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Ainda em choque saí do jardim e voltei a entrar em casa. Min falava com alguém ao telemóvel e estava deveras animada. Mal me viu despediu-se da pessoa e chamou-me para perto dela.

- Já arranjei DJ para a festa de aniversário do Xiang!- ela disse entusiasmada.- Uma amiga minha tem uma empresa de entretenimento e tem pessoas que passam música. Passei a ela a pasta do evento...!

- Aniversário do Xiang. - disse na tentativa de acordar do pesadelo onde eu tinha estado metido até à segundos atrás. - Ainda bem que arranjaste, confesso que tinha esquecido que já estava a chegar a data...- menti tentando parecer desinteressado, mas naquele momento a unica coisa que eu queria era poder sair dali e ir para o meu quarto.

- Caramba! Que falta de interesse! Já pareces o teu irmão! Passou por mim apressado à pouco, parecia que ia resolver alguma coisa importante, nem me deu importância!- ela reclamou cruzando os braços chateada por não ligarmos a essas datas.

- Mãe, tu sabes que eu vou acabar por ajudar. Faço o mesmo todos os anos...- disse-lhe distanciando-me a caminho das escadas que me levavam para o meu quarto.

Entrei no meu quarto e a primeira coisa que fiz foi trancar a porta do meu quarto. Deitei-me na cama de barriga para baixo e enterrei a cara na minha almofada para poder gritar,chorar, o que fosse sem que a minha mãe viesse a saber o que se estava a passar. O que é que tinha acontecido para Xiang ter-me feito aquilo? Será que ele pensava que eu queria o lugar dele na empresa dos nossos pais? Eu apenas o queria ajudar, queria estar ao lado dele para o poder ajudar, mas aquele idiota não tinha percebido isso! Bati com o punho fechado na minha almofada vezes sem conta, estava a doer demasiado saber que ele estava a ser assim comigo quando na noite passada eu o tinha ajudado quando ele me tinha pedido ajuda. Ele era ingrato. Demasiado ingrato . Como é que eu podia gostar dele?! Senti ódio de mim mesmo por momentos, e as lágrimas começaram a cair...Eu não queria chorar, ele não valia a pena, era disso que eu tinha de me convencer, mas o problema é que eu sabia que me estava a tentar enganar sem sucesso.

O meu telemóvel vibrou e vi aparecer o nome de Xiang. Peguei nele e abri a mensagem enquanto limpava as lágrimas que teimavam em não parar de cair.

" Não me posso responsabilizar por ti. Posso arriscar a minha vida para tratar dos negócios do pai, mas não quero ter de arriscar a tua."

Li a mensagem e tornei a reler. Aquilo era um pedido de desculpas? O que significava aquilo? Ele estava preocupado com a minha segurança?

Fiquei parado com o telemóvel na mão a olhar para o que ele tinha escrito, e o que aquilo significava, mas acabei por desistir: eu nunca ia saber o que se passava na cabeça dele por mais que eu tentasse.

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