Capítulo 13: O Jogo da Manipulação

O sol brilhava intensamente no céu azul, e o parque estava cheio de vida. Caminhei lentamente pelo caminho de pedras, aproveitando a brisa fresca do fim da tarde. Estava a poucos passos de encontrar Clara, mas não tinha certeza de como ela reagiria. Nos últimos dias, havia notado uma tensão crescente entre ela e Lucas, e isso me deixava animado. Era o momento perfeito para colocar meu plano em ação.

Desde que percebi a conexão entre os dois, uma ideia começou a tomar forma em minha mente. Se eu quisesse criar uma rixa entre eles, precisaria ser astuto e sutil. Eu me aproximei de Clara em um momento em que Lucas estava distraído, e sabia que ela se sentia insegura. Aproveitei essa vulnerabilidade para criar um ambiente propício à dúvida e à desconfiança.

Quando a vi sentada sozinha em nosso banco habitual, meu coração acelerou. Eu sabia que precisava agir rapidamente. Clara estava pensativa, com os olhos perdidos no horizonte. “Oi, Clara,” eu disse, tentando soar amigável, mas com um toque de despreocupação que só eu conhecia.

Ela virou-se para mim, a expressão mostrando uma mistura de curiosidade e desconfiança. “Oi, Alberto. Você tem um momento?”

“Claro! O que você gostaria de conversar?” perguntei, fazendo um esforço para parecer genuinamente interessado.

“Eu queria saber o que você realmente pensa sobre mim e Lucas. Você está sempre por perto, e sinto que sua presença está causando um certo desconforto entre nós,” ela começou, a determinação em sua voz era evidente.

Fingindo surpresa, respondi: “Desconforto? Eu só quero ajudar Lucas. Ele é um amigo de longa data e me preocupa muito. Não quero que nada prejudique a amizade que temos.”

Ela me observou atentamente, e eu podia ver que estava tentando decifrar minhas palavras. “Mas por que você precisa se envolver tanto? Você parece mais interessado em ser próximo dele do que em me apoiar.”

“O que você está dizendo?” perguntei, levantando uma sobrancelha. “Não quero ser uma ameaça. Apenas quero que Lucas seja feliz, e você faz parte disso, certo? Eu pensei que estávamos todos na mesma equipe.”

“É isso que você realmente pensa?” Clara respondeu, a frustração começando a se misturar com a confusão. “Às vezes, parece que você está tentando me manipular.”

Senti que estava começando a perder o controle da situação, então decidi ser mais convincente. “Clara, eu não sei por que você está se sentindo assim. Eu só me preocupo com Lucas. O que eu faria para afastá-lo de você? Ele merece ser feliz, e eu sempre vou apoiar suas decisões.”

Ela hesitou, claramente lutando contra suas próprias inseguranças. “Eu só não quero que você crie problemas entre nós. Eu realmente gosto dele.”

E foi nesse momento que uma ideia brilhante surgiu em minha mente. “Olha, eu entendo o que você está dizendo. Mas, se você se sente tão insegura, talvez seja hora de você e Lucas terem uma conversa mais honesta sobre os sentimentos de cada um. Às vezes, os sentimentos não correspondidos podem complicar tudo.”

“O que você quer dizer com isso?” Clara perguntou, a dúvida agora evidente em seu tom.

“Eu só acho que Lucas pode não estar tão focado em você quanto você imagina,” eu disse, deliberadamente sem compromisso, jogando uma isca. “Ele tem muitas responsabilidades e pode estar confuso. Você já considerou que talvez ele não esteja pronto para um relacionamento sério?”

“Mas ele disse que gosta de mim!” Clara respondeu, a voz tensa.

“Às vezes, as pessoas dizem o que acham que queremos ouvir. As emoções podem ser complicadas, e as pessoas, especialmente os homens, costumam evitar falar sobre seus verdadeiros sentimentos. Eu só quero que você esteja ciente disso antes que as coisas fiquem mais complicadas,” falei, com um tom que se esforçava para parecer reconfortante, mas que estava repleto de segundas intenções.

O rosto de Clara começou a mostrar sinais de dúvida. “Eu… eu não sei. Ele nunca me deu motivos para duvidar,” ela murmurou, claramente balançando entre sua confiança em Lucas e suas inseguranças.

“Pode ser que você esteja tão preocupada com ele que não perceba as pequenas coisas. A verdade é que você precisa estar preparada para o que pode acontecer. Eu só quero o melhor para ambos,” continuei, percebendo que minha estratégia estava funcionando.

Ela ficou em silêncio por um momento, seu olhar distante, enquanto processava minhas palavras. “Talvez você tenha razão. Eu só não quero perder o que temos,” Clara finalmente disse, a vulnerabilidade em sua voz quase me fez sentir culpa. Mas eu sabia que estava jogando bem.

“Eu entendo. Mas, por favor, não deixe que suas inseguranças se transformem em desconfiança. A comunicação é a chave. Se você realmente se importa com ele, deve se certificar de que está no mesmo caminho,” eu disse, tentando parecer a voz da razão.

Clara assentiu lentamente, ainda perdida em seus pensamentos. “Você pode estar certo. Eu só… quero que as coisas deem certo entre nós.”

“E eu quero o mesmo, Clara. Lembre-se de que eu estarei sempre aqui para te apoiar. Você pode contar comigo,” respondi, e, dessa vez, meu sorriso era genuíno.

Ela finalmente sorriu, mas havia uma sombra de incerteza em seu olhar. “Obrigada, Alberto. Vou tentar conversar com Lucas.”

Assim que ela se despediu e se afastou, uma onda de satisfação percorreu meu corpo. O plano estava em andamento, e eu tinha plantado a semente da dúvida. Clara começara a questionar Lucas, e as coisas estavam se desenrolando exatamente como eu havia imaginado. Eu não era apenas um amigo, mas um conselheiro que estava “preocupado” com o bem-estar dela.

Enquanto caminhava de volta para casa, um sorriso arrogante se formou em meus lábios. O jogo tinha apenas começado, e eu estava ansioso para ver como Lucas reagiria quando a verdade começasse a surgir. Com Clara em dúvida, eu tinha a vantagem que precisava, e estava decidido a usá-la para separar o casal e trazer Lucas de volta a mim.

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