Capítulo 3

Quando saí, já estava anoitecendo, caminhei normalmente e peguei um ônibus até o local de vigia.

Assassinos devem ser indetectáveis e uma ótima forma é se misturar no meio das pessoas. Se eu precisasse de fugas alucinantes como nos filmes, não conseguiria esse trabalho, já que eu sou um pobre fodido.

E a verdade sobre assassinos profissionais é essa, eles estão misturados no meio das pessoas, ajudando velhinhas a atravessar ruas, brincando com bebês enquanto passeiam no shopping, ou até jogando xadrez em uma praça.

E a coisa ruim sobre isso, é que é um trabalho solitário, apesar de nos reconhecermos, seguimos as regras:

1- Não se conhece o contratante.

2- Não questione os métodos que o contratante exigir.

3- Não se envolva emocionalmente com o cliente.

4- Não se fala sobre o trabalho, a não ser com o agenciador.

5- Nunca se deixe ser pego. Se você for, para proteger a sociedade dos assassinos, não terá outro destino, a não ser a morte… e eles irão caçar cada um de sua família.

Cinco regrinhas que são bem autoexplicativas, mas é claro que algumas regras já foram quebradas, eu só estou vivo porque regras foram quebradas…

Chego ao local, um prédio com apartamentos a venda, visto meu uniforme de faxineiro e cumprimento meus colegas.

Vou até o apartamento 701, com minha bolsa dentro do carrinho de limpeza e chegando lá, tranquilamente consigo montar meu equipamento e ficar de tocaia.

Nove da noite identifiquei o alvo, chegando, a trezentos metros daqui, ele entra em uma boate de stripers, que na verdade era um covil da máfia. Ele tinha um trabalho essa noite, o velho braço direito da máfia do tráfico de pessoas, precisava de uma cirurgia cardíaca. E ele já tem alguns mandados de prisão esperando por ele, então se ele fosse em um hospital comum, sairia de lá preso.

Espero calmamente, ouvindo uma música em meu fone de ouvido, algumas horas se passam e Edward sai de lá. Ele para e olha para os lados, desconfiado, dizem que as pessoas sentem quando a hora deles está chegando e eu acho que ele sentiu agora.

Mal ele dá um passo e faço o primeiro disparo, uma bala atordoante, ela não perfura a cabeça, explode no primeiro impacto e o som atordoa a vítima o fazendo se mover de forma aleatória, o preparando para receber o segundo disparo e não denunciar a direção que recebeu disparo, assim que uma bala perfurante que abre um buraco em sua cabeça.

Assim que termino, imediatamente monto meu equipamento e vou embora. É por isso que sou o melhor assassino, eu tenho métodos e não preciso da interferência do agenciador para apagar meus rastros.

Assim que chego em casa, dou graças a Deus que minha mãe está no hospital, assim eu não teria que mentir para ela sobre o que eu estava fazendo. Pego meu celular e vejo duas notificações, uma era o valor do trabalho caindo na conta e a outra era da Senadora Sara Weyland, me pedindo para comparecer ao seu escritório no dia seguinte, para assinar o contrato de trabalho.

Pela manhã, bem cedo eu já estava lá, assinando o contrato e Dave Carson também. Fiquei um pouco confuso, para mim a vaga era só para um secretário.

Assinamos os papéis e quando estávamos sozinhos, nos encaramos.

Ele sorriu e disse:

— E parabéns, você venceu dessa vez, mas não significa que ganhou batalha. Eu vou ser o secretário do Therence Bolton, o chefe do partido da senadora. Vou estar sempre por aqui e por perto…

— Humpf! Você não aceita perder, não vou deixar você se aproximar dela.

— Não preciso me aproximar muito para finalizar o serviço.

— Não se fala sobre o trabalho, lembre-se das regras.

— Não estou aqui pelo Simpson, Rick. Estou por minha conta. O cliente anunciou o trabalho na web secreta de… de quem faz o nosso tipo de trabalho. Não seremos só nós dois tentando nos aproximar da senadora.

— Pelo que eu saiba, as regras não são do Sr Simpson. Você continua quebrando.

— Ah, que merda! Por que você é tão certinho? Ninguém liga para essas regras, só ligam para serviço terminado.

— O cliente tem exigências.

— Vou seguir as exigências, mas não posso falar pelos outros. — Dave diz e se afasta.

Fico um pouco pensativo, é claro que já imaginava que teria concorrência nesse trabalho, é uma recompensa muito alta e terei que tomar muito cuidado, desconfiar de tudo e de todos. Sabe se lá quem mais está infiltrado nesse lugar.

O cliente exigiu uma execução sem rastros, algo limpo e sem evidências de assassinato. Por isso a senadora não recebeu nenhum ataque direto ainda. O trabalho deve ser feito de uma forma que no final, pareça que foi algo natural, o cliente não quer que ela se torne um mártir. Não é um trabalho para amadores, é somente para os melhores.

— Sr Marino? — ouço a voz da senadora atrás de mim e me viro imediatamente. A sua voz era profunda e ressonante, uma voz que era impossível não se lembrar — Tem problema se eu pedir que inicie imediatamente?

— Nenhum problema, senadora. Já estou pronto para o trabalho.

— Ok, então vamos para o meu escritório.

Assim que entramos, ela imediatamente sentiu-se em sua cadeira, me empurrou um laptop e já começou a falar.

Ela foi me dando uma lista de todos os seus afazeres, sem consultar nada. Ela ia girando na cadeira distraidamente sem olhar para mim.

Ela estava distraída e seus cabelos se movimentavam lançando um perfume suave para meu nariz. Era quase hipnotizante vê-la se movimentar.

Era inacreditável como aquela mulher era atraente e charmosa, naturalmente.

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