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Ele tinha-me visto! O meu coração pulou um batimento quando ele me perguntou se eu estava a gostar do que tinha visto. Dei um passo atrás, mas ele alcançou a porta e abriu-a de repente.

- O que pensas que estavas a fazer? - ele perguntou muito sério.- Agora espias-me?

- Estava só a ver se já estavas pronto.

- Não sou assim tão rápido, tinhas acabado de sair daqui. Podes arranjar outra desculpa?

- Vim espreitar se tinha ficado cicatriz no teu braço. - menti apontando para o braço onde ele se tinha aleijado recentemente. Xiang olhou para o braço e franziu o sobrolho desconfiado.

- Isso interessa-te desde quando?

"Desde sempre", pensei.

- Foste o primeiro que eu costurei, queria saber se tinha ficado bem feito. Apenas isso.

- Porque é que não me perguntaste? - ele ainda estava desconfiado.

- Não somos propriamente amigos... - respondi virando costas para me ir embora deixando ele especado á porta do quarto.

Com o coração aos pulos desci as escadas para a sala onde já estavam os convidados de Xiang e do meu pai, os amigos de Xiang eram todos meus conhecidos, mas eu dáva-me muito pouco com eles, eu preferia estar no  meu canto sem que me chateassem.

- Grande festa meu! - disse-me Sheng mal me viu chegar. Ele era o melhor amigo de Xiang e era a pessoa a agradar se eu quisesse saber todos os podres do meu irmão.

- A minha mãe adora caprichar em tudo o que organiza. - respondi. Sentei-me no sofá e um garçon de imediato me veio trazer uma taça de champanhe rosé, o favorito de Xiang. Peguei numa taça e bebi de uma vez, pegando noutra de seguida: eu tinha de me acalmar, aquela noite definitivamente estava a ser uma surpresa para mim.

Sheng sentou-se ao meu lado e tirou-me a taça de champanhe da mão.

- Vais ficar bêbado antes que ele desça por este andar. - ele bebeu o champanhe e fez sinal ao garçon para que viesse recolher a taça.

- Preciso de me acalmar. - respondi irritado a olhar para ver qual era o garçon que estava mais perto ou se eu conseguia roubar alguma garrafa da área onde eles abasteciam as taças, mas Sheng não se calava.

- Ele já deve estar a descer, enviei-lhe uma mensagem á pouco e ele disse que estava só a resolver umas coisas e já vinha.Mas conta-me lá, estás irritado porquê?

- Estás a querer saber demais.- respondi entredentes. Min estava a passar na sala lado a lado com o meu pai e eu vi nesse momento a chance perfeita para me livrar dele. Levantei-me de repente e fui ter com eles.

- Já viste? - perguntou-me Hao, o meu pai.

- O quê? - vi passar o garçon com a bandeja e chamei-o, peguei numa taça de champanhe sob o olhar atento de Sheng e brindei-lhe piscando-lhe o olho.

- O arranjo que a tua mãe fez. As prendas estão ali ao canto, mas a tua é a primeira que ele vai abrir e eu quero que sejas tua a dar-lhe para ele abrir. - ele disse-me com um sorriso de pura felicidade. Para ele, naquela noite os filhos iam fazer as pazes e serem finalmente os irmãos unidos que ele tanto queria. Eu não lhe respondi. Não conseguia, não queria ter de lhe responder sobre uma coisa que para mim nunca tinha feito sentido. Porque é que eu tinha de ser irmão do homem que amava?

Não tardou até que Xiang descesse. Ele estava a usar a roupa que eu tinha escolhido, nada de muito chique, era uma roupa que um nerd como ele ia sempre achar confortável. Shen mal o viu descer foi até ele para lhe dar um abraço forte, eles sim, poderiam ser como irmãos que eu não me importava.

Min foi ter com eles para poder abraçar Xiang e Hao a mesma coisa: nós éramos a família maravilha que todos os convidados admiravam. Eu peguei em mais uma taça de champanhe enquanto observava a família feliz e ri para mim mesmo: como é que eles iam reagir se soubessem que eu sonhava com o dia em que ia conseguir ter Xiang na minha cama? Soltei uma gargalhada chamando á atenção deles, por isso virei costas e fui para o pé do Dj que já passava as músicas favoritas do aniversariante.

- Não gostas das músicas? - disse-me ele quando deixou a mesa de mistura de lado um pouco e veio sentar-se á borda do palco onde eu me tinha sentado.

- Não são para mim. - respondi bebendo mais champanhe. Ele olhou para mim e riu,pegou no meu copo de champanhe e bebeu o resto.

- Eu sei o que é isso. - disse-me seguindo o meu olhar que estava focado em Xiang. -  Deve ser difícil estar na tua sitiuação.

- Qual situação? - perguntei de imediato na defensiva.

- Gostares do teu irmão. - explicou enquanto se levantava e subia novamente para assumir a mesa de mistura. Eu ri, ri como já não me ria á imenso tempo. Se ele, um mero Dj tinha percebido que eu gostava dele, como é que o meu próprio irmão ainda não tinha dado por isso?! Era só ridiculo.

- Pessoal está quase na hora de cantar parabéns! - gritou Hao erguendo um copo de champanhe. Xiang estava ocupado com os amigos, sem sequer prestar atenção em mim e eu estava a ficar cada vez mais chateado por causa disso, aquela festa não era para mim.

Pousei o copo de champanhe e passei pela família feliz de cabeça baixa, não queria que dessem pela minha ausência, só queria trancar-me no meu quarto e acordar no dia seguinte, mas quando ia a passar por eles Xiang agarrou-se a mim, como se fosse a coisa mais natural do mundo falando-me ao ouvido.

- Quero a minha prenda agora. - ele disse-me tão baixo, que tive de me esforçar para ouvir.

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