Capítulo 18

— Eu já te disse, concentra-te em cuidar e acompanhar o Gio. Deixa que outros tomem conta da pastelaria! — rosnou Damon, pronto para sair para o trabalho depois de passar um tempo brincando com o filho.

O alfa estava visivelmente tenso, seu aroma impregnava o quarto com uma mistura de autoridade e frustração. Só queria que Ilán, seu ômega, passasse mais tempo com Gio para que seu filho não se sentisse tão sozinho, como havia expressado pela manhã.

— Não, Damon — respondeu Ilán, com firmeza. — Não posso confiar a pastelaria a outra pessoa.

A fragrância doce e obstinada dos feromônios de Ilán pairava no ar, como uma declaração silenciosa de sua resolução. Damon franziu a testa, seus olhos brilhando de raiva.

— Você é tão egoísta! — explodiu Damon, sua voz se tornando mais áspera, carregada de uma raiva contida. — Você não consegue distinguir o que é mais importante na sua vida! Lembre-se que a saúde do Gio é a prioridade! Se algo acontecer ao meu filho, a culpa será só sua!

Damon se virou, pronto para ir embora, deixando que suas palavras caíssem como um martelo sobre Ilán. O ômega cerrou os punhos, tremendo de raiva enquanto seus olhos se enchiam de um brilho perigoso.

— Espere! — gritou Ilán, conseguindo detê-lo pelo braço. — Está dizendo que sou egoísta? Como pode falar assim? Sabe que a pastelaria é meu único meio de sustento?! Se confiar o negócio a outra pessoa e o perder, do que vamos comer?

Damon girou lentamente, seu olhar intenso capturou o de Ilán. O ar entre eles se carregou de tensão quando Damon respondeu com voz grave e autoritária.

— De mim. — A simples resposta de Damon ecoou no quarto. — Ilán, somos casados. Tudo o que você precisar, o que o Gio precisar, é minha responsabilidade.

O ômega balançou a cabeça negativamente, sua expressão cheia de dor e frustração.

— Sim, por enquanto. Mas, e quando nos separarmos? — disse Ilán, com um tom que misturava amargura e resignação.

Damon permaneceu em silêncio por um momento, e então, com um gesto inesperado de ternura, tocou suavemente a bochecha de Ilán, seus feromônios se acalmando enquanto tentava suavizar o ambiente.

— Não precisa haver uma separação — murmurou Damon, com uma voz que, por um breve instante, deixou transparecer a vulnerabilidade que tentava ocultar. — Me dê uma chance, só uma, para que este casamento funcione. Pelo Gio, pela felicidade dele.

Ele tomou as mãos de Ilán entre as suas, seus olhos implorando por algo mais do que uma simples trégua. Mas o ômega afastou as mãos bruscamente, sua expressão fechada, seus lábios tremendo com palavras que eram como adagas.

— Não! — disse Ilán com uma fria resolução, balançando a cabeça. — Não posso, Damon. Para mim, este casamento só existe para curar o Gio. Não há mais nada.

A rejeição foi tão direta e certeira que deixou Damon paralisado. Ilán, sem dizer mais nada, se virou e saiu do quarto sem olhar para trás, deixando Damon no meio de um vazio que não sabia como preencher.

Ilán caminhou rapidamente em direção ao quarto de Gio, seus passos leves sobre o chão de madeira. Ao chegar, viu-o sentado, concentrado em colorir com a ajuda de sua cuidadora.

" Eu sou realmente egoísta? " se perguntou em silêncio, seus olhos se enchendo de incerteza enquanto observava seu pequeno.

Sabia que Damon tinha razão de certa forma, talvez devesse confiar a pastelaria a alguém de confiança para poder passar mais tempo com Gio. Mas no que dizia respeito à oportunidade de salvar seu casamento, Ilán não podia ceder. As cicatrizes do passado eram muito profundas, as feridas que Damon havia deixado em seu coração não podiam ser curadas com palavras. O amor que um dia sentira, agora não passava de cinzas dispersas.

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— Eu mandei você fazer direito! — gritou Damon, jogando um monte de papéis sobre a mesa do assustado funcionário de finanças.

O ambiente no escritório estava carregado de uma tensão sufocante. Os feromônios de Damon inundavam o espaço, intensos e dominantes, um reflexo claro de sua irritação.

— S-sim, senhor, me desculpe... — murmurou o funcionário, tremendo sob o olhar furioso de seu chefe.

— O que está esperando? Fora daqui! — gritou Damon, sua voz grave ecoando na sala.

O funcionário saiu correndo quase tropeçando, deixando para trás um rastro de medo palpável. Assim que a porta se fechou, o silêncio voltou a reinar no escritório, quebrado apenas pelo som de Damon expirando pesadamente, esfregando o rosto com as mãos, como se tentasse afastar a raiva que o consumia.

Zack, seu braço direito, observava do canto, sua expressão preocupada. Sabia que Damon não estava irritado apenas com o trabalho. Havia algo mais, algo que o corroía por dentro.

— O que está acontecendo, senhor? — perguntou Zack com cautela, se aproximando um pouco. — Está mais irritado do que o normal.

Damon suspirou profundamente, seus ombros tensos, antes de se deixar cair na cadeira. Seus olhos se ergueram para o teto, como se as respostas para seus problemas estivessem escritas em algum lugar entre as luzes do escritório.

— Não sei como lidar com o Ilán — confessou Damon, sua voz baixa, quase resignada. — O ódio que ele sente por mim parece estar enraizado em sua alma. Não importa o que eu faça, sempre há uma barreira, uma parede que não consigo derrubar.

Os feromônios de Damon se tornaram mais pesados, uma mistura amarga de frustração e tristeza. Zack, embora não soubesse muito sobre assuntos do coração, entendia que seu chefe estava preso em uma tempestade emocional que não podia controlar. Permaneceu em silêncio, respeitando o momento, sem saber o que dizer.

Zack observava com atenção, se perguntando como um alfa tão forte como Damon podia parecer tão vulnerável. Sabia que as feridas de seu casamento não eram fáceis de curar, mas também sabia que Damon não era do tipo que desistia. O desafio diante dele era maior do que qualquer negociação ou empresa que já havia administrado antes.

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