Capítulo 15

POV Rick

Sara parecia hesitar, mas acaba escrevendo a carta. Ela mostra para o sequestrador que lê com cuidado. Provavelmente estava analisando se não havia nenhuma mensagem escondida no bilhete.

Ele sorri e diz:

— Certo, eu gostei. Está muito bom senadora. 

— Agora solte eles! Não era isso o que queria? Solte os meus funcionários! — Sara diz com autoridade.

Ainda com um sorriso macabro no rosto, o cara da cicatriz passa o polegar pelo rosto da senadora e diz:

— Você tem um jeito de mulher que eu não gosto. Por isso provocou a sua morte. Ninguém manda em mim, senadora! E o seu cargo não representa nenhuma autoridade para mim. — ele se vira para nós e diz — Agora podem matar esses dois merdas.

Ouço os sequestradores engatilharem a arma e o olhar de desespero da senadora para mim. Mas antes que atirassem, eu digo, me virando para o meu algoz e o encarando com o cano da arma encostado em minha testa.

— Se apertar esse gatilho, o Sr Simpson vai se incomodar.

O sequestrador olhou confuso para o homem da cicatriz, demonstrando que o nome do Sr Simpson, fazia eles tremerem.

— O que você está falando, idiota?! — o cara da cicatriz diz, voltando sua atenção para mim.

Tomo impulso e me levanto, mesmo com minhas mãos amarradas, demonstrando que aquilo não me impediria de me movimentar. O sequestrador se assusta, se afastando, mas logo volta a encostar a arma em minha cabeça.

— Estou dizendo que vocês não vão querer se meter com o afilhado do Sr Simpson.

— Você está blefando! Mate ele! — o homem da cicatriz manda, mas o meu sequestrador hesita em obedecer.

— Não estou blefando. Como que eu sei que o Sr Simpson é capaz de acabar com todos vocês e com toda a linhagem da sua família? Você sabe, isso não é difícil para ele. Será que vale a pena mesmo se arriscar.

— Que merda, cara! Eu não vou fazer isso! Eu tenho filhos! — o sequestrador que estava apontando a arma para mim grita e se afasta, assustado.

E esse era o momento de agir, com passos rápidos, prendo a perna dele entre as minhas e o derrubo e com um movimento em sequência dou uma cotovelada no segundo sequestrador e pego a sua arma com as minhas mãos nas costas.

Giro a arma, me virando para a parede e faço um disparo, que arrebenta a corda que me prendia.

Logo me viro para salvar a senadora mas algo que não estava em meus planos acontece.

Só ouço o som do corpo do cara da cicatriz cair no chão e seus gemidos, tentando respirar.

— Mas… o quê?! O que você está fazendo, senadora?

Dou um chute em um dos sequestradores que queriam se levantar e um tiro no ombro do outro, o impedindo de tentar algo.

Me viro novamente para a senadora, totalmente surpreso por aquela mulher ter conseguido derrubar o cara da cicatriz e estar dando uma chave de perna no pescoço dele. Em pouco tempo o cara da cicatriz não aguentou e ficou desacordado.

— Você não disse para eu ser forte? — ela diz se levantando e me deixando totalmente sem reação.

— Eu disse para ser forte e aguentar, porque eu iria te salvar!

— Ah, Rick! Uma mulher inteligente sempre tem um segredinho dentro das mangas. — ela levanta a saia do vestido, me deixando confuso e um pouco constrangido. — E como meu vestido não tem mangas, eu guardão embaixo da minha saia mesmo.

Fiquei surpreso e confuso mais uma vez, quando ela tira de um elástico em sua perna uma arma. Sara engatilha a arma, olha para mim e dá de ombros.

— Ei! Porque essa cara? Achou que eu era indefesa?

— Você tinha uma arma o tempo todo e não me disse?

— Você iria me pedir para jogar fora. Nem pensar que eu iria fazer isso! Vocês homens subestimam muito as mulheres, Rick e é nisso que erram. Assim como você eu tinha certeza que os sequestradores não desconfiaram que eu estava armada e nem que eu sou faixa preta em judô e conseguiria colocar esse babaca pra dormir! — ela chuta o corpo do cara da cicatriz e eu balanço a minha cabeça incrédulo.

— Tá… ok. Não vamos mais perder tempo, aqui, temos que ir!

— Mas… e o guarda-costas?

— Ele está machucado e vai nos atrapalhar.

Pego a outra arma do segundo sequestrador que está no chão e dou para o guarda-costas.

— Resista aí e dê um jeito de pedir ajuda. Aproveite que estarão ocupados procurando eu e a senadora.

Digo e pego na mão da senadora e nós dois saímos dali.

Pedi para ela ficar atrás de mim, e tentei ser o mais discreto possível. Assim que avistamos um guarda, olhei bem para aquela mulher e acenei em negativo. Não sei, ela podia fazer mais alguma coisa para me surpreender e me desconcentrar.

Ela sorri e acena em positivo, e discretamente eu abordo o guarda e coloco ele para dormir com um mata-leão.

Saímos em alguma espécie de garagem, onde estavam estacionados os carros e motos.

— Vamos pegar a moto! — ela diz, toma a frente, coloca o capacete preto  e sobe na moto de mesma cor.

— Senadora, eu acho arriscado irmos na moto, vamos acabar nos separando.

Ela levanta a viseira do capacete e diz:

— Quem disse que vamos em motos diferentes? Você vai comigo aqui, na minha garupa. — ela joga o outro capacete para mim, e liga a moto, fazendo eu me perguntar mais uma vez quais mais segredos eu iria descobrir sobre ela. — Confie em mim, Rick! Eu vou tirar a gente daqui fácil, fácil.

Um pouco inseguro coloquei meu capacete e subi na garupa, ela ficou parada por alguns segundos… de repente, pegou minhas mãos e me fez abraçar a sua cintura. Assim, ficamos colados e a bunda dela estava encostando em mim, me deixando inseguro sobre ter aceitado deixar ela pilotar.

Ficamos estranhamente encaixados e ela ainda mexe a bunda só para me provocar. Reviro meus olhos e balanço a cabeça em negativo. Que Deus me ajude nesse momento, porque desse jeito vai ser difícil resistir.

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