Um esconderijo

Acordo com a luz do sol batendo no meu rosto. Olho para a cama e estava do mesmo jeito. Simba não dormiu em casa, ou pelo menos não na mesma cama.

Eu estou faminta, já que não jantei na noite anterior. Vou ao banheiro, escovo os dentes, vou me trocar para ir até a cozinha e ver o que eu encontro.

Assim que saio do banheiro dou de cara com Simba.

Ele me puxa para seus braços e vem me beijar. Ele cheira a álcool e estava bêbado.

- Vem ati...aqui! Mina...minha "Oyinbo" (branca)!

- Você está bêbado. Me deixe em paz. Eu digo e me afasto.

- Você não...não pode fazer isso! Eu...xô...eu... Eu sou o príncipe.

- Você é um idiota! Eu digo.

Ele segura no meu pescoço, e me encosta na parede. E vem me beijar. Eu viro o rosto e chuto o saco dele, ele cai no chão. E eu corro.

- Ammmééééliaaaaa!! Ele grita.

Eu desço as escadas correndo olhando para trás, tropeço na escada e saio rolando até chega ao piso térreo.

- Sra? Sra? Zuri grita e corre até mim.

- Ammééééllliiiaaaa!! Simba grita com raiva.

- Por favor Zuri me ajuda! Me esconde!

- Sra eu não posso fazer isso! Ela diz.

- Por favor Zuri! Ele está bêbado e bravo, ele vai me machucar. Eu digo chorando.

Ela olha em volta e diz:

- Por aqui!

Eu tento ficar em pé. Mas não consigo colocar o meu pé direito no chão.

- A Sra está machucada? Ela pergunta.

- Acho que eu torci o meu pé!

- Venha! Eu me apoio nela e vamos andando.

- Ammmmééélllia!! Ouço Simba gritando, mas agora a sua voz está mais distante.

Entramos em uma biblioteca, onde tem um sofá enorme confortável e também uma tv. A primeira que eu encontro na casa. Três paredes enormes cheia de livros com uma porta pequena como de armários na parte inferior. Uma mesa de escritório “vintage” e uma poltrona vermelha que faz um lindo conjunto com a mesa.

Percebo que na mesa a um porta retrato com um pela mulher, com roupas reais.

- Fique aqui! Assim que eu puder venho ver o seu pée lhe trazer seu café da manhã, sei que ainda não comeu. Aqui você estará segura.

- Zurrriii!! Ele grita.

- Mas é fácil chegar aqui!

- Zurrrrriii!!! Ele continua a gritar.

- Sim! Mas o Sr Umar não entra aqui a anos então não virá olhar. Preciso ir.

- Zurrrriiiii!!!

- Descanse! Ela diz e me entrega um travesseiro e um cobertor que ela pegou em uma das portas dos armários.

Logo a gritaria cessa.

Eu me deito e coloco o pé apoiado no braço do sofá deixando o pé para cima.

Em frente ao sofá fica a tv, pego o controle e ligo para assistir.

Um tempo depois a porta se abre e Zuri entra com uma bandeja com alimentos. E uma caixinha de madeira.

- Sra aqui o seu café! Ela diz.

- Como o seu pé está?

- Ainda doí. Eu respondo ela coloca a bandeja na mesa e se aproxima. Coloca a caixa no sofá e diz:

- Vou dar uma olhada. Com licença.

Ela aperta o meu pé.

- Aiii!!

- Desculpe! Está um pouco inchado. Mas não parece ter torcido e nem quebrado. Vou passar um remédio, logo vai estar melhor.

Ela pega um pote como os de maionese com uma coisa verde e gosmenta dentro.

Ela abre o pote, pega o tal remédio e coloca no meu pé. Pega uma faixa de tecido, enrola e depois prende.

- O que é isso?

- Um remédio caseiro para dor e inchaço.

- E isso funciona?

- Sim, melhor do que remédio industrializados. É feito de ervas naturais e tem um ótimo resultado. Você vai ver.

- Aqui na Nigéria nem sempre temos recursos ou as coisas disponíveis para comprar. Então aprendemos a usar o que a natureza nos proporciona. Ela diz e sorri.

- Uma pergunta?

- Sim.

- Se essa casa é de Simba. Por que ele não entra aqui?

Ela respira fundo e diz:

- Ele não gosta deste cômodo!

- Mas por que?

- Essa casa era da Rainha. A mãe de Simba. Ela amava ler, era muito inteligente, e essa biblioteca ela quem montou do jeitinho dela. Por isso ela não entra aqui.

- Não entendi por que se refere a ela como no passado. Já que ela estava em nosso casamento.

- Não! Não! A Rainha Funmi não é a mãe de Simba. A Mãe de Simba era a Rainha Lara. A primeira esposa do Rei Adisa.

- Então Adanna é filha da Rainha Lara?

- Não! Ela é filha da Rainha Funmi.

- Mas a idade entre ela e Simba não parece ser tão diferente. A mãe de Simba morreu quando ele era criança?

- Não! Ela morreu a cerca de 3 anos.

- Então o Rei traiu a Rainha?

- Não! Aqui os relacionamentos são poligamos. O homem pode ter quantas mulheres desejar.

Eu fico sem resposta.

- E o que aconteceu com a Rainha?

- Sra eu já falei muito. Melhor deixar o Sr Umar te contar no tempo dele.

- Vou deixar a Sra descansar. Com licença.

- Zuri?

- Sim.

- Como Simba está?

- Ele perguntou da Sra eu disse que estava tomando café e já voltava. Ele deitou e adormeceu.

- Simba sempre bebe tanto assim?

- Não! Ele só fica assim quando o Rei vem procura - lo e acaba o chateando. Eles sempre discutem, não se dão bem. Ela diz.

- Que pena. Está bem Zuri, pode ir. Eu digo

- Com licença. Ela diz e sai.

Eu descanso um pouco, mas depois me levanto e dou uma olhada pela biblioteca, a fotos da ex - Rainha, fotos com um menino que deve ser Simba.

Deve ser triste perder a mãe, mesmo sem eu saber ao certo o que de fato aconteceu com ela. Quem sabe um dia Simba confie em mim e me conte o que aconteceu. Fico na biblioteca até o fim da tarde, assim que começa a anoitecer, decido sair e ver como Simba está.

Meu pé não estava mais doendo, subo as escadas devagar e abro a porta do quarto

 O quarto está escuro, a luz que tem ali, entra por uma porta que eu nem sabia existir. Me aproximo e vejo que tem uma varanda. Eu passo pelas cortinas e Simba está de costas, apoiado no beiral, olhando a paisagem...

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