faz sentido. Por que você está falando isso?"

Clara respirou fundo, como se cada palavra que saísse de sua boca a machucasse. "Lucas, você merece mais do que eu posso te dar. Eu tenho muitos problemas, muitas coisas que você não sabe. Eu tentei, tentei de verdade... mas não posso mais. Eu não sou boa para você."

Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Cada palavra dela era como uma facada, mas eu não conseguia aceitar. "Clara, para. Eu te conheço, sei que você está passando por algo, mas a gente pode resolver isso juntos. Não precisa ser assim."

Ela balançou a cabeça, as lágrimas já brotando em seus olhos. "Não, Lucas, você não entende. Não é uma questão de resolver. Eu... não sou quem você pensa. E não posso mais continuar te enganando, fingindo que está tudo bem. Isso aqui, nós dois, precisa acabar."

Me aproximei dela, tentando tocar sua mão, mas ela se afastou. "Por favor, Clara. Não faz isso. A gente passou por tanta coisa juntos, e eu sei que te amo mais do que qualquer coisa nesse mundo. Nada que você possa me dizer vai mudar isso."

Ela fechou os olhos, como se minhas palavras fossem um golpe. "Não é suficiente, Lucas. Você não sabe o que está por trás de tudo isso. E se soubesse, me odiaria. Eu não posso mais te arrastar para os meus problemas. Isso não é justo com você."

Minhas mãos tremiam. "Problemas? Que problemas, Clara? Se você está em apuros, me diz, eu vou te ajudar. Não vou te deixar sozinha."

Ela finalmente abriu os olhos, e o que vi ali me partiu o coração. Ela já tinha tomado sua decisão. "Eu já estou sozinha, Lucas. E você precisa seguir em frente, sem mim."

Por mais que eu quisesse lutar contra aquilo, que quisesse gritar que ela estava errada, algo me impedia. Era como se uma força invisível a estivesse puxando para longe, e eu não soubesse como segurá-la. Clara parecia convencida de que aquilo era o certo, mas tudo em mim gritava que era uma injustiça.

"Clara..." minha voz saiu quebrada, enquanto eu tentava encontrar uma saída, qualquer saída. "Eu não quero te perder."

Ela sorriu, um sorriso triste, e passou a mão suavemente pelo meu rosto, como se estivesse me dizendo adeus. "Você vai entender, Lucas. Um dia, você vai entender. E eu espero que encontre alguém que realmente possa te fazer feliz."

As lágrimas finalmente desceram pelos olhos dela, e eu senti o chão desabar sob meus pés. Não havia mais nada que eu pudesse dizer. Ela estava indo embora, e eu não sabia como detê-la.

Clara deu um passo para trás, e eu soube que era o fim. "Adeus, Lucas."

Fiquei ali, paralisado, vendo-a se afastar. Não consegui dizer nada, nem ao menos correr atrás dela. Minha mente estava um caos, tentando entender o que havia acontecido. Como tudo tinha desmoronado tão rápido?

O que Clara estava escondendo? E por que ela achava que eu a odiaria?

Enquanto a noite caía e o jardim ficava cada vez mais escuro, uma única certeza me consumia: eu precisava descobrir a verdade.

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