No dia em que Hannah nos foi apresentada, Hao teve antes uma conversa connosco. Ela era uma peça importante na futura vida politica dele e era essencial ter o apoio do pai dela quando ele entrasse nesse mundo,por isso um de nós teria de ser "amigo" dela. Na altura bastou olhar para a cara do Dei para perceber que ele nem ia conseguir dizer-lhe " bom dia" sem a querer esganar, por isso com o passar do tempo fui-me aproximando dela e acabei por ter uma surpresa agradável.
Começámos a namorar pouco tempo depois de nos termos conhecido. Para as nossas famílias nós éramos inseparáveis, mas na realidade não passava de uma fachada,pois Hannah tinha namorada. Erika era uma estudante de erasmus que na altura vivia em casa dela, para toda a gente elas eram as melhores amigas, mas era muito mais do que isso. Por isso, no dia em que eu a pedi em namoro ela acabou por me explicar o que se passava.
* O meu pai nunca me vai conseguir aceitar como lésbica. A Erika daqui dois anos vai voltar para casa e eu vou com ela. Os pais dela estão dispostos a nos ajudar assim que lá chegarmos. Até lá só tenho de fazer a vontade ao meu pai e "namorar" contigo".- ela disse-me de cabeça baixa um dia no jardim da casa dela.
Será que eu lhe podia contar o meu segredo? Ela tinha-me contado o dela...
* Estamos no mesmo barco. - eu disse-lhe quando lhe levantei a cabeça com a minha mão. - Ninguém vai poder saber o que se passa na realidade. Podes contar à Erika para ela nos dar cobertura e eu a vocês quando precisarem, mas do meu lado Ninguém pode saber. O Dei não pode saber.
Ela acentiu com a cabeça e abraçou-se em mim em modo de agradecimento. Se eu tinha de fazer mesmo aquilo eu tinha de ser convincente, por isso todos os dias eu mostrava a quem quisesse ver que eu era um namorado dedicado que fazia de tudo para agradar a pessoa ao meu lado.
Em casa, a minha relação com o Dei voltou aos poucos a ser a mesma: ele mal me falava e quando falava era para me criticar. Estava perfeito assim.
Mas o que eu não sabia era que a inveja era um sentimento muito contraditório: todos os dia eu via Erika e Hannah, elas eram um casal maravilhosas, amavam-se genuinamente. Além de serem as melhores amigas eram unidas, ajudavam-se uma á outra. Eu não as ouvia discutir e eu queria isso. Eu queria Dei para mim, precisava de o ter ao meu lado, mas não como meu irmão. Aos poucos aquela missão de fazer-me passar por namorado da Hannah começou a perder o sentido ao mesmo tempo que eu comecei a perder o meu rumo.
Comecei a faltar às aulas, pois não me queria cruzar com elas e ver aquela felicidade escondida delas, eu não queria mostrar-lhes que eu estava a ser invejoso,egoísta, o que fosse. Mal parava em casa para não ter de me cruzar com Dei que mal me via fechava-se no quarto dele e só saía quando eu já não estava em casa. Aquilo eram ciúmes?Hoje quando penso nisso percebo finalmente que aquelas birras que ele fazia eram afinal cenas de ciúmes, um pedido de atenção que eu nunca lhe pude dar.
A razão pela qual eu nunca fui muito chegado a Min, era porque ela sabia ler-me como se nada fosse. Eu mal estava ao pé dela ela via no meu olhar o meu sofrimento, a minha angústia e eu não podia mostrar isso a ninguém excepto a Hannah, que era a única pessoa que sabia do meu segredo (pelo menos eu assim o pensava).
Um dia estava eu sentado à mesa a tomar o pequeno almoço com os meus pais e Dei, quando Min, que naquele dia tinha escolhido ficar ao meu lado pôs a mão dela em cima da minha e falou baixo para só eu perceber.
- Se é um fardo assim tão grande podes parar...- eu olhei para ela incrédulo e ela acentiu com a cabeça fazendo-me uma carícia no rosto, algo que era raro acontecer, mas isso fez-me suspirar de alívio. Sabem aquele alívio que nos tira quilos de cima e que ao mesmo tempo nos faz desmoronar? Foi isso. Ela tinha o poder de deitar as minhas defesas abaixo e fazer-me ficar indefeso quando eu menos esperava. Afinal ela era a minha mãe.
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Atualizado até capítulo 60
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