Capítulo 5

Entre muitas dificuldades, a maior é a de encontrar alguém para trabalhar comigo e concorde com as minhas ideias e tivesse coragem para enfrentar as pressões que uma mulher como eu enfrenta.

Já tive muitos secretários, e muitos deles não duraram no cargo, algo que me deixa sobrecarregada.

Mais uma vez publiquei a vaga e estava um pouco desanimada com o nível dos candidatos.

Todos tinham currículos bons para o trabalho, mas eu não conseguia encontrar neles, aquela coisa, sabe? Aquela coisa que te move para mudar as coisas. Não sei se entendem, eu não sei explicar. É algo que tenho dentro de mim e queria muito conseguir compartilhar com alguém e porque não, com alguém que trabalha comigo. Acho que só assim eu encontraria mais que um funcionário, mas alguém disposto a me apoiar nas minhas brigas.

Esse sentimento de que não havia uma conexão com os candidatos mudou, quando entrevistei o Rick…

Ele era igual aos outros candidatos, estava bem vestido, tinha resposta para tudo o que eu perguntava e passou em todos os meus testes. Mas o olhar dele era extremamente profundo. Era como se ele fosse um homem muito mais complexo do que aparentava.

Eu fiquei curiosa de uma forma que estranhei a mim mesma. Senti vontade de descobrir seus segredos. Ele tinha um mistério que me atraia e me fazia pensar nele mais do que nos outros.

Fui até o gabinete de Therence, o chefe do meu partido. Therence me ajudou muito no meu início e criamos uma amizade. Ele tem trinta anos e antes de mim, ele era o mais jovem prodígio na política e por isso, nós temos muita afinidade.

Eu não queria escolher o meu próximo secretário só porque senti uma conexão com um deles. Eu sou uma mulher de 23 anos que não namoro ninguém há muito tempo e Rick é bonitinho e misterioso. Fico desconfiada das minhas verdadeiras intenções e eu não tempo para uma sessão de autoconhecimento agora.

— Oi Therence, podemos conversar? — pergunto, abrindo a porta de seu gabinete.

Ele acena em positivo e imediatamente entro com as minhas anotações de cada candidato.

Me sento e continuo:

— Estou com problemas, todos os candidatos são bons e eu não queria errar na minha escolha. Talvez uma segunda opinião me ajude a decidir.

— Claro! Você já escolheu alguns?

— Bem, de início eu não queria contratar um homem. Você sabe, além de correr o risco de ter alguém que não vai respeitar a minha autoridade, também correria o risco de inventarem alguma fofoca sobre mim. Mas contratar uma mulher também não me salvaria disso. Eu sempre pensei que mulheres eram unidas, como a minha mãe e a tia Tereza, mas a verdade é que não existe muita união entre as mulheres.

— Sim, é verdade. Mas você está contratando um funcionário e o salário que está oferecendo é bom. Seja homem ou mulher, deveria valorizar o emprego.

— Bem… — digo olhando para as minhas anotações — Não é o que tem mostrado. Minha última secretaria está trabalhando para aquele candidato da oposição que só me ataca. Ela com certeza estava aqui só para pegar informações.

— Certo, mas continue seu raciocínio que vou tentar te ajudar.

— A minha ideia era contratar uma mulher, mais velha. Ou talvez um homem, mais velho. Mas os melhores candidatos são homens e na faixa etária dos trinta. Sinto que pode ser um erro essa escolha e talvez deva aguardar mais um pouco e fazer mais entrevistas.

— Você não pode.

— Eu sei! Eu tenho tantas coisas agendadas, tanto a fazer! Preciso de muita ajuda.

— Sara, já pensou que talvez essa carreira seja muito para você? Será que não é a hora de desistir e tirar umas férias para as Bahamas, fazer um SPA. Qual foi a última vez que foi em um salão de beleza?

— Therence! O considero um amigo, mas você sabe o quanto me irrita quando tentam mandar no que devo fazer! Sim, não vou ao salão há algum tempo, mas minhas responsabilidades sempre virão em primeiro lugar. Além do mais… eu estou bem, me sinto maravilhosa. — digo, passando a mão pelos meus cabelos.

Therence sorri e diz:

— Você está sempre incrível. Porque não terminamos essa conversa com você almoçando comigo.

Me levanto imediatamente e digo:

— Não, eu decidi passar a tarde analisando os candidatos e vou fazer isso sozinha. Tchau Therence e obrigada por não ter me ajudado em nada.

— Você não ficou com raiva pelo o que eu disse, não é?

— Claro que fiquei! Odeio que me julguem pela aparência, principalmente pelas pessoas que se dizem minhas amigas.

— Ei Sara, me desculpe, não estou te desmerecendo. Eu confio nas suas decisões e antes de sair, me dê suas anotações dos seus candidatos. Se são tão bons como diz, quero ver se aproveito algum para ser meu secretário.

— Claro, Therence! Te dou, mas não agora! Depois que eu escolher o melhor, te dou o resto.

Na política é assim, amigos também são concorrentes e às vezes conversas afiadas surgem.

Voltei para minha sala e continuei a analisar. Não é que eu seja mimada, é só que eu fui criada para não aceitar que seja desmerecida.

Essa coisa de ser senadora é sim para mim, eu acredito no trabalho que estou fazendo.

Eu acredito na minha intuição e sim, vou escolher o Rick Marino!

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