Capítulo 20

Ilán caminhava apressadamente, carregando Gio em seus braços, ignorando por completo os gritos de Damon que o chamavam. O único que queria naquele momento era afastar seu filho do desastre que acabara de presenciar no escritório de seu esposo. O ar ao seu redor ainda estava impregnado com o aroma das feromonas, uma mistura entre a tensão amarga de Damon e o doce e sedutor cheiro de Juan. Tudo lhe dava náuseas.

"Nunca mudarás, Damon. És um bastardo e o serás para sempre" pensava Ilán, enquanto continha a raiva que fervilhava em seu peito. Sabia que não podia perder o controle diante de Gio.

Gio, que já havia sido colocado no chão pelos braços de seu pai, puxava sua mão insistentemente enquanto entravam no elevador.

—Por que estamos indo embora, pai? Quero ver o papai— disse Gio, com a inocência de uma criança que não compreendia a gravidade do que havia ocorrido.

Ilán respirou fundo, controlando as emoções que ameaçavam transbordar.

—Mais tarde você verá seu papai, bebê. Agora ele está ocupado— respondeu com uma calma que lhe custava manter, sua voz apenas um sussurro enquanto acariciava a cabeça de seu filho.

Gio assentiu com resignação, embora o desânimo se refletisse em seu rosto. Ilán, vendo que seu pequeno aceitava sua explicação sem mais que uma pequena careta, tentou sorrir. Mas esse sorriso mal havia surgido em seus lábios quando as portas do elevador se abriram, revelando a imponente figura de Damon os esperando do outro lado.

—Papai!— gritou Gio animado, saindo disparado do elevador para abraçar seu pai.

Ilán, embora quisesse evitar a todo custo qualquer tipo de interação com Damon, não teve escolha senão sair também. Eles estavam no térreo, exatamente na saída do prédio, e não havia maneira de escapar da situação.

Damon havia se arranjado para descer antes deles usando o elevador privado. Agora estava de pé diante dele, com aquele sorriso que fazia seu estômago se revirar. O aroma de suas feromonas alfa enchia o ar, uma mistura de remorso e possessividade que só piorava as coisas.

—Olá, campeão— Damon acariciou o cabelo de Gio antes de levantá-lo nos braços. O menino se agarrou ao seu pescoço, sorrindo feliz, alheio à tensão que flutuava no ambiente. —O que faz meu pequenino aqui?

Era raro que Ilán e Gio o visitassem no escritório. Damon sabia que algo não estava certo, especialmente com a inesperada aparição de Juan em seu gabinete.

—Gio queria almoçar com você— disse Ilán, com a voz tensa, olhando para outro lado. —Então eu o trouxe aqui.

Damon desviou seu olhar de Ilán para Gio, tentando que o peso da situação não o esmagasse. Apesar de tudo, tentava manter a compostura diante de seu filho.

—Claro que almoçaremos juntos. O que você gostaria de comer, campeão?— perguntou Damon, caminhando em direção ao seu carro enquanto carregava Gio.

Ilán, embora não quisesse, teve que segui-los. Não podia simplesmente afastar seu filho de Damon sem causar mais problemas. Sua mente estava submersa em uma tempestade de pensamentos, querendo gritar para seu esposo, mas sabendo que não podia fazer isso na frente de Gio.

Quando Damon abriu a porta do carro e acomodou Gio em seu assento, Zack apareceu correndo, ofegante de cansaço.

—Desculpa, senhor. Não sabia que Ilán e o pequeno tinham vindo— disse Zack, claramente nervoso. Ele tinha se ausentado para ir ao banheiro justo quando Ilán e Gio tinham entrado no escritório, e quando voltou, encontrou Juan furioso, disposto a segui-los. Zack havia conseguido interceptá-lo antes que causasse mais problemas.

—Não se preocupe— respondeu Damon, com um tom sério enquanto olhava para seu assistente. —Cuide de Juan. Não quero que ele incomode minha família novamente— ordenou, com suas feromonas alfa transmitindo uma autoridade indiscutível.

—Sim, senhor— Zack inclinou a cabeça e se retirou rapidamente para cumprir a ordem.

Damon entrou no carro e dirigiu para o restaurante favorito de Gio, um lugar de comida rápida que o menino adorava. Durante todo o trajeto, Ilán permaneceu em silêncio, respondendo ocasionalmente às perguntas de Gio, mas ignorando completamente Damon.

Quando chegaram ao restaurante, a tensão entre Damon e Ilán era palpável. Até mesmo Gio, apesar de sua inocência, parecia notá-la, embora a atribuísse à concentração de seus pais. Após pedirem a comida, enquanto Gio brincava com seus brinquedos na mesa, Damon finalmente quebrou o silêncio.

—Ilán, não me interprete mal. O que aconteceu antes não é o que você pensa— tentou Damon, com a voz baixa, como se temesse despertar a tempestade que já sabia estar prestes a se desencadear.

Ilán, incapaz de suportar mais a situação, o interrompeu, sua voz carregada de emoções contidas.

—Por que, Damon? Por que não me disse que continuava se encontrando com Juan?— Seu tom era firme, mas mantido sob controle por respeito a Gio, que estava distraído brincando. —Se você me tivesse dito desde o início, eu nunca teria aceito casar com você novamente— acrescentou, seus olhos brilhando com furia contida.

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