Capítulo 14

POV Rick

— O-o que você está falando?— a senadora pergunta, assustada.

Eu hesito um pouco em responder. Já sabia que tínhamos caído em uma armadilha e com certeza estávamos sendo vigiados seguidos.

Respiro fundo, tentando ser mais suave, percebi que a assustei com minha impulsividade.

— Olha, não temos muito tempo. Peça para o seu guarda-costas não fazer nenhum movimento brusco e entregar a arma quando chegarem e talvez não o matem. Não vão querer chamar a atenção, assim que chegarem colaboram e concordem com tudo.

Olhei em volta e naquela hora da noite essa rua não estava movimentada. Analisei, pensando que era a oportunidade perfeita para um sequestro sem chamar atenção. Provavelmente já haviam planejado, cortaram o freio nos obrigando a parar nessa região, é claro que o carro poderia ter batido, mas provavelmente o guarda-costas sabe manobras de parar um carro sem freio. Só estão demorando, pois provavelmente o carro parou antes do lugar onde calcularam que o fluido de freio acabaria.

Caminhei mais um pouco, analisando tudo. Essa rua está cercada por prédios de escritório que já não estão funcionando mais e tentar fugir, não adiantaria muito estamos a pé e eles provavelmente estão motorizados e chamar ajuda também não ajudaria, provavelmente não chegaria a tempo e ainda colocaria em perigo as nossas vidas.

— Rick! — a senadora me chama, me fazendo olhar para ela.

— Se acalme! Estou pensando em tudo. — digo e continuo a pensar.

Algum tempo depois o som de motor soa e em um segundo estávamos cercados por motos e carros.

Homens armados desceram e apontaram armas para nós.

Olhei para a senadora e ela por sua vez olhou para o guarda-costas e acenou em negativo, o impedindo de sacar a arma.

— Mão na cabeça e deitem no chão! Porra! Vamos! Deitem logo! — um deles grita, vem e chuta a minha perna, me fazendo ajoelhar.

Coloco a mão em minha nuca e me deito, olhando para a senadora que ao ser empurrada por outro dos sequestradores, me obedece.

O guarda-costas faz o mesmo e eles apalpam seu rosto.

— Ele está armado! Filho da puta, estava querendo nos ferrar! — um deles grita, apontando a arma para a cabeça do guarda-costas.

— Ei! Eu! Para cara, ele não atirou e porque você vai atirar? Temos que ir embora agora antes que chame a atenção de alguém, coloquem todo mundo na van, vamos!

O chefe deles ordena e logo vem um sequestrador para cada um de nós, nos amarra e após nos joga dentro da van. Rapidamente dão a partida e em um ponto os carros e moto se dispersam para direções diferentes.

Assim que as coisas parecem estar mais calmas, olho para a senadora, que estava completamente perdida e assustada.

Movo meus lábios de uma forma que não emito sons, mas que ela possa entender o que digo.

— Seja forte.

Ela acena em positivo, lentamente.

— Irão te chantagear, finja aceitar a chantagem.

Ela acena em positivo e após move os lábios.

— E você? Vai ficar bem?

— Vou ficar bem, mas… provavelmente vão fazer algo comigo. Diga que se importa comigo e com ele… — digo apontando com a cabeça para o guarda-costas.

Os vidros pintados de preto da van não deixavam que víssemos para onde nós levaram, porém, eu sabia que ainda estávamos na cidade, já que não demorou muito para chegarmos no cativeiro deles.

Fomos tirados com violência, empurrados e chutados para andarmos rápido até a sala de uma fábrica abandonada.

Chegando lá tinha um cara esquisito nos esperando, ele tinha uma cicatriz enorme que cruzava seu rosto e nos lábios um sorriso que não me passava tranquilidade.

Ele acenou e um dos sequestradores jogou a senadora para ele e após, o mais rápido que imaginei, jogou eu e o guarda-costas no chão e começou o espancamento.

Recebemos chutes socos de todos os lados e só o que eu pude fazer foi proteger os meus órgãos vitais me encolhendo.

— Rick! Não! Parem com isso, parem de fazer isso! — a senadora grita.

— Parem! — o homem da cicatriz diz e eles param o espancamento — Se você quer proteger a vida dos seus funcionários, deve seguir todas as minhas ordens, senadora. Na próxima vez os meus parceiros podem não me ouvir pedir para parar.

— Tudo bem, não façam mais isso. Não matem eles. Eu sei que o alvo sou eu e eles não tem culpa. O que querem de mim? Dinheiro? Se pedirem um resgate com certeza os meus pais irão enviar o valor que pedirem.

— Ah, senadora…. Você tem razão, se pedirmos um resgate provavelmente seus pais pagariam o resgate, mas depois, eles não iriam nos deixar em paz até nos destruir. Eu sem bem que não é um bom negócio mexer com bilionários. Eu não quero um resgate, eu quero que você tire a sua própria vida e deixe uma carta de despedida para os seus queridos papais, para dar veracidade.

Me levantei, sentando no chão e cuspi um pouco de sangue e limpei com as costas de minha mão.

A senadora olhou para mim assustada e confusa, pois eu tinha a instruído aceitar a chantagem dos sequestradores. Nós Encaramos por alguns instantes e quase imperceptivelmente, acenei em positivo para ela.

Ela hesitou um pouco, e após.

— Ok, eu faço. Mas só se me der uma garantia que vai deixar meus funcionários vivos.

O cara da cicatriz sorriu e olhou para nós, e eu sabia que a intenção dele era nos matar. Eu não podia garantir a sobrevivência do guarda-costas, mas sabia que eu sairia dessa vivo. Eu não sou um assassino poderoso, e a maioria me conhece mais pelo nome do que pela minha aparência. Mas eu tenho alguém que cuida de mim, e ninguém vai querer mexer com o meu padrinho. Irritar ele é o mesmo que mexer com a alta cúpula da sociedade dos assassinos.

— Se ficarem calados, eu garanto que estarão em casa pela manhã. — o cara da cicatriz respondeu, mentindo para a senadora e lhe dando um papel de caderno, rasgado. — Escreva a carta de despedida, que estaremos combinados.

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