Capítulo 6

POV Rick

Continuei anotando todos os seus compromissos, da forma como me pedia, após ela foi logo me explicando as minhas funções, mostrando que ela não perdia tempo.

— E agora podemos almoçar! — ela diz, se levantando.

— Almoçar? No restaurante do outro lado? O Hortelã? — pergunto.

— Sim, como sabe?

— Bem, fica do outro lado da rua. Foi um chute.

— Tem vários do outro lado da rua, como sabe qual exatamente eu gosto de ir?

— Não sabia, mas agora eu sei que é seu favorito.

Na verdade eu sabia e acabei de deixar escapar isso. Ela ficou me olhando desconfiada e eu fiquei torcendo que acreditasse no que eu disse.

— Ok. Então vamos? — ela diz, jogando os cabelos para trás.

— Ah, eu… Obrigado pelo convite, mas comi um sanduíche antes de vir e não estou com fome.

É claro que esse não era o verdadeiro motivo, a razão é que eu não podia pagar a conta do restaurante. Até recebi pelo trabalho de ontem, mas… o valor já tinha um destino. Estava em uma situação que eu deveria pensar muito bem antes de gastar qualquer valor.

A senadora me observou por alguns instantes, com as sobrancelhas unidas, e após, ela disse:

— Se eu pagar a conta, não vai te fazer menos homem.

— O quê?! — me levanto imediatamente, não esperava que ela pensasse isso. Não, eu… não é isso que está pensando senadora.

— Se não é, então me acompanhe. E não se preocupe, a conta do restaurante vai direto para o meu cartão de crédito e você não irá passar vergonha caso as pessoas verem uma mulher pagando a conta para você.

Ela se virou e foi andando. Bufei, frustrado. Não entendo como estou falhando tanto nesse trabalho e não sei se vou conseguir conquistar a confiança dela se eu continuar assim.

Fomos para o restaurante e eu não conseguia relaxar, fiquei olhando para os lados, tentando identificar algum possível assassino. 

O garçom apareceu com a bebida e começou a encher o copo da senadora.

— Pare… — digo imediatamente, fazendo os dois me olhar com estranheza. — Teria como trazer uma garrafa fechada e lacrada? — peço ao garçom.

— Como assim, Rick?! — a senadora me pergunta, com uma expressão de confusão.

— Você é uma senadora, merece uma garrafa fechada e lacrada. Como sabe que não trocaram sua bebida por outra de menor qualidade?

— Eu sou cliente daqui ha muito tempo, não fariam isso comigo.

— Senadora, como seu secretário, eu devo cuidar dos seus interesses. Se você passar mal por algum motivo vou ter que refazer sua agenda. Essa é a verdade, não quero ter dois trabalhos. 

Ela sorri e relaxa, após acena para o garçom.

Assim que ele saiu ela disse:

— Você lembrou o meu pai agora.

— Seu pai? — fiquei um pouco desanimado de repente.

— É, e isso é um elogio.

Não sabia bem se era um elogio bom ou ruim. Mas enfim, eu só queria evitar que alguém infiltrado envenenasse a senadora. Apesar que uma garrafa lacrada não seria garantia que isso acontecesse.

Assim que o garçom chegou, peguei a garrafa da mão dele e disse que eu iria servir a senadora. Aproveitei para observar o líquido, se havia algo espumando por dentro. Não vi nada de suspeito e torcendo para que não tivesse mesmo, servi a senadora.

No dia seguinte, fui mais rápido, pedi ao restaurante o almoço da senadora, que eles entregassem no escritório, assim eu conseguia testar se havia alguma coisa.

Como estava limpo levei para ela. Fiquei aliviado ao ver que ela gostou, pois estava muito atarefada.

Eu sempre pensei que políticos não trabalhavam muito, mas a senadora estava me fazendo mudar de opinião.

Porém, eu não teria muito tempo para descobrir isso, pois eu não podia esperar muito para concluir o trabalho.

Entardecer e eu preparei um capuccino para ela, do jeito que ela gostava. E coloquei uma surpresinha dentro.

Capuccinos é uma das bebidas perfeitas para adicionar alguma coisa. Eles tem coloração escura e espumam por si próprios. O sabor é forte e disfarça o sabor  da droga.

Bem, foi o que pensei, até a senadora dizer após bebericar um pouco.

— O que você colocou no meu café? 

Tremi na hora, ao ouvi-la dizer e me encarando.

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